Quando foram convidados para debater o Tropicalismo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da USP, a FAU, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Torquato Neto nem suspeitaram do que estava por vir. Mas, naquele dia 6 de junho de 68, quando chegaram ao auditório da faculdade sob o som de vaias e estouros de bombinhas pressentiram a armadilha que havia sido preparada para provocá-los e agredi-los.
Logo na entrada, os estudantes distribuíam um panfleto com um texto de Augusto Boal intitulado “Chacrinha e Dercy de Sapato Branco”, com pesadas críticas aos tropicalistas. Daí já dava para perceber o clima de animosidade que pairava no ar. E para completar o cenário de guerra que fora armado, os organizadores ainda escalaram dois ferrenhos opositores do movimento tropicalista, o compositor Maranhão
e o jornalista Chico de Assis. Para contrapor e equilibrar o debate, Guilherme Araújo percebendo a saia justa em que se encontravam, convidou mais dois tropicalistas de peso para engrossar o time dos convidados, os poetas concretos Augusto de Campos e Décio Pignatari.
Augusto abriu o debate falando que as incursões tropicalistas de Gil e Caetano eram uma verdadeira revolução contra o medo. Pignatari falou na sequência, mas a platéia estava nitidamente agitada. O estopim da revolta entre o público presente aconteceu quando Gil argumentou que não foram eles que fizeram da música deles mercadoria, mas que ela só penetra quando é vendida. A confusão chegou ao ápice quando Caetano citou Chacrinha. Esta foi a senha para que a platéia, enraivecida além de vaiar e estourar bombinhas atirasse bananas sobre eles. Mesmo debaixo da chuva de insultos, Pignatari não se intimidou, levantou e sozinho vaiou aquela platéia enfurecida.
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