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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

BIOGRAFIA DESFAZ MITOS SOBRE DOLORES DURAN, MORTA AOS 29 ANOS

Nara Leão, 47 anos. Carmen Miranda, 46. Clara Nunes, 41. Maysa, 40. Cássia Eller, 39. Elis Regina, 36. Sylvia Telles, 32. Dolores Duran, 29. 

Por Lucas Nobile


Por fatalidades e trajetórias conturbadas, as vidas dessas cantoras - muitas delas no auge do sucesso - foram interrompidas abruptamente.

Das intérpretes citadas, Dolores Duran (1930-1959) era uma das poucas a não ter uma biografia em um livro de fôlego que repassasse toda a sua história. Agora tem.

Em São Paulo, o livro é lançado no dia 12, com show de Cauby Peixoto, Angela Maria, Inezita Barroso, entre outros.Escrita pelo jornalista e produtor Rodrigo Faour, 40, "Dolores Duran - A Noite e as Canções de uma Mulher Fascinante" chega às livrarias nesta semana e tem lançamento no Rio hoje, dia 8 de novembro.

Em mais de 500 páginas - 48 delas dedicadas a fotos, muitas das quais raras - a meteórica vida da cantora e compositora é esmiuçada. O livro repara injustiças históricas, ressaltando que, apesar de ter escrito uma série de letras sofridas, Dolores Duran era alegre, divertida e contadora de piadas.

Faour - que levantou para a obra toda a discografia de Dolores, além de suas composições e regravações de seus temas - afirma que, "entre as mulheres, ela foi a compositora mais gravada da música brasileira". "A Dolores teve mais música regravada do que a Rita Lee", diz.

A biografia traz diversas histórias saborosas, contextualizando, com trechos de jornais dos anos 1950, a época em que Dolores brilhou.




Passe Livre

A relação profissional do autor com Dolores começou em 2010, quando ele organizou a caixa "Os Anos Dourados de Dolores Duran" (EMI).

"Coletei uma série de depoimentos. Sentei para escrever o encarte e, quando me dei conta, já tinha mais de 20 laudas. Mostrei para minha mãe, e ela disse: 'Você está louco? Vai colocar isso numa caixa? Isso dá um livro!'"

No passo seguinte, Faour recebeu autorização dos familiares de Dolores - a irmã, Denise Duran, e a filha adotiva e única herdeira da cantora, Maria Fernanda Virgínia da Rocha Macedo - para tratar não só da vida artística, mas também da vida pessoal da biografada.

Em 16 capítulos, o livro conta desde as origens de Adiléia Silva da Rocha, a Dolores, até sua morte, após um infarto, em 1959.

Conta o que pouco se sabia sobre a artista até então. O nascimento no bairro pobre da Saúde, no Rio, as mudanças de residência - morou em dez endereços diferentes até os 18 anos -, as vitórias em programas de calouros, a assinatura de contrato na rádio Nacional, aos 19 anos, entre diversas outras passagens de uma vida curta, mas intensa.


Além de tocar em aspectos íntimos e pessoais da trajetória de Dolores - como os excessos boêmios para uma pessoa cardíaca, os diversos relacionamentos que ela teve, principalmente com músicos como João Donato, Billy Blanco e Paulo Moura -, o livro ressalta, antes de tudo, a importância musical da artista.

Em um país acostumado à fartura de intérpretes femininas, Dolores escreveu seu nome na história também como compositora talentosa.

Foram menos de 40 composições, mas o suficiente para imortalizar clássicos do cancioneiro nacional.

Os mais conhecidos, em parceria com Tom Jobim, como "Estrada do Sol" e "Por Causa de Você". Sem falar em seu maior sucesso, "A Noite do Meu Bem" (composto apenas por ela), além de outros temas como "Ideias Erradas", "Castigo" e "Solidão".

"Só consigo compará-la ao Noel [Rosa], em termos de genialidade e vivência. O que dizer de uma pessoa que estudou até a 5ª série, que cantava em diversos idiomas, era autodidata, intelectual, politizada e que convivia em um ambiente machista e falava o que pensava?", diz Faour.

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