Nara Leão, 47 anos. Carmen Miranda, 46. Clara Nunes, 41. Maysa, 40. Cássia Eller, 39. Elis Regina, 36. Sylvia Telles, 32. Dolores Duran, 29.
Por fatalidades e trajetórias conturbadas, as vidas dessas cantoras - muitas delas no auge do sucesso - foram interrompidas abruptamente.
Das intérpretes citadas, Dolores Duran (1930-1959) era uma das poucas a não ter uma biografia em um livro de fôlego que repassasse toda a sua história. Agora tem.
Em São Paulo, o livro é lançado no dia 12, com show de Cauby Peixoto, Angela Maria, Inezita Barroso, entre outros.Escrita pelo jornalista e produtor Rodrigo Faour, 40, "Dolores Duran - A Noite e as Canções de uma Mulher Fascinante" chega às livrarias nesta semana e tem lançamento no Rio hoje, dia 8 de novembro.
Em mais de 500 páginas - 48 delas dedicadas a fotos, muitas das quais raras - a meteórica vida da cantora e compositora é esmiuçada. O livro repara injustiças históricas, ressaltando que, apesar de ter escrito uma série de letras sofridas, Dolores Duran era alegre, divertida e contadora de piadas.
Faour - que levantou para a obra toda a discografia de Dolores, além de suas composições e regravações de seus temas - afirma que, "entre as mulheres, ela foi a compositora mais gravada da música brasileira". "A Dolores teve mais música regravada do que a Rita Lee", diz.
A biografia traz diversas histórias saborosas, contextualizando, com trechos de jornais dos anos 1950, a época em que Dolores brilhou.
Passe Livre
A relação profissional do autor com Dolores começou em 2010, quando ele organizou a caixa "Os Anos Dourados de Dolores Duran" (EMI).
"Coletei uma série de depoimentos. Sentei para escrever o encarte e, quando me dei conta, já tinha mais de 20 laudas. Mostrei para minha mãe, e ela disse: 'Você está louco? Vai colocar isso numa caixa? Isso dá um livro!'"
No passo seguinte, Faour recebeu autorização dos familiares de Dolores - a irmã, Denise Duran, e a filha adotiva e única herdeira da cantora, Maria Fernanda Virgínia da Rocha Macedo - para tratar não só da vida artística, mas também da vida pessoal da biografada.
Em 16 capítulos, o livro conta desde as origens de Adiléia Silva da Rocha, a Dolores, até sua morte, após um infarto, em 1959.
Conta o que pouco se sabia sobre a artista até então. O nascimento no bairro pobre da Saúde, no Rio, as mudanças de residência - morou em dez endereços diferentes até os 18 anos -, as vitórias em programas de calouros, a assinatura de contrato na rádio Nacional, aos 19 anos, entre diversas outras passagens de uma vida curta, mas intensa.
Além de tocar em aspectos íntimos e pessoais da trajetória de Dolores - como os excessos boêmios para uma pessoa cardíaca, os diversos relacionamentos que ela teve, principalmente com músicos como João Donato, Billy Blanco e Paulo Moura -, o livro ressalta, antes de tudo, a importância musical da artista.
Em um país acostumado à fartura de intérpretes femininas, Dolores escreveu seu nome na história também como compositora talentosa.
Foram menos de 40 composições, mas o suficiente para imortalizar clássicos do cancioneiro nacional.
Os mais conhecidos, em parceria com Tom Jobim, como "Estrada do Sol" e "Por Causa de Você". Sem falar em seu maior sucesso, "A Noite do Meu Bem" (composto apenas por ela), além de outros temas como "Ideias Erradas", "Castigo" e "Solidão".
"Só consigo compará-la ao Noel [Rosa], em termos de genialidade e vivência. O que dizer de uma pessoa que estudou até a 5ª série, que cantava em diversos idiomas, era autodidata, intelectual, politizada e que convivia em um ambiente machista e falava o que pensava?", diz Faour.
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