Por Bruno Negromonte
Desde as primeiras homenagens ao nosso saudoso Rei do baião que eu tenho visto as coisas se deturparem de tal modo, que nem sei se de fato algumas coisas podem ser realmente consideradas como homenagens ou afronto a memória do tom maior da música da nossa música nordestina. Do litoral ao sertão o que acabei observando foram deturpações diversas nas grades de programação dos principais polos culturais do período, passando “gatos por lebres” dos mais diversos tamanhos para a grande massa. Dentre as cidades, que se destacam como principais, nas festividades juninas cito alguns exemplos da programação. Em Petrolina, torrão natal de Geraldo Azevedo, o que se viu nos palcos da cidade foram nomes como César Menotti e Fabiano e Paula Fernandes; em Arcoverde houve atrações como Calypso; Já em Carpina, cujo polo levou o título de “Marinês e sua gente”, teve em seu palco nomes como Belo e Alexandre Pires.
E as coisas não param por aí… mapeando o “show de horrores” Gravatá trouxe Guilherme e Santiago entre outros e Limoeiro veio com Bruno e Marrone. E para fechar com chaves de ouro estiveram presentes no principal palco de Caruaru Michel Teló e Garota Safada (encerrando as festividades juninas da maior vitrine turística, referente ao são João, do nosso estado). Muita ingratidão à memória daquele que soube cantar como ninguém, em verso e prosa, as agruras, belezas e atrativos dessas regiões as trazendo do anonimato para o reconhecimento nacional. Porém não é de se estranhar que em ano eleitoral isso venha a acontecer…
Essa análise me lembrou uma passagem protagonizada pelo próprio Luiz Gonzaga, que por volta de 1985, quando questionado para dar a sua opinião acerca do que achava sobre a música atual. O velho Lua respondeu: "Eu não acho nada… quer dizer, na verdade eu até procuro, mas não acho música…".
Fiquei agora me questionando se ele tivesse vivo e presenciasse tudo o que tem acontecido atualmente em nossa música… principalmente se tratando em reverência ao nome dele em seu centenário.
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