Um jeito estúpido de te amar é uma canção que literalmente saiu do lixo para entrar na história. Isso porque a compositora Isolda jogou fora a primeira versão da letra e depois ela mesma acabou resgatando do lixo os versos que mais tarde ganhariam as vozes de Roberto Carlos, Maria Bethânia e outros cantores.
Tudo começou numa fria noite de junho de 1976. Na época, Isolda morava em Curitiba, estava grávida do segundo filho e seu casamento caminhava irremediavelmente para o fim, antes mesmo de completar quatro anos. Durante mais uma violenta briga com o marido, ela disse-lhe
algumas palavras muito duras, difíceis para um homem ouvir de uma mulher. "Depois fiquei superarrependida e fiz uma carta pra ele, na qual me desculpava pela forma estúpida como o tratei", lembra Isolda, que tentou transformar o conteúdo da carta numa letra de música. Mas ela achou o resultado muito ruim e irritada jogou a folha no lixo, até porque o marido não ficou sensibilizado com as palavras da carta nem aceitou o pedido de desculpas.
No dia seguinte, seu irmão Milton Carlos foi visitá-la e perguntou se ela tinha alguma ideia nova de canção para mostrar. "Fiz uma letra ontem, mas joguei fora. Era um desabafo porque estava superchateada, mas não tem valor nenhum." O irmão insistiu em ver o texto e ela acabou indo pegar a folha amassada na lata do lixo. "É, realmente não está lá grande coisa, mas de maneira alguma é para se jogar fora. Deixa isso aqui comigo que vou dar uma arrumada nos versos", disse Milton Carlos, que dobrou o papel, colocou-o no bolso e levou para São Paulo. Dias depois, telefonou para Isolda dizendo que tinha concluído uma nova canção, Um jeito estúpido de te amar, e cantou para ela: "Eu sei que eu tenho um jeito/ meio estúpido de ser/ e de dizer coisas que podem magoar e te ofender/ mas cada um tem o seu jeito todo próprio de amar/ e de se defender...".
Isolda se surpreendeu com o resultado final e animada ainda sugeriu: "Que tal a gente mandar esta música para Roberto gravar?".
Nenhum comentário:
Postar um comentário