Patricia Talem, a cantora brasileira que logo em seu disco de estreia teve duas indicações para
o Press Awards, o prêmio mais importante da música brasileira no exterior, lança agora no Brasil seu segundo álbum.
Por Bruno Negromonte
Apresentada ao público do Musicaria Brasil recentemente com a matéria "PATRÍCIA TALEM VEM COM OLHOS QUE ENXERGAM MUITO ALÉM DO CONVENCIONAL" (http://musicariabrasil.blogspot.com/2011/05/patricia-talem-vem-com-olhos-que.html), a cantora paulista que tem uma carreira muito bem conceituada e uma ótima aceitação tanto do público quanto da crítica no exterior, Patricia Talem concedeu esta entrevista exclusiva para o nosso espaço e contou, entre outras coisas, sobre a curiosa estória do fã do myspace que escreveu uma canção para ela e que acabou sendo gravada em seu álbum.
A introdução musical em sua vida só veio a acontecer com as aulas de piano e canto ao longo da adolescência ou existiu algum fato anterior que conduziu você naturalmente a esses estudos?
Patricia Talem - Canto desde que falo. Quando comecei a estudar música, ela já fazia parte de mim há muitos anos.
De forma resumida, a sua biografia nos diz que foi em uma faculdade de Engenharia Civil que você veio compreender melhor a música. Como se deu essa compreensão?
PT - Me formei em engenharia civil e isto me concedeu uma grande consciência matemática, o que foi de grande valia em meus estudos musicais.
Foram alguns anos cantando nas noites paulistas até a gravação do primeiro álbum. Existe algum fato que determinou qual seria a hora para a gravação deste primeiro disco ou aconteceu naturalmente?
PT - Foram vários fatores, mas os dois principais posso afirmar que foram a maturidade vocal e a possibilidade financeira. Me planejei nestes dois sentidos antes de gravar um álbum independente e absolutamente financiado por mim. Quando digo maturidade vocal, me refiro ao conhecimento de minhas qualidades e também limites vocais.
Como se deu esse inusitado encontro entre uma cantora brasileira gravando o seu álbum de estreia e o já conceituado grupo de jazz Yellowjackets?
PT - Já conhecia o trabalho deles há algum tempo, mas a parceria só foi possível graças ao Sandro Albert, que produziu meu primeiro álbum junto com Marco da Costa.
O Sandro Albert me abriu muitas portas nos EUA, a começar por me apresentar os Yellowjackets .
Você esperava já no disco de estreia a indicação para o Press Awards, o prêmio mais importante da música brasileira no exterior, logo em duas categorias (Melhor Álbum e Melhor Tour)?
PT - Confesso que fiquei surpresa. Tenho muita gratidão por todos os que divulgam a música brasileira nos EUA, que é um excelente país para se trabalhar. Esta tour teve indicação por ter sido bastante completa, envolvendo as casas mais conceituadas do jazz, além de ter sido feita com músicos fantásticos. Já a indicação de melhor álbum foi muito positiva para a divulgação do mesmo, que foi lançado somente nos EUA.
A simbiose entre o clube da esquina, o jazz e a bossa-nova já se faz como uma das principais características de seu álbuns. Isso em seu trabalho aconteceu de maneira proposital ou foi algo espontâneo?
PT - Foi espontâneo. Na verdade só cantei o que gosto de ouvir. Mas tenho planos de gravar outros trabalhos também. Sou absolutamente eclética, e uma das vantagens de se ser independente é poder cantar o que se quer. Adoro muita coisa, desde pop americano, inglês, até música flamenca, rock, música indiana etc. Ainda farei trabalhos que divergem dos dois primeiros, certamente ..
Conte-nos, por favor, sobre a canção Shadow of Love presente em “Olhos”. É verdade que ela foi composta por um fã americano seu que a ouvia no MySpace? Como se deu esse contato?
PT - Sim, o Matt Robbins me mandou pelo myspace, dizendo que era um fã de NY. Eu falo com todos os fãs, do mundo todo. Posso demorar, mas respondo 100 % das minhas mensagens nas redes sociais, pessoalmente. E ouço tudo o que me mandam, sem preconceitos. Foi assim que ouvi esta canção, e me apaixonei por ela. O Matt ficou realmente surpreso por eu tê-la gravado. Fui a primeira pessoa a gravar uma música dele ...
Como se deu esse caminho inverso no mercado fonográfico? Por que a gravação do álbum primeiro nos EUA e só agora, com o segundo álbum, o lançamento no Brasil?
PT - Foi absolutamente natural. Simplesmente o álbum Patricia Talem não teve gravadora aqui, e nos EUA teve o suporte fantástico de duas gravadoras. No álbum Olhos, me preparei para lançar no Brasil, independente de ter ou não gravadora ... e aí está ele !
Você espera que o público brasileiro veja com bons “Olhos” esse novo trabalho?
PT - Não espero que sim , nem que não. Acho positivo haver sempre um balanço, os que gostam e os que não. O álbum deve agradar antes de tudo ao artista que o concebeu. Mas fico feliz quando alguém gosta do meu trabalho, é uma forma de identificação, de criação e sintonia.
O Flávio Venturinni tem sido talvez o nome mais freqüente em seus dois trabalhos. No trabalho de estreia uma letra inédita e agora, com “Olhos”, a gravação de duas composições, uma de seu repertório com a sua participação (Clube da esquina 2) e outra de sua autoria (Nascente) com uma versão em inglês. Dentre os artistas da geração e do movimento musical que Flávio fez parte ele é aquele que você mais se identifica?
PT - Me identifico muito com o trabalho do Flávio, do Milton, da familia Borges, de Toninho Horta ... mas tenho sem dúvida um carinho especial pelo Flávio. Ele me concedeu duas músicas inéditas que são verdadeiras pérolas, serei eternamente grata.
A sua recente parceria com o empresário português Jorge Barros vai abrir um espaço para você antes não explorado. Qual a sua expectativa quanto a receptividade do seu trabalho na Europa e para o ano de 2011?
PT - Ainda sem expectativas. Mas espero colher bons frutos do shows em Portugal, e aproveitar para conhecer a Espanha, um de meus sonhos de criança.
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