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quarta-feira, 13 de abril de 2011

30 ANOS SEM VICTOR ASSIS BRASIL

Amanhã, dia 14 de abril completa-se 30 anos que faleceu o grande músico Vitor Assis Brasil.

"Victor Assis Brasil foi sem dúvida um dos nossos maiores músicos. Brilhou intensamente como instrumentista extraindo do saxofone sons e fraseados inesquecíveis. Como compositor foi um espanto. De sua formação jazzística, escreveu um jazz original entrando no meandro da música brasileira. Trilhou um caminho originalíssimo até os domínios da música erudita, que ele amava de coração. Como irmão e músico, eu tive o privilégio de acompanhar seu processo criativo. As frases e as melodias vinham rápidas, líricas e intensas, assim como um pintor em meia dúzia de traços expressa todo um quadro" (João Carlos Assis Brasil)


Victor Assis Brasil nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 28 de agosto de 1945.

Oriundo de uma família de classe média, desde cedo teve um ambiente musical propício, menos pela existência de especialistas entre os seus, e muito mais pelo incentivo e boa acolhida que recebeu dos pais e parentes em relação ao interesse pela música. Ainda criança ganhou uma gaita-de-boca e uma bateria, exercitando em ambas e definitiva predileção pelo Jazz. Aos dezessete anos recebeu de presente um saxofone alto, ofertado por uma tia.

Aproximação decisiva para a formação de seu vocabulário, estilo e caminho musical. Sem receber nenhuma educação musical formal, começou a apresentar-se publicamente ainda na Juventude, percorrendo festas de amigos e pátios escolares, em particular o do colégio Andrews, onde estava matriculado. Em 1963 grava casualmente seu primeiro registro musical em casa de um amigo. Por volta de 1964 e já sob impacto da Bossa Nova, freqüenta o circuito de bares e boates da zona sul carioca, realizando inúmeras jam sessions, o que certamente lhe ofereceu vasta bagagem musical e bastante conhecimento do instrumento, a ponto de no ano seguinte já circular pelo meio como um profissional. Sua estréia oficial se deu neste momento no antigo Clube de Jazz e bossa em Copacabana. A súbita consciência de seu valor como artista o leva a atitudes extremamente ousada para época. Grava em 1966 seu primeiro LP, Desenhos, entusiasticamente saudado pela crítica especializada como o primeiro grande disco de Jazz gravado no Brasil.

Lança-se em concertos públicos tocando sua música ou repertório de sua estrita escolha, fato praticamente inédito em termos de música instrumental entre nós.

O sucesso não o desvia da necessidade de um crescente aperfeiçoamento. Toma aulas com o maestro e saxofonista Paulo Moura por algum tempo. Toca no místico Beco das Garrafas. Em uma apresentação conhece o pianista Friedrich Gulda, que o incentiva a participar do Concurso Interna
cional de Jazz em Viena. Obtém o terceiro prêmio na categoria saxofone e a oportunidade de permanecer por quase um ano na Áustria, aperfeiçoando sua arte. Participa na mesma época do Festival de Jazz de Berlim, sendo considerado o melhor solista do evento, o que lhe vale uma bolsa de estudos para prestigiosa Berklee School of Music, localizada em Boston. Antes de seguir para os Estados Unidos retorna ao Brasil, gravando seu segundo LP, Trajeto, excursionando pelo país, sob o patrocínio da USIS, com o espetáculo Calmalmas, e desenvolvendo intensa agenda em teatros, universidades e shows para televisão.



A permanência na Berklee representa o período de maturidade em termos de domínio do instrumento, agora incorporando o registro soprano, e especialmente de criação musical. Evoluindo como compositor, usa com grande maestria elementos da Música Popular Brasileira, do Jazz e da Música Erudita, fundindo-os com resultados admiráveis em termos de harmonia e melodia. Boa parte de suas mais de quatrocentas composições surge nos quase cinco anos que passou na América, onde também se apresentou diversas vezes e lecionou improvisação na J. D. School of Music.

Sua obra gravada prosseguiu nesse meio tempo, com o lançamento de Victor Assis Brasil toca Antônio Carlos Jobim, em 1970, e Esperanto, em 1974, sempre com a mesma receptividade positiva. Neste mesmo ano retorna em definitivo ao Brasil, retomando a agenda de shows e concertos. Seu talento como músico, arranjador e compositor está plenamente consolidados e o leva a atuar como solista em apresentações eruditas, a assinar trilhas para a televisão (novela O Grito) e o cinema (filme Marília e Marina) e a participar de eventos especiais como os Domingos da criação do Museu de Arte Moderna do Rio de janeiro (a apresentação com o pianista Luiz Carlos Eça seria postumamente lançada em CD). Faz longas temporadas no circuito de bares da noite carioca, como o Chico´s Bar e o People.

Os três últimos anos de vida marcam o ápice de seu prestígio público e também a manifestação mais intensa dos problemas de saúde que o levariam a morte. Destacam-se particularmente suas performances no Festival Internacional de Jazz de São Paulo e no Monterey Jazz Festival, nos quais liderando formações internacionais exibe sua técnica e talento como compositor obtendo sinceros elogios a sua arte. Grava em 1979 seus últimos discos, intitulado Victor Assis Brasil Quinteto e Pedrinho, raros LPs instrumentais da época a contar com grande produção musical, técnica e artística, representando um reconhecimento a sua estatura como um dos grandes nomes do meio naquele momento.

Victor Assis Brasil faleceu no Rio de Janeiro em 14 de abril de 1981.Morreu muito jovem, aos trinta e cinco anos, devida a uma doença circulatória rara e grave, a poliarterite nodosa.

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