1975 foi o ano em que foi lançado o primeiro álbum de Hyldon. Esse disco é um divisor de águas no soul em terras tupiniquins e fundamental na discografia de qualquer pessoa que admira o que há de melhor em nossa música nacional. Algumas de suas faixas fazem parte da história da música popular brasileira e entraram para o hall das grandes canções da mpb, tal como a faixa-título do disco (que é sem dúvida o maior sucesso de Hyldon, mesmo tendo se passado 35 anos desde o seu lançamento), Na sombra de uma árvore, Acontecimentos e As dores do mundo.
Um pouco depois do lançamento do seu primeiro disco que apesar do sucesso continuava sendo preterido nas verbas promocionais da sua gravadora, decidiu passar uns dias nos EUA, uns dias que viraram meses, a cidade escolhida foi Nova York pra ver shows dos seus ídolos, The Temptations, Al Green, Diana Ross, The Supremes ao vivo no Apollo Theatre no Harlem, templo sagrado do Soul Music. Três artistas negros afro-americanos marcaram profundamente a vida do nosso artista, Ray Charles, Stevie Wonder e Marvin Gaye e foi o show desse último que mais marcou na sua viagem; Marvin Gaye no Rádio City Theatre – Acompanhado de orquestra e mais a sua banda, Marvin Gaye surgia do chão alinhadíssimo num terno branco cantando What’s goin’on. Nesse dia Hyldon chorou de emoção. Morrendo de saudade da família, dos amigos, da comida e fugindo do frio, Hyldon resolveu voltar dispensando um convite da Gravadora Polydor para gravar em Inglês, trouxe na bagagem um álbum duplo do Earth, Wind and Fire e presenteou cópias para seus amigos músicos inclusive, Caetano Veloso Caetano Veloso, que inspirado nesse grupo chamou a Banda Black Rio para gravar aquele disco que tem Odara e Gilberto Gil que compôs “Palco” e gravou com um som bem próximo do E.W.&F. Hyldon e Tim Maia tinham gostos apostos enquanto o síndico preferia Ohio Players (Banda pouco conhecida no Brasil) Hyldon simplesmente achava a banda de Maurício White melhor até por que era latente no som da banda a influencia da música brasileira e ele sempre foi apreciador dessas quebras de protocolos musicais. Influenciado também pela era Disco que viu nascer na matriz, gravou a música “Estrada errada” no seu segundo álbum: "Deus, a Natureza e a Música" e compôs com o Síndico “A fim de voltar” para o Tim Maia Disco Club, o disco que tem sua guitarra em todas as faixas e a marca do seu balanço ficou perpetuado na dançante “Sossego”.
Mesmo sendo arredio às badalações, típico da sua maneira simples de ser, sua música sempre esteve presente nos últimos 30 anos em nossas vidas, seja na sua voz ou nas vozes de outros intérpretes como Luís Melodia, Carlos José, Sandra de Sá, Wanderléa, Marisa Monte, Caetano Veloso, Jorge Aragão, Tim Maia, Golden Boys, Christian & Ralf, Preta Gil, Jota Quest, Lenine, MV Bill e Kid Abelha, Ivete Sangalo só para citar alguns. Nos últimos anos vem aumentando o interesse no trabalho do Hyldon de novos artistas e um publico mais jovem têm comparecido aos seus shows e comprado seus discos, esse fenômeno de misturas de gerações pode ser comprovado em suas apresentações. Hyldon tem diversas canções em novelas, peças de teatro, espetáculos de dança (Deborah Colker) e filmes como “Cidade de Deus”, “Carandiru”, “Durval Discos”, “Homem do Ano”, “Paraíso Proibido” e Antonia (de Tata Amaral).
Faixas:
01 - Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Casinha De Sapê) – Hyldon – (Hyldon) (3:31)
02 - Na Sombra De Uma Árvore – Hyldon – (Hyldon) (4:52)
03 - Vamos Passear De Bicicleta? – Hyldon – (Hyldon) (3:36)
04 - Acontecimento – Hyldon – (Hyldon) (4:19)
05 - Vida Engraçada – Hyldon – (Hyldon) (3:07)
06 - As Dores Do Mundo – Hyldon – (Hyldon) (3:44)
07 - Guitarras, Violinos E Instrumentos De Samba – Hyldon – (Hyldon) (3:31)
08 - Sábado E Domingo – Hyldon – (Hyldon & Nenem) (3:28)
09 - Eleonora – Hyldon – (Hyldon) (3:27)
10 - Balanço Do Violão – Hyldon – (Hyldon & Beto Moura) (3:01)
11 - Quando a Noite Vem – Hyldon – (Hyldon) (3:29)
12 - Meu Patuá – Hyldon – (Hyldon) (3:27)
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