Por Jonn Nascimento
Você se lembra dos temas de abertura das novelas "Selva de Pedra" e "Semideus"? A força marcante dos vocais da música “Tangará”, presente na trilha sonora de “O Casarão"?
Esses são apenas alguns exemplos, dentre tantos, que marcaram época, mas então eu te pergunto: Você sabe quem foram os músicos responsáveis pelas gravações? Caso deseje realizar uma busca, a resposta encontrada será “Coral Som Livre” (por vezes também chamado de “Coro Som Livre”) e “Orquestra Som Livre”. Ok! Mas quem fazia parte?
Seria quase impossível citar os nomes de todos os envolvidos, mas com a generosa ajuda de alguns dos profissionais que fizeram parte desses trabalhos será possível contar um pouco sobre os protagonistas de uma página importantíssima da história da Rede Globo e da música brasileira.
Dentre aqueles que durante um maior período atuaram sob o nome de “Orquestra Som Livre”, podemos destacar nomes lendários como o baterista Bituca, o guitarrista Hélio Capucci, o baixista Mauricio Scarpelli e o flautista Copinha; além de um naipe de metais de respeito que contava com Hamilton, Maurilio, Formiga, Canuto, os irmãos Edmundo e Edson Maciel, Manoel Araujo, Flamarion, Netinho, Jorginho, Bijou e Zé Bodega.
À frente desses admiráveis e respeitáveis senhores, passaram gigantes como Radames Gnattali, Maestro Cipó, Ivan Paulo, Waltel Blanco, Guto Graça Melo, Guio de Moares, Alceo Bocchino e Eduardo Lages; sendo este último conhecido por ser, há muitos anos, o regente da orquestra que acompanha o cantor Roberto Carlos.
A Orquestra Som Livre foi responsável por gravações como o tema de abertura da novela "O Rebu", a música “Tema de Tucão” em "Bandeira 2", a versão para música “The Fuzz” (Frank de Vol) que se tornou a abertura do Jornal Nacional, “Valsinha Azul” da novela "Cuca Legal", “O Trem”, presente em "Anjo Mau", assim como por acompanhar o “Coral Som Livre”.
Mas quem era o “Coral Som Livre”? Graças a três das vozes que mais gravaram sob esse nome, Marcio Lott, Zé Luiz Maziotti e Luna Messina; obtive respostas.
Segundo informações fornecidas por Luna Messina, as primeiras gravações das quais participou e que se tornaram temas globais, foram no período em que fez parte do Quarteto Forma, grupo que durante algum tempo acompanhou o pianista Osmar Milito.
Outros grupos vocais gravaram temas para novelas da emissora, como o “Umas e Outras”, que tinha em sua formação a cantora Regininha, famosa pela música “Teletema”, parte da trilha sonora da novela “Véu de Noiva”; assim como também foi integrante do grupo musical Turma da Pilantragem.
Ainda de acordo com Luna, o nome “Coral Som Livre” já havia sido utilizado em uma formação anterior, em que contava com um cantor chamado Odilon.
Por volta do ano de 1973, deu início à reunião daqueles que gravaram a grande maioria dos trabalhos e de fato passaram a ser o Coral conhecido nas mais diversas trilhas sonoras; onde além de Luna Messina, contava com nomes como Marcio Lott, Suzana Machado, Zé Luiz Mazziotti e Flávo Faria.
Com essa base, chegaram também a realizar trabalhos sob os nomes de “Quarteto Number One", “Quarteto Uai”, “Trama” e o grupo “Sambalivre”, responsável pela gravação dos álbuns da coletânea “Samba, Suor e Ouriço”.
Uma curiosidade. O nome “Coral Som Livre” era utilizado quando a gravação contava com um número superior ao de seis vozes, em que na medida em que havia necessidade, outros nomes eram incorporados ao grupo. Dentre aqueles que mesmo esporadicamente participaram de gravações, há nomes bastante conhecidos do público. Djavan (sim, ele mesmo), Jane Duboc, Claudia Telles, Sergio Melo, Marilton, Lilian (que fazia dupla com Leno), a família Goldherança (que conta com membros dos Golden Boys e Trio Esperança); dentre outros cantores e cantoras.
A música tema de “O Bem Amado” foi gravada sob o nome do Coral Som Livre, porém se trata do grupo MPB-4; assim como no caso do tema de abertura da novela “Fogo Sobre Terra”, que nitidamente conta com as vozes do grupo Quarteto em Cy.
Em conversa com Marcio Lott, o cantor mineiro contou sobre sua chegada ao Rio de Janeiro no ano de 1971, onde também foi integrante do Quarteto Forma e assim chegou aos estúdios da Rede Globo.
Além de fazer parte do coro, Marcio gravou como artista solo; a exemplo da música “Meu Silêncio”; parte da trilha sonora da novela “Uma Rosa com Amor”.
O cantor lembrou de outros trabalhos realizados, onde participou de gravações de trilhas para novelas como "O Primeiro Amor", "O Bofe", "Ossos do Barão", "Cavalo de Aço", "Semideus", "O Rebu", "Escalada", "Cuca Legal", "O Casarão" e "Sem Lenço e Sem Documento".
Marcio comentou sobre o grande ritmo de gravações e de modo carinhoso falou sobre o clima familiar que se formou entre os cantores, onde lembrou de nomes como Lucinha Lins, Fabíola e Luiz Carlos Ismail.
José Luiz Mazziotti foi outro dos grandes nomes com quem tive a chance de conversar e que por um longo período fez parte do Coral Som Livre. Dentre as gravações realizadas associadas às obras da Rede Globo, vale destacar sua belíssima interpretação para o tema de Dona Benta, parte da trilha sonora de "O Sítio do Picapau Amarelo", no ano de 1977.
Deixo meu mais profundo agradecimento aos já citados Zé Luiz, Marcio Lott e Luna Messina; por de modo tão gentil terem partilhado histórias incríveis e que é uma pena não poder, ao menos nesse momento, escrever sobre todas.
Também agradeço a Tavynho Bonfá, Fernando Merlino, Fernando Pereira, Daniel Garcia, Evaldo Santos e a Geraldo Vespar; não apenas por terem ajudado nesse artigo, mas em especial por serem alguns dos personagens de uma segunda parte que contará as histórias da “Orquestra Rede Globo”.
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