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domingo, 6 de setembro de 2020

TOM ZÉ INFLUIU NOS NOVOS BAIANOS DOS PRIMEIROS PASSOS À ESTREIA EM DISCO

Foi ele quem sugeriu que João Araújo, da RGE, escutasse a banda recém-chegada de Salvador

Por José Teles


Moraes Moreira, Tom Zé e músicos - FOTO: Reprodução Instagram @tomzeoficial
Leitura: 5min


Tom Zé, em seu isolamento, em Perdizes, em São Paulo, onde mora com sua mulher Neusa Martins, levou um susto quando lhe pedi pra contar como conheceu Moraes Moreira. Não sabia que o amigo que tinha falecido: “Que notícia. Nossa senhora”. Fez uma pausa, e relembrou como indicou Moraes Moreira a Luiz Galvão que procurava um parceiro para as suas letras, um episódio acontecido há 53 anos:

“Eu dava aula de violão no seminário de música da Baia, durante o tempo em que estudei lá até 1967, em 68 vim pra São Paulo. Lá por 63, 64, apareceu um rapaz comprido com uma roupa do interior, muito jovem, queria estudar violão. Aí eu disse a ele que aula de violão era muito caro, você não vai poder pagar. Naquela época só quem estudava era filho de judeu rico.

Ele me disse que era compositor, então pedi pra me mostrar umas músicas. Ele me mostrou meia dúzia de músicas, que nunca chegou a usar. Eram de principiante, mas dava para ver que ali que tinha um potencial de compositor. Eu disse tá bem vou lhe ensinar de graça. Como ele tinha um interesse verdadeiramente voraz, verdadeira gulodice de conhecimento, eu não ensinava harmonizando, ensinava a harmonizar. Um método que eu acabei fazendo com coisas da universidade e da música popular. Mas só dava uma aula por mês, porque, em vez de ele fazer aquilo como exercício, ia desenvolvera aula. Um aluno interessadíssimo. Em quatro meses acabei de ensinar a ele tudo o que eu sabia, e ele já tocava o que eu sabia mais do eu tocava”.

Em 1967, Galvão veio para Salvador e procurou Tom Zé a fim de fazer música. Tom estava indo para São Paulo, convocado pelos tropicalistas, mandou que Galvão procurasse Moraes Moreira na Pensão de dona Maritó. Os dois se encontraram na pensão, e o resto é uma das mais bonitas histórias da música popular brasileira

Eu já conhecia Galvão, que trabalhava num escritório, que ficava junto da loja do meu pai em irara. Ele me mostrava letras de músicas, eu achava interessante e incentivava. Um dia meu cunhado casado com a minha irmã Marita, que era engenheiro de frios, estudou na França foi trabalhar neste negócio de carne, que era de um grupo de gente muito rica e muito jovem. Ele passou a fazer parte deste grupo porque era o engenheiro. De vez em quando me pediam pra tocar na casa deles, eu ia com o violão. Uma casa aqui, uma casa acolá. Um dia na casa de um deles, encontrei praticamente os Novos Baianos, já com algumas músicas feitas, mais o Paulinho Boca a menina, Baby, aquela moça extraordinária, que tiraram daquela moda psicodélica, que morava debaixo da ponte em Piatã, ela já estava cantando com eles. Assisti a um espetáculo sensacional ali.

Carlos Imperial tirou eles da Bahia, largou eles lá sem pai nem mãe, acabe sabendo, aqui em são Paulo. João Araujo, pai do Cazuza, naquele tempo TV a brigado com as gravadoras do Rio, veio pra Mocambo/Rozenblit aqui em são Paulo, foi produtor CE discos meus. Falei com ele não quero me meter a indicador de coisas, só peço só que ouça esta banda Ele me atendeu, e quando foi na segunda feira os meninos estavam em são Paulo num hotel, levou eles a marcos lazaro, ficou num hotel aqui, que hospedava artistas. Engraçado que quando fui fazer o filmes deles, acabei pintando os canecos quando Moreira fez a entrevista do lançamento do filme eu fui pro Jô soares. Esta notícia foi uma coisa de doer o coração".

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