Violonista emérito, compositor, arranjador, produtor, Oscar Castro Neves sabe tudo de música. Veio ao mundo bem acompanhado: nasceu trigêmeo, em 15 de maio de 1940, no Rio de Janeiro, numa família em que todos tocavam algum instrumento. Tinha 16 anos quando compôs “Chora tua tristeza”, seu primeiro grande sucesso. Pouco depois, em companhia de Antonio Carlos Jobim, João Gilberto, Carlos Lyra, Roberto Menescal e tantos outros artistas de uma geração excepcional, tornou-se um dos criadores da Bossa Nova, movimento que ainda hoje delicia inúmeros apreciadores, em todo o mundo. Oscar teve notável participação no primeiro concerto de bossa nova nos Estados Unidos, realizado em 22 de novembro de 1962, no Carnegie Hall, Nova York. A partir de então, consolidou-se como um artífice da abertura do mercado norte-americano à música brasileira. Excursionou com Dizzy Gillespie, Stan Getz, Lalo Schiffrin, Laurindo de Almeida e gravou com Quincy Jones, Ella Fitzgerald, Herbie Hancock, Barbra Streisand, Paul Winter, Dave Grusin, Toots Thielemans, Harry Belafonte e até Michael Jackson. Em 1971, juntou-se a Sérgio Mendes e, como violonista, diretor musical e às vezes co-produtor, gravou mais de 15 discos com o Brazil 66, grupo com o qual apresentou-se em quase todas as grandes salas do circuito internacional. 10 Com “Soul of Tango”, que produziu, em 1999, para o violoncelista Yo-Yo Ma, Oscar alcançou imenso sucesso popular e acabou agraciado com o grammy na categoria “best classical crossover”. Outra gravação, “Leaning into the night”, com o guitarrista Ottmar Liebert, permaneceu nas paradas da Billboard Classical Crossover por mais de um ano. Compôs e orquestrou a música de vários filmes, entre os quais “Blame it on Rio”,“Gabriela” (com música de Jobim), “LA Story”,“He said, she said” e “Larger than life”. Durante seis anos, produziu a noite brasileira no Hollywood Bowl, em Los Angeles. Entre seus créditos mais recentes, encontra-se a trilha sonora do seriado “Watching Ellie” para a rede de televisão NBC. Essa extraordinária bagagem musical assegura a Oscar Castro Neves a admiração do público e os aplausos da crítica, que destacam a sua sofisticada concepção harmônica e a textura delicada e rica de seus trabalhos para orquestra. Mas tudo isso é pouco para definir o homem. Nele, o que mais impressiona é a dimensão humana, a alegria de viver, a delicadeza para com todos e a calorosa devoção à família e aos amigos. Oscar é, enfim, uma flor de pessoa. Sou seu fã desde menino e tive enorme prazer em organizar a conversa registrada abaixo, que contou ainda com a participação de Sérgio Mielniczenko.
Morreu nos EUA, aos 73 anos, vítima do câncer.
Embaixador José Vicente Pimentel
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