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sexta-feira, 10 de abril de 2020

CESTA DE CRÔNICAS E OUTRAS ESSÊNCIAS

Por Xico Bizerra






VERSOS DERRADEIROS





Nossos versos nunca serão derradeiros. Outros virão, porque a Poesia jamais será jogada ao léu e sempre precisará ser lida. Diante do infortúnio, nós, passarinhos cantantes, vamos poetar, nos juntar em bando e fazer com que os do mal passem. Torcer para que eles levem na bagagem suas mazelas, preconceitos e maldades e aí, felizes e de asas soltas e canto livre, possamos brindar a liberdade e a alegria. Versar e cantar, toda a vida, toda hora, pois toda hora é hora de cantar. Se o tempo é nublado e o horizonte cinzento, pintemos um sol claro e um céu bem azul, da cor da nossa esperança, com nuvens mais que brancas, da mesma cor de nosso amor e de nossa coragem. Misturemo-nos, pretos e brancos, ricos e pobres, todos. Água e Óleo só não se juntam apenas nas frias leis da Física (ou da Química, nem sei). Se juntam, sim, na lei dos homens de bem, onde é proibido proibir. Mesmo que escrevamos os versos mais tristes esta noite, ainda assim eles cairão na alma como no pasto cai o orvalho e contribuirão para um amanhecer feliz. Discordar de Pablo Neruda? Jamais! Juntemo-nos. Apaguemos a escuridão. Passarinhemos!

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