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sábado, 4 de janeiro de 2020

ALMANAQUE DO SAMBA (ANDRÉ DINIZ)*

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Prosa inicial


O Almanaque do samba vem, de certa forma, dar seguimento à série iniciada com o Almanaque do choro. Os dois gêneros são intimamente ligados, como se sabe, e a experiência adquirida ao escrever o primeiro foi o que me moveu a elaborar este segundo livro. Somem-se à idéia novas pesquisas e entrevistas, e o leitor terá as páginas que seguem.

Além disso, repete-se aqui a fórmula que fez com que o primeiro Almanaque esteja a caminho da terceira edição. A saber: linguagem direta e informativa para um público amplo; catálogo de imagens que cobrem todo o século XX; dicas de onde curtir o ritmo em todo o território nacional; o que ler e ouvir para ficar mais íntimo do gênero. A discografia e a bibliografia são comentadas, completando o guia que dará ao leitor uma visão mais ampla sobre o processo de desenvolvimento do samba.

Os capítulos do Almanaque do samba seguem, de modo não muito rígido, uma ordem cronológica – mas procuram evitar uma visão evolucionista. A ideia é que o samba não foi evoluindo com o tempo – nem se degradando, como muitos afirmam –, mas apenas se transformando. Assim, os capítulos podem inclusive ser lidos isoladamente, apesar de cada um guardar forte relação com a estrutura geral do texto.

A cada capítulo há uma introdução que contextualiza o período histórico a ser trabalhado. Seguem-se, então, pequenas “biografias” de compositores e cantores mais representativos no mundo do samba. Busquei reduzir as informações ao essencial, citando somente as músicas e as histórias mais importantes de cada “biografado”.

Encaixei alguns compositores em capítulos que abordam movimentos musicais sem que houvesse, necessariamente, vínculos fortes entre eles. É o caso, por exemplo, de Aldir Blanc, João Bosco, Martinho da Vila, João Nogueira, Paulo César Pinheiro, Nei Lopes e Wilson Moreira. Os cinco primeiros apareceram na época dos festivais, mas suas obras não dependeram dela para acontecer. O mesmo se dá com Nei e Wilson: compuseram em parceria pérolas musicais na década de 1980, mas não surgiram no Cacique de Ramos e tampouco eram classificados como pagodeiros.

Privilegiei o Rio de Janeiro como cenário de identificação dos principais compositores, cantores, músicos e produtores do samba. Assim, espero ter sublinhado a importância da cidade, sem, no entanto, negar valorosos personagens de outros estados. O baiano Dorival Caymmi, o paulista Adoniran Barbosa e o gaúcho Lupicínio Rodrigues, entre outros, são nomes que não podem faltar quando se pretende fazer um breve painel da história do samba.

Este trabalho, diga-se, não almeja contemplar todos os personagens que construíram a história do samba. Talvez por falta de espaço no livro, mas também por escolhas feitas conscientemente, as preferências fogem, felizmente, a cânones preestabelecidos. Por tudo isso, deixo de antemão minhas desculpas aos excluídos.

Espero que curtam a leitura e que o livro os estimule a conhecer mais sobre a cultura musical da nossa terra.


André Diniz





Olha aí, seu Marcos Lins, este nosso livrinho é para o senhor, que está assistindo a nossas vidas de camarote. Quer coisa mais parecida com sua história de recifense-carioca-paulista-brasiliense-europeu-africano do que uma festa regada a samba, bate-papo, amigos, muitos amigos, cachaça e feijoada? Tem tudo isso neste Almanaque. Ele celebra a vida e seus prazeres, tudo aquilo que o senhor cultivou durante seus 64 anos bem vividos. Peço então seu perdão, pois sei com quanto carinho tratava a língua portuguesa, para dar uma leve chicotada bem-intencionada na língua de Camões: este livro é para o seu Marcos, que na ditadura foi uma flor de espinho e, na vida, uma flor de Lins. Dê um abraço saudoso no meu pai Izaquiel Inácio e diga a ele que a partir de vocês “tudo só faz crescer”...



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