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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

SILVIO CÉSAR E SUAS HISTÓRIAS (80 ANOS)

Em comemoração aos 80 anos do cantor e compositor o Musicaria Brasil relembra algumas de suas histórias


TOM

LUIZA 

Em 1981, eu estava na sala do Raymundo Bithencourt, na gravadora Som Livre, quando ele me disse que a Globo estava pensando em mim pra cantar a música que iria abrir a novela "Brilhante", no horário das 8 horas: a canção "Luiza", do Tom.

Dias depois o Guto Graça Melo - diretor musical da Globo, na época, me ligou e confirmou tudo. 

Marcamos um encontro e ele me entregou uma fita com a gravação da melodia tocada ao piano pelo próprio Tom e a letra pra eu decorar. 

No dia da gravação, chamei o Tom num canto e cantei a música pra ele conferir se estava tudo certo. 

Estava. 

Gravamos, com arranjo do Dori Caymmi - Tom ao piano - numa sexta feira.

A novela iria estrear na segunda. 

Eu, mineiramente, não falei nada pra ninguém. 

Nem pra minha família.

No dia da estreia, surpresa! - A voz que apareceu na gravação foi a do Tom e não a minha. 

Não entendi nada.

O Guto me ligou se desculpando, dizendo que não sabia de nada, que pra ele também foi uma surpresa e se ofereceu pra me dar alguma compensação. 

Eu estava terminando um disco independente e precisando de apoio, então combinamos que a RGE (gravadora filiada da Globo) lançaria no mercado a minha gravação de "Luiza" acoplada à "A mais antiga profissão", do meu disco, música essa que o Guto mandaria incluir na trilha sonora da próxima novela das sete "O jogo da vida" e ainda me pagariam um valor a ser negociado.

Achei ótimo. 

Com o dinheiro recebido pude remunerar os músicos que haviam gravado comigo e ainda mantive a propriedade do meu fonograma.

Algum tempo depois, eu estava saindo da churrascaria Plataforma, no Rio, quando ouvi alguém me chamar. 

Era o Tom. 

Ele me abraçou e disse ao meu ouvido: "Meu cantor (ele me chamava assim), eu quero explicar o que aconteceu...". 

Eu o interrompi (e fui sincero): "Maestro, você é o meu ídolo, não tem que me explicar nada". 

E deixamos assim.

O tempo passou.

Em 1992 eu estava trabalhando num projeto de homenagens chamado "Aos Mestres, com carinho" (o título foi dado pelo Armando Pitigliani) e já contava com a participação do Chico Buarque.

Um dia vi o Tom na Plataforma, criei coragem e o convidei a participar. 

Ele aceitou na hora. 

Marcamos o dia e ele chegou ao estúdio pontualmente. 

A gravação (só com composições dele) ficou maravilhosa.

E fim da história.

Eu nunca soube o que aconteceu de verdade.. 

Nunca me senti traído, ofendido ou prejudicado.

Ao contrário, fiquei feliz e satisfeito.

Só tenho uma coisa a dizer: 

QUE FALTA O TOM ESTÁ FAZENDO! 



Em tempo: Quem quiser ouvir a gravação de LUIZA vá em Gravações > Silvio Cesar - Compacto simples RGE - 1981


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