Em comemoração aos 80 anos do cantor e compositor o Musicaria Brasil relembra algumas de suas histórias
TOM
LUIZA
Em 1981, eu estava na sala do Raymundo Bithencourt, na gravadora Som Livre, quando ele me disse que a Globo estava pensando em mim pra cantar a música que iria abrir a novela "Brilhante", no horário das 8 horas: a canção "Luiza", do Tom.
Dias depois o Guto Graça Melo - diretor musical da Globo, na época, me ligou e confirmou tudo.
Marcamos um encontro e ele me entregou uma fita com a gravação da melodia tocada ao piano pelo próprio Tom e a letra pra eu decorar.
No dia da gravação, chamei o Tom num canto e cantei a música pra ele conferir se estava tudo certo.
Estava.
Gravamos, com arranjo do Dori Caymmi - Tom ao piano - numa sexta feira.
A novela iria estrear na segunda.
Eu, mineiramente, não falei nada pra ninguém.
Nem pra minha família.
No dia da estreia, surpresa! - A voz que apareceu na gravação foi a do Tom e não a minha.
Não entendi nada.
O Guto me ligou se desculpando, dizendo que não sabia de nada, que pra ele também foi uma surpresa e se ofereceu pra me dar alguma compensação.
Eu estava terminando um disco independente e precisando de apoio, então combinamos que a RGE (gravadora filiada da Globo) lançaria no mercado a minha gravação de "Luiza" acoplada à "A mais antiga profissão", do meu disco, música essa que o Guto mandaria incluir na trilha sonora da próxima novela das sete "O jogo da vida" e ainda me pagariam um valor a ser negociado.
Achei ótimo.
Com o dinheiro recebido pude remunerar os músicos que haviam gravado comigo e ainda mantive a propriedade do meu fonograma.
Algum tempo depois, eu estava saindo da churrascaria Plataforma, no Rio, quando ouvi alguém me chamar.
Era o Tom.
Ele me abraçou e disse ao meu ouvido: "Meu cantor (ele me chamava assim), eu quero explicar o que aconteceu...".
Eu o interrompi (e fui sincero): "Maestro, você é o meu ídolo, não tem que me explicar nada".
E deixamos assim.
O tempo passou.
Em 1992 eu estava trabalhando num projeto de homenagens chamado "Aos Mestres, com carinho" (o título foi dado pelo Armando Pitigliani) e já contava com a participação do Chico Buarque.
Um dia vi o Tom na Plataforma, criei coragem e o convidei a participar.
Ele aceitou na hora.
Marcamos o dia e ele chegou ao estúdio pontualmente.
A gravação (só com composições dele) ficou maravilhosa.
E fim da história.
Eu nunca soube o que aconteceu de verdade..
Nunca me senti traído, ofendido ou prejudicado.
Ao contrário, fiquei feliz e satisfeito.
Só tenho uma coisa a dizer:
QUE FALTA O TOM ESTÁ FAZENDO!
Em tempo: Quem quiser ouvir a gravação de LUIZA vá em Gravações > Silvio Cesar - Compacto simples RGE - 1981
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