Fabrício Boliveira encarou o desafio de interpretar Wilson Simonal na cinebiografia do cantor. O filme "Simonal", que estreia nesta quinta-feira (8) nos cinemas, mostra o sucesso do carioca nos anos 1960 e 1970, além de abordar o momento em que ele foi acusado de usar agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), órgão de repressão da Ditadura Militar no Brasil, para ameaçar o seu ex-contador. Com a repercussão do caso, o artista ainda chegou a ser citado como colaborador do regime pela imprensa na época. Apontado como dedo-duro, Simonal passou anos no ostracismo e foi rejeitado pelos veículos de comunicação e pela sociedade.
"É dolorido, de algum jeito. É uma carga dramática muito forte que esses caras tiveram, que essa família carregou. Eu chorei muito nesse filme. Foi uma coisa muito louca fora de cena, porque eu não sabia nem o que era, eu tive que conversar muito com os filhos, porque é uma história de dor, é uma família destruída por conta de uma mentira, de uma fake news, então traz uma dor real. Mas ao mesmo tempo eu tive muita compaixão, e compaixão de paixão mesmo e de tristeza desse lugar, de pensar num artista que não pode mais cantar. E eu fiquei pensando muito no meu lugar de artista, se eu sou impedido de atuar, que é a forma que eu tenho de falar com o mundo, de me comunicar, ser impedido de fazer o que você mais deseja, o seu "gift", o seu talento, é muito dolorido", contou o intérprete de Simonal ao Bahia Notícias.
Boliveira destacou a relação da trama do filme com a atualidade, que aborda temas como fake news, racismo e ditadura militar. Além disso confessa que, para ele, somente a arte pode ser capaz de dar um "basta" nas situações vividas por Simonal que acontecem até os dias de hoje. “Parece que o filme, que a gente fez em 2016, já estava prevendo, intuindo que a gente ia chegar nesse momento caótico e desesperador que o Brasil está passando com um presidente eleito por fake news. [...] A gente discute racismo nesse filme também, com pessoas do governo dizendo que não existe racismo nesse país. E a gente, graças a Oxalá, hoje, pode falar disso mais livremente. Mas que bom que esse assunto está voltando e com tanta força assim, com tanta necessidade. Fake news, racismo, ditadura, a censura da Ancine, que é um traço, um apontamento para a ditadura. Eu tô dizendo que esse filme vem como uma espiral: quando a gente perpassa um ponto, mas não é um círculo em que estamos limitados às mesmas respostas. Não, nós estamos evoluindo", acredita. “Simonal”, que foi dirigido por Leonardo Domingues, tem também no elenco artistas como Isis Valverde, Caco Ciocler, Leandro Hassum, Mariana Lima, Sílvio Guindane, entre outros.
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