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sexta-feira, 18 de outubro de 2019

SILVIO CÉSAR E SUAS HISTÓRIAS (80 ANOS)

Em comemoração aos 80 anos do cantor e compositor o Musicaria Brasil relembra algumas de suas histórias


A PRIMEIRA VEZ A GENTE NÃO ESQUECE 

Em 1973 iria acontecer a despedida do craque Garrincha da Seleção Brasileira de Futebol, no Maracanã, num jogo entre a seleção de 70 (com o Pelé) e uma seleção de jogadores estrangeiros que atuavam no Brasil. 

Um jogaço.

Na preliminar haveria um jogo de artistas: Cantores X Atores. 

Uma "pelada". 

Foi uma expectativa incrivel. Eu nem acreditei quando fui convidado. 

Era o meu sonho e creio que o de todos: Jogar no "Maraca". 

Que emoção! 

No dia, ao entrar em campo, todo mundo tremia.

O Maracanã não é apenas grande. É imenso. O campo parece uma enorme mesa redonda e a gente se sente exposto em cima dela como se estivesse nu e todo mundo olhando. 

Na hora do jogo começar - os times formados em campo, eu olhei para o gol do time adversário e pensei que nós nunca faríamos a bola chegar lá, tão grande era a distância. 

A grama alta dificultava os movimentos e não era difícil a gente ver alguém tropeçando e caindo. Acontecia toda hora.

Eu sempre achei que quem está lá dentro jogando não ouve nada da arquibancada. 

Engano. 

Ouve tudo, nitidamente e ampliado.

Quem joga pelas laterais do campo ouve, claramente, aquelas “palavras“ que os torcedores costumam dizer.. 

Aos dez minutos de jogo o Paulinho da Viola passou por mim e disse: "Meu irmão, ainda não coneguii pegar na bola!"

Eu respondi: "Eu nem sei onde ela está, Paulinho!" 

É que pra facilitar o escoamento da água, o gramado é mais alto no centro do que nas bordas, por isso a gente não vê direito a bola rasteira, se ela estiver no outro lado do campo. 

Os jogadores, a gente só vê da canela pra cima. 

Deve ser difícil para os Treinadores observarem o jogo da beira do campo

Voltando à nossa "pelada": 

Escanteio a nosso favor. 
Ninguém queria bater. 
Chega um corajoso (não lembro quem ): "Deixa que eu bato". 
Bateu. A bola não chegou nem na pequena área. 

A torcida gargalhava. 

De repente a bola se oferece pra mim na risca da grande área. É chance de gol. 

Bato na bola com toda a força. 

Ela quase não chega no goleiro. 

Mais gargalhadas. 

E foi assim até o final. 

De uma outra vez, numa decisão entre o Fluminense e o América, o Dr Horta ( Presidente do Fluminense ) organizou um time de artistas tricolores pra jogar, na preliminar, contra uma seleção - também de artistas - com a camisa do América.

Ficou desigual. 

Com 20 minutos de jogo já estava 8 x 1 pra eles. 

Quando fizeram o 9º gol, o alto falante do estádio anunciou: "Comunicamos ao time com a camisa do América que o placar só vai até 10". 

Foi uma gozação geral. Uma humilhação sem tamanho.

O jogo acabou em 11x2 pro time com a camisa do América. 

Um vexame inesquecível.

Mas nem sempre foi assim.

Jogamos outras vezes no Maracanã e as lembranças, quase sempre, são boas e divertidas. 

Mas, a primeira vez a gente nunca esqueceu.

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