Em comemoração aos 80 anos do cantor e compositor o Musicaria Brasil relembra algumas de suas histórias
A PRIMEIRA VEZ A GENTE NÃO ESQUECE
Em 1973 iria acontecer a despedida do craque Garrincha da Seleção Brasileira de Futebol, no Maracanã, num jogo entre a seleção de 70 (com o Pelé) e uma seleção de jogadores estrangeiros que atuavam no Brasil.
Um jogaço.
Na preliminar haveria um jogo de artistas: Cantores X Atores.
Uma "pelada".
Foi uma expectativa incrivel. Eu nem acreditei quando fui convidado.
Era o meu sonho e creio que o de todos: Jogar no "Maraca".
Que emoção!
No dia, ao entrar em campo, todo mundo tremia.
O Maracanã não é apenas grande. É imenso. O campo parece uma enorme mesa redonda e a gente se sente exposto em cima dela como se estivesse nu e todo mundo olhando.
Na hora do jogo começar - os times formados em campo, eu olhei para o gol do time adversário e pensei que nós nunca faríamos a bola chegar lá, tão grande era a distância.
A grama alta dificultava os movimentos e não era difícil a gente ver alguém tropeçando e caindo. Acontecia toda hora.
Eu sempre achei que quem está lá dentro jogando não ouve nada da arquibancada.
Engano.
Ouve tudo, nitidamente e ampliado.
Quem joga pelas laterais do campo ouve, claramente, aquelas “palavras“ que os torcedores costumam dizer..
Aos dez minutos de jogo o Paulinho da Viola passou por mim e disse: "Meu irmão, ainda não coneguii pegar na bola!"
Eu respondi: "Eu nem sei onde ela está, Paulinho!"
É que pra facilitar o escoamento da água, o gramado é mais alto no centro do que nas bordas, por isso a gente não vê direito a bola rasteira, se ela estiver no outro lado do campo.
Os jogadores, a gente só vê da canela pra cima.
Deve ser difícil para os Treinadores observarem o jogo da beira do campo
Voltando à nossa "pelada":
Escanteio a nosso favor.
Ninguém queria bater.
Chega um corajoso (não lembro quem ): "Deixa que eu bato".
Bateu. A bola não chegou nem na pequena área.
A torcida gargalhava.
De repente a bola se oferece pra mim na risca da grande área. É chance de gol.
Bato na bola com toda a força.
Ela quase não chega no goleiro.
Mais gargalhadas.
E foi assim até o final.
De uma outra vez, numa decisão entre o Fluminense e o América, o Dr Horta ( Presidente do Fluminense ) organizou um time de artistas tricolores pra jogar, na preliminar, contra uma seleção - também de artistas - com a camisa do América.
Ficou desigual.
Com 20 minutos de jogo já estava 8 x 1 pra eles.
Quando fizeram o 9º gol, o alto falante do estádio anunciou: "Comunicamos ao time com a camisa do América que o placar só vai até 10".
Foi uma gozação geral. Uma humilhação sem tamanho.
O jogo acabou em 11x2 pro time com a camisa do América.
Um vexame inesquecível.
Mas nem sempre foi assim.
Jogamos outras vezes no Maracanã e as lembranças, quase sempre, são boas e divertidas.
Mas, a primeira vez a gente nunca esqueceu.
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