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segunda-feira, 21 de outubro de 2019

HÁ DEZ ANOS, NEGUINHO DA BEIJA-FLOR SE CASAVA NA SAPUCAÍ E COMEMORAVA CURA DE UM CÂNCER

Cantor e a mulher lembram o diagnóstico da doença e apoio que receberam no casamento e desfile que acontecem no carnaval de 2009. Beija-Flor canta os 70 anos de sua própria história no desfile deste ano.

Por Cristina Boeckel




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‘A vida é boa, eu nasci de novo’, diz Neguinho da Beija-flor 10 anos após câncer



Quando a Beija-Flor entrar na avenida com um enredo para celebrar seus 70 carnavais, Neguinho também celebrará a sua própria história. Não apenas com a escola que o consagrou e que leva no próprio nome, mas em uma vitória pessoal. Há dez anos, ele estava na reta final do tratamento de um câncer de intestino e com a companheira grávida quando oficializou a união em plena Marquês de Sapucaí, palco de muitas de suas conquistas.


A vida é boa, eu nasci de novo. Eu tive essa oportunidade”, destacou Neguinho.


A doença foi descoberta alguns meses antes. Como em muitos casos, quem desconfiou e o levou ao médico foi a esposa. Neguinho nunca gostou de frequentar consultórios. Dez anos depois do tratamento, ele fez questão de receber o G1 para ajudar conscientizar a população sobre a importância dos cuidados com a saúde e da procura de profissionais caso alguma coisa esteja errada.

“Eu falei para ela o que estava se passando. Eu ia no banheiro, notei um sangramento, prisão de ventre, essas coisas. E ela já teve na família este tipo de problema. Um dia eu fui e sangrou bastante. Eu a chamei para ver. Ela correu nos guardados dela e começou e achou o telefone de um médico”, explicou o cantor.

Elaine, a mulher de Neguinho, estava grávida da filha do casal nessa época e já tinha passado por maus momentos com o pai, que permaneceu internado por um ano e meio com problemas de saúde. Ele era diabético e teve uma hemorragia digestiva que não cicatrizava. De quebra, ainda enfrentou uma complicação pulmonar. Mas ele se recuperou e ainda viveu por mais 14 anos.

“No primeiro momento, quando nós descobrimos que ele estava doente, passou pela minha cabeça: ‘Será que ele vai ver a nossa filha nascer?’ e foi bem difícil. Eu segurei a onda. Ele estava passando por esse processo, recebendo essa notícia. E eu não poderia fraquejar naquele momento. Eu estava ali para dar o suporte, o amparo. Desistir jamais”, contou Elaine ao G1.

Neguinho da Beija-Flor foi levado pela esposa ao médico que diagnosticou câncer no intestino — Foto: Marcos Serra Lima/ G1

O susto


Os tumores diagnosticados no intérprete eram dois: um tinha cinco centímetros e outro era do tamanho de um grão de milho. No processo pela cura, ele passou por uma cirurgia, quimio e radioterapia no processo em busca da cura, que durou um ano.

Neguinho não bebe e nunca usou drogas. Curiosamente, o período que passou pelo tratamento penoso é tratado com um sorriso estampado no rosto que o fez famoso entre o público.

“Essa doença tem que ser encarada da seguinte forma: tem que procurar só coisa positiva. E o que é coisa positiva na minha vida? É o desfile, é estar na avenida e com a pessoa que a gente ama. Eu só procurava coisas para cima no período do tratamento”, explicou Neguinho da Beija-Flor.

Neguinho da Beija-Flor e Elaine Reis durante cerimônia de casamento na Marquês de Sapucaí. No colo, a recém-nascida Luiza Flor — Foto: Reprodução/ TV Globo



Casamento em plena avenida



O cantor já queria oficializar o relacionamento. A ideia de casar na Sapucaí surgiu em um dia de descanso.

“Estávamos assistindo um programa de televisão e vimos casamentos diferentes. Um casal saltando de um avião de paraquedas, outro trocando alianças em um mergulho no fundo do mar, outro alpinista subindo e lá em cima eles casando. Aí eu falei para ela: ‘Poxa, taí uma ideia’”, contou o cantor, sobre casar no palco onde brilhou tantas vezes.

Mas casar na maior passarela do samba do mundo não é tão fácil assim. Os proclamas já estavam correndo e a ideia de casar na Sapucaí surgiu cerca de dois meses antes da cerimônia. Foi necessária uma autorização especial da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).

A cerimônia aconteceu no dia 22 de fevereiro de 2009, depois do desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel e antes da entrada da Beija-flor na Sapucaí. Ele teve dez minutos para casar, diante dos holofotes no primeiro recuo da bateria. A filha tinha nascido há pouco tempo e estava ao lado dos pais.

Naturalmente, pela curiosidade e acúmulo de pessoas, o rebuliço ao redor da festa foi maior que o esperado e a escola demorou um pouco mais para começar o desfile.

“Foi o casamento com o maior número de convidados. Isso sem ter um chope, sem ter um salgadinho”, avaliou Neguinho.



Fonte: G1

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