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quarta-feira, 17 de julho de 2019

DISCOS DE ARTISTAS DE MPB DEVEM SER LANÇADOS (TAMBÉM) EM CD PORQUE AINDA HÁ DEMANDA NO MERCADO

Fãs de cantoras como Gal Costa e Célia têm apego à mídia física

Por Mauro Ferreira



É fato já irreversível que o mercado fonográfico opera quase que totalmente de forma digital. Edições em CD se tornaram relíquias – às vezes tão caras quanto as dos revalorizados LPs – produzidas em tiragens pequenas, direcionadas a colecionadores de discos.

Contudo, executivos desse mercado precisam atentar para o fato de que, dependendo do artista, o CD ainda é uma mídia necessária.

No caso de artistas novos, já projetados na era do comércio musical digital, a edição em CD de um álbum até se torna menos fundamental. Afinal, o público jovem de artistas novos como o rapper Baco Exu do Blue a cantora Duda Beat, para citar somente dois exemplos, já pouco ou nenhum apego têm às mídias físicas.

Já no caso de artistas associados à MPB – gênero de música consumido por público geralmente acima de 40 anos – o CD ainda é item indispensável. O apego é total.

Não por acaso, a Biscoito Fino – gravadora carioca que concentra o maior número de astros da MPB em catálogo estelar que inclui discos de Chico Buarque, Gal Costa e Maria Bethânia, entre outros ícones do gênero – pretende sabiamente continuar investindo nas edições de CDs, DVDs e LPs desses medalhões.

É que esses artistas têm admiradores que possuem as discografias completas desses nomes em mídias físicas, jamais deixando de comprar os CDs dos ídolos para manter a coleção completa.

Por essa razão, a Kuarup – gravadora paulista de perfil semelhante ao da Biscoito Fino, voltado para a música brasileira mais tradicional – erra ao ter lançado o último álbum póstumo da cantora Célia (1947 – 2017) somente em edição digital, disponibilizada em 13 de fevereiro nas habituais plataformas de música.

Previsto de início para ter sido lançado em janeiro, Célia & Orquestra – Canções de Chico Buarque ao vivo é o típico disco que merece edição em CD, mesmo que seja em tiragem reduzida de 300 exemplares, como vem fazendo o selo Discobertas com êxito comercial.

Há demanda, mesmo que pequena (comprovada pelas vendas de CDs em shows), embora haja também escassez de pontos de venda com a falência de redes de livrarias que comercializavam discos.

O fato é que, ao lançar um álbum de um cantor de MPB somente em edição digital (como fez a Universal Music em 2018 ao desmembrar em dois EPs o projeto acústico de Milton Nascimento), as gravadoras impedem que os fãs desse cantor completem a discografia do artista. O que acaba sendo injusto com os consumidores fiéis e com o próprio legado de artistas como a memorável Célia.

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