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sexta-feira, 14 de junho de 2019

PRODUTOR MUSICAL ANDRÉ MIDANI MORRE AOS 86 ANOS NO RIO

Nascido na Síria, o executivo de gravadoras esteve por trás de sucessos da bossa nova, do rock e da MPB


André Midani: produtor requisitado no BrasilLatinGrammy.com


Morreu na noite de quinta-feira (13), no Rio de Janeiro, o produtor musical e executivo de gravadoras André Midani, aos 86 anos.

Ele estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea, para tratar um câncer. A princípio, velório e enterro serão reservados apenas para amigos e familiares.

Nascido em Damasco, na Síria, André virou uma referência no mundo da música por acaso.

Criado para ser confeiteiro, ele decidiu não seguir o caminho profissional estipulado pelo pai e começou a atuar em gravadoras no ano de 1952, quando a família se mudou para a França. 

Iniciou na empresa como apontador de estoque, chegando a vendedor, mas destacou-se posteriormente numa profissão que ainda não existia: descobridor de projetos fonográficos.

Midani mudou-se para o Brasil em 1955. Um dia após chegada ao país, procurou por contato de gravadoras nas Páginas Amarelas. 

Interessou-se pela Odeon Records, porém como ainda não era fluente no português, tentou se comunicar em inglês com a telefonista, que, confundindo-o com algum funcionário da matriz europeia, transferiu a ligação para a sala da presidência da empresa.

Nessa ligação, Midani conseguiu agendar uma entrevista, que lhe garantiu um emprego cujo objetivo era o lançamento do selo Capitol Records no Brasil. Foi esse o início da carreira dele no setor fonográfico brasileiro.

Sua ascensão foi meteórica. Logo, ele virou referência no lançamento de novos artistas de bossa nova. Passaram pelo crivo de Midani Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, João Gilberto e Oscar Castro Neves.

Após desligamento da gravadora, e com o financiamento da própria Odeon, fundou a Imperial, que vendia discos de porta em porta.

A nova empresa de Midani teve boa participação no mercado e, em determinados momentos, comercializou mais discos que a própria Odeon, tendo se estabelecido posteriormente na Argentina, Venezuela, Peru e México. 

O produtor trabalhou na Capitol até 1968, quando foi convidado a exercer a presidência da Philips (atual Universal Music) no Brasil.

Lá, recebeu o prazo de três anos para transformar a deficitária gravadora numa empresa lucrativa, ou a mesma seria fechada. Para atingir a meta, Midani diminui o cast em 50 nomes e foca em entrelas como Elis Regina, Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Os Mutantes, Edu Lobo e Ronnie Von.

Depois, a companhia foi reforçada por artistas como Maria Bethânia, Vinicius de Moraes, Toquinho, Tim Maia, MPB4, Chico Buarque, Jorge Ben (hoje conhecido como Jorge Ben Jor), Evaldo Braga, Luiz Melodia, Jards Macalé e Raul Seixas, entre outros.

Midani ficou na presidência da empresa até 1976, quando foi convidado para montar a Warner no Brasil.

Lá, contratou artistas como Elis Regina, Tom Jobim, Gilberto Gil, Belchior, Hermeto Pascoal, João Gilberto, Paulinho da Viola, Ney Matogrosso, Raul Seixas, Guilherme Arantes, Baby Consuelo (hoje Baby do Brasil), Pepeu Gomes, A Cor do Som, Banda Black Rio e As Frenéticas. Com esse investimento, viu a participação de mercado da Warner subir de 3 para 14%.

Na década de 1980, previu o sucesso do rock nacional e apostou em artistas como Lulu Santos e os grupos Titãs, Barão Vermelho, Ultraje a Rigor, Ira!, Inocentes, Kid Abelha e Camisa de Vênus. Em 1990, foi transferido para Nova York, onde assumiu o cargo de presidente da Warner para toda a América Latina.

Midani chegou a fazer parte do Conselho de Direção da gravadora na Itália e na Espanha. A partir do ano 2000, virou membro do Conselho Consultivo da Warner Music Internacional.

Em 2002 ele retornou ao Brasil, onde estabeleceu residência, passando a trabalhar na ONG Viva Rio. Convidado pelo ministro Gilberto Gil, exerceu o cargo de comissário-geral do Ano do Brasil na França, em 2005.


Fonte: R7

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