Musico paulista volta ao mercado fonográfico com um álbum uníssono em sua proposta de combinar distintos elementos e gêneros que englobam do jazz ao pop, do r&b (entre outros gêneros) à música brasileira.
Por Bruno Negromonte
É público e notório que o contrabaixo é o mais grave dos instrumentos de cordas existente. Surgido ao longo do século XV, a partir da evolução de outros instrumentos, e objetivando atender a necessidade de reproduzir as partes graves das músicas de uma forma mais nítida e perceptível, o instrumento nessa época, digamos, mais "rudimentar", possuía apenas três cordas (a adoção de quatro cordas só se deu a partir do século XIX). No entanto, devido as suas proporções e a dificuldade de locomovê-lo, o instrumento não caiu no gosto dos músicos da época, sendo restrito e pouco convencional a sua utilização. Só na metade do século XX, na década de 1950, o luthier Leo Fender resolveu o problema criando o famoso baixo elétrico, o que acabou facilitando não apenas o transporte deles, mas também a popularização de estilos musicais que o absorveram de modo bastante orgânico. Em nosso país a coisa não é diferente, o Brasil é detentor de alguns dos maiores nomes da música instrumental, dentre eles alguns baixistas que souberam deixar como legado não apenas métodos e técnicas, mas acima de tudo o respeito no universo da música. E quem afirma isso não sou eu, mas alguns dos maiores especialistas em música do planeta. Nomes como o do já saudoso Arthur Maia (falecido precocemente aos 56 anos em Niterói ao fim do ano passado), o do seu tio Luizão Maia, que ao longo de sua carreira acompanhou, em shows e gravações, relevantes nomes não apenas da música popular brasileira como também conceituados artistas internacionais a exemplo de Janis Joplin, Lee Ritenour, Toots Thielemans, George Benson entre outros. Outro exemplo, Nico Assumpção, que também faleceu precocemente aos 46 anos, talvez seja o outro elemento que forma a tríade mais popular quando nos referimos a este tipo de instrumento em nosso país.
Contemporâneo desses nomes mais populares, Jorge Pescara sedimentou a sua carreira no cenário contemporâneo do jazz e do rock progressivo e hoje é considerado um dos baixistas brasileiros de maior expressividade no cenário musical não apenas do país, mas também do Exterior. Atualmente, integrante do grupo da cantora Ithamara Koorax, com quem já gravou diversos discos (a exemplo do “Brazilian Butterfly”, do “Got To Be Real” e do “Love Dance”) e excursionou pelo mundo em países como Finlândia, Portugal, França e Coreia do Sul. Baixista, compositor e arranjador, Jorge Pescara traz em sua biografia o compartilhamento do palco com expressivos nomes a exemplo de Eumir Deodato, Paulo Moura, Celso Fonseca, Dom Um Romão, José Roberto Bertrami, Mario Castro Neves, Luiz Bonfá, o guitarrista japonês Mamoru Morishita, os compositores portugueses Fernando Girão e Paco Bandeira, a banda prog metal norte-americana The Unified One, dentre vários outros. Essas experiências não apenas embasaram a sua arte, mas também contribuíram de modo decisivo para entroncar e substanciar aquilo que hoje podemos ouvir a exemplo dos aclamados “Grooves In The Temple” (que lançado em 2005 pela Voiceprint Records traz releituras para canções como "Power of Soul" do Jimi Hendrix e "Kashmir" do Led Zeppelin; além de uma ode a alguns nomes da música instrumental brasileira a exemplo de Arthur Maia ("Funchal"), Deodato ("Black Widow") e Luiz Bonfá ("Sofisticada")) e “Knight Without Armour”, álbum batizado com o mesmo título de um drama histórico britânico de 1937 estrelado por Marlene Dietrich e Robert Donat.
Por Bruno Negromonte
É público e notório que o contrabaixo é o mais grave dos instrumentos de cordas existente. Surgido ao longo do século XV, a partir da evolução de outros instrumentos, e objetivando atender a necessidade de reproduzir as partes graves das músicas de uma forma mais nítida e perceptível, o instrumento nessa época, digamos, mais "rudimentar", possuía apenas três cordas (a adoção de quatro cordas só se deu a partir do século XIX). No entanto, devido as suas proporções e a dificuldade de locomovê-lo, o instrumento não caiu no gosto dos músicos da época, sendo restrito e pouco convencional a sua utilização. Só na metade do século XX, na década de 1950, o luthier Leo Fender resolveu o problema criando o famoso baixo elétrico, o que acabou facilitando não apenas o transporte deles, mas também a popularização de estilos musicais que o absorveram de modo bastante orgânico. Em nosso país a coisa não é diferente, o Brasil é detentor de alguns dos maiores nomes da música instrumental, dentre eles alguns baixistas que souberam deixar como legado não apenas métodos e técnicas, mas acima de tudo o respeito no universo da música. E quem afirma isso não sou eu, mas alguns dos maiores especialistas em música do planeta. Nomes como o do já saudoso Arthur Maia (falecido precocemente aos 56 anos em Niterói ao fim do ano passado), o do seu tio Luizão Maia, que ao longo de sua carreira acompanhou, em shows e gravações, relevantes nomes não apenas da música popular brasileira como também conceituados artistas internacionais a exemplo de Janis Joplin, Lee Ritenour, Toots Thielemans, George Benson entre outros. Outro exemplo, Nico Assumpção, que também faleceu precocemente aos 46 anos, talvez seja o outro elemento que forma a tríade mais popular quando nos referimos a este tipo de instrumento em nosso país.
O mais recente trabalho, "Grooves in the Éden", terceiro em sua discografia solo, mesmo confluindo com outros elementos sonoros não deixa de ser, digamos, orgânico. A força e a expressividade do instrumento se faz presente e assim, como nos projetos anteriores, o músico apresenta um misto de releituras e canções inéditas. Presente no álbum recriações para sucessos de nomes como Brecker Brothers (“Song For Barry”), Deep Purple (“Smoke On The Water”), Earth Wind & Fire (“Brazilian Rhyme”), The Beatles (“Come Together”) e Freddie Hubbard (“Povo”). Dentre as faixas inéditas estão algumas da lavra do músico como "Ao Cósmico", "Azymuth Men" (homenagem ao trio Azymuth, em especial a seu saudoso fundador José Roberto Bertrami que faleceu em 2012 e com quem Pescara tocou por mais de 10 anos), "Plato's Dialogue: Critias" e "Plato's Dialogue: Timaeus" (ambas em parceria com o saudoso multi-instrumentista Gaudencio Thiago de Mello), uma parceria com o não menos saudoso percussionista Laudir de Oliveira ("Macumbass") e a faixa que batiza o álbum, "Grooves in the Éden", escrita em homenagem ao maestro Bob James, trata-se de outra parceria do baixista, desta vez com Glauton Campello, requisitado músico de estúdio e de requintada musicalidade falecido em fevereiro de 2018. Na tecitura sonora deixam, cada um ao seu modo, a sua assinatura musical nomes como Claudio Infante, o baterista franco/português David Jeronimè, André Sachs, Roberto Sallaberry, Paulinho Black, o celista italiano Davide Zaccaria dentre outros.
Em síntese é isso: Jorge Pescara mostra-se um verdadeiro alquimista sonoro ao saber fazer dos seus projetos fonográficos um belo cartão-postal musical, onde as peculiaridades que marcam a nossa música popular brasileira fazem-se presente em cada faixa, onde gêneros confluem de modo positivo a favor do estilo e bom gosto ao mesclar-se com distintos elementos ora na sonoridade inebriante do jazz, ora na força do rock, do pop, do funk, ou do r&b. Assim como seus discos anteriores, “Grooves In The Eden” transcende rótulos e estilos e, apresentando uma fusão única e inovadora, reitera a prova inconteste de que os pioneiros baixistas da música popular brasileira fizeram escola e deixaram pomposos frutos para música brasileira contemporânea com reconhecimento mundial como é o caso de Pescara e os seus álbuns, que chegam ao Brasil via Tratore, mas tem por propósito atender a ânsia do público internacional. Tanto que o mais recente trabalho saiu a princípio pela gravadora Jazz Station Records, de Los Angeles.
Maiores Informações:
Tratore - https://tratore.com.br/um_artista.php?id=467
Youtube - https://www.youtube.com/channel/UCcCSnbsAmJUObkMk85tmc3g
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