TRISTEZA
Era triste. Tão triste quanto um jardim deserto de flor ou uma terra que não vê chuva, vários invernos ausentes. Não se sabia exatamente a razão da tristeza daquela mulher. Sabia-se, apenas, que ela era triste. E sua tristeza era plenamente perceptível aos olhos até dos mais desatentos: bastava olhar para senti-la triste, talvez desesperançada. Por certo, algum amor não correspondido ou uma saudade escondida no fundo do peito. Na verdade, toda tristeza é quase igual, seja de saudade, seja de desalento ou mágoa. Fere a alma e magoa o coração da mesma forma, quase. Nunca me atrevi a perguntar-lhe a razão de tamanha tristeza. Talvez, com receio de que também ficasse triste ao saber. Temor de que tristeza fosse algo contagiante. E é. Só de vê-la triste também entristeci.
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