O segundo disco de sua carreira tem como principal mote mostrar a versatilidade do instrumento, agregando diferentes gêneros nacionais
Por Emannuel Bento
Paralelamente à carreira solo, ele mantém a atividade artística integrando o Cavalo Marinho Estrela de Ouro (Condado - PE).
Muitos pensam que a rabeca é um instrumento ligado exclusivamente a musicalidades tradicionais e regionais. Também há preconceito de quem considere que o objeto propaga sons exclusivamente “rudimentares” ou “rústicos”. Cláudio Rabeca quer provar justamente o contrário. Considerado um “rabequeiro da nova geração”, o potiguar radicado em Pernambuco lança novo disco nesta quarta-feira (16), na Passa Disco, Zona Norte do Recife. Intitulado Rabeca brasileira, o segundo álbum de sua carreira tem como principal mote mostrar a versatilidade do instrumento, agregando diferentes gêneros musicais nacionais, a exemplo de forró e do samba.
O material começou a ser gravado em maio de 2018, com apoio do Funcultura, mas as canções já vinham maturando na cabeça do intérprete nos últimos três anos. Paralelamente à carreira solo, ele mantém a atividade artística integrando o Cavalo Marinho Estrela de Ouro (Condado - PE) há 14 anos - também já entoou a rabeca no Quarteto Olinda e Maracatu Estrela Brilhante do Recife. Em 2009, lançou Luz do baião (Independente), seu primeiro disco solo.
Para o Rabeca brasileira, ele convidou o francês radicado em São Paulo Nicolas Krassik para assinar arranjos e produção musical. A cantora Marina Aydar também colabora com vocais. “O que geralmente falam quando me escutam tocando é: ‘finalmente achei um rabequeiro afinado’. O instrumento carrega esse estigma de ser desafinado, mas o disco serve para mostrar que se pode tocar afinado com rabeca sim. Pode-se tocar qualquer coisa com rabeca, ela pode estar em qualquer jogada musical”, diz um músico, em entrevista ao Viver.
Já de início, o álbum apresenta uma regravação de Upa neguinho (Edu Logo e Gianfrancesco Guarineri), comprovando a intenção de “desmitificação”. O choro Receita de samba (Jacob do Bandolin) é outro exemplo. Forró do Zé Jack faz uma homenagem a Jackson do Pandeiro, grande ídolo do artista. As canções Tente se atirar (Cláudio e Martins) e Me leve (Cláudio, Martins e Marcello Rangel) são mais românticas, desmembrando a versatilidade. Estrela sertã, faixa de tom grandioso e tocante, é um dos destaques. “Por ter sido composto em diferentes momentos, as letras são bem diversas. Mas em geral elas falam sobre fazer o que se gosta com afinco e se jogar. Foi o que decidi quando quis fazer música. Também trago uma mensagem de esperança”, diz ele.
No final do encarte do disco, Cláudio fez questão de creditar creditou todos os construtores das rabecas - incluindo seus respectivos contatos: Wilfred Amaral (PB), Zé Pereira (SP), Nelson da Rabeca (AL), Damião Rodrigues (RN) são alguns exemplos, além do próprio Cláudio. “Isso é como se fosse uma responsabilidade para mim. Sinto essa necessidade de ser representativo. Gravei com sete rabecas diferentes, de sete construtores, e cada rabeca tem um som. A cada música você sente um soar diferente. As do Sudeste, por exemplo, estão mais ligadas à tradição do fandango, importante manifestação em que o instrumento está inserido”, finaliza o artista, encabeçando o projeto que dá novos tons ao instrumento consagrado por Nelson da Rabeca, Mestre Salu e Luiz Paixão.
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