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domingo, 10 de fevereiro de 2019

FERNANDA CUNHA JOGA MERECIDO HOLOFOTE SOBRE A OBRA DE FILÓ MACHADO

Depois de homenagear Johnny Alf, Sueli Costa, Chico Buarque e Tom Jobim, a cantora  aumenta o rol de homenageados em mais um projeto de requinte e bom gosto e que traz na produção a sua assinatura

Por Bruno Negromonte



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Não foi ontem que a música brasileira de qualidade ganhou o mundo. Se fizermos um retrospecto histórico veremos que nos ido anos de 1940, Carmen Miranda, após estourar com a música "O Que É Que a Baiana Tem?", composta por Dorival Caymmi e mudar-se para os Estados Unidos ganha projeção mundial (chegando a ser considerada a mulher mais bem paga do show business americano). Daí em diante a qualidade musical brasileira a fez um dos mais bem sucedidos produtos de exportação brasileiro ganhando força e visibilidade ao longo dos anos não só com artistas pontuais, mas também com movimentos como a Bossa Nova. Desde então sempre respeitada, a MPB a partir de nomes como João Gilberto, Tom Jobim, Milton Nascimento, Sérgio Mendes, Moacir Santos entre outros sedimentou-se como uma das grandes referências sonoras do planeta. Dando continuidade a esse contexto cíclico artistas contemporâneos seguem a divulgar a música popular brasileira a exemplo da artista hoje em questão. Cantora de alta estirpe, Fernanda Cunha começou a sua carreira artística na década de 1990 e não fugiu à esta regra. Graduada em Psicologia, ela não resistiu aquilo que literalmente está em seu sangue e resolveu enveredar em definitivo para a música depois de sua primeira apresentação no Rio ao final de 1997, chegando ao mercado fonográfico cinco anos depois com o álbum "tempo e o lugar", disco que traz em seu repertório nomes como Djavan, Sueli Costa, Fausto Nilo, Capinam, Ivan Lins, Fernando Brant, Toninho Horta, Gilson Peranzetta, entre outros. Com talento e um time dessa envergadura em seu seleto repertório não foi difícil credenciar-se a uma bem sucedida carreira no Exterior. 




A cada novo ano Fernanda não só vem sedimentando a sua carreira no Exterior a partir de  suas apresentações em festivais de jazz espalhados pelos quatro cantos do planeta (a exemplo do Vancouver International Jazz Festival-Canadá, Jazz Iberia-Espanha, IgJazz Wien, Aarhus jazz festival Denmark , Festival de Jazz de Bornéu - Malásia, Toronto Jazz Festival, entre outros), como também vem se firmando como um dos grandes nomes da música brasileira contemporânea ao levarmos em consideração a destreza e coerência que vem pontuando o seu trabalho. Lugares como Canadá, Áustria, Argentina, Dinamarca, França, Malásia e Portugal são alguns dos lugares que documentaram essa afirmação e tiveram a oportunidade de atestar esse talento ao recebê-la para distintas apresentações ao longo dessas últimas duas décadas. Além disso, Fernanda Cunha vem somando à sua discografia projetos não apenas de grandeza estética, mas acima de tudo documental como é o caso do álbum "Zíngaro - Fernanda Cunha e Zé Carlos interpretam as parcerias de Tom Jobim e Chico Buarque" lançado em 2007 e que reúne toda a obra feita em parceria entre Tom Jobim e Chico Buarque"Dois corações - Fernanda Cunha interpreta Johnny Alf e Sueli Costa" (2004) que abarca dois homenageados como o próprio título já denuncia, "Jobim 90" (lançado em 2017 chega como mais um projeto que reverencia o Maestro soberano Antonio Carlos Jobim)entre outras ideias musicais que não só registra garbosamente o melhor que a música brasileira pode oferecer como também faz-se prova documental que pautar-se coerentemente na impecabilidade e refinamento estético ainda é o melhor viés para apresentar a música brasileira por outras aldeias como é o caso deste novo projeto em homenagem a este artista nato que vem escrevendo a sua história paralelamente aos ditames de um mercado fonográfico avesso aquilo que rege o trabalho de ambos. 

Nascido em Ribeirão Preto (SP), Filó Machado começou a cantar nos bailes quando ainda era criança até chegar em São Paulo e apresentar-se em praticamente todas as casas noturnas (pelo menos as mais conceituadas) da capital naquela época. Ao final dos anos de 1970 lança "Filó", disco de estreia que apresenta composições suas em parceria com Ruy Baiano e Judith de Souzaconhece o cantor e compositor alagoano Djavan e com ele chega a compor "Jogral" (também em parceria com José Neto) e começa a somar parcerias com alguns dos mais relevantes nomes da música brasileira a exemplo de nomes como Sérgio NaturezaCacasoAldir BlancAna TerraFátima GuedesJane Duboc, Sérgio Ricardo entre outros. Sem contar também os parceiros internacionais  como é o dos nomes de Paul Moreah Michael Legran (estes dois últimos durante o período que residiu na França). Esse know how acabou por credenciá-lo ao  rol dos conceituados compositores e melodista brasileiros.

Após ser reverenciado por Hermeto Pascoal na canção "Ao amigo Filó" (gravada por Filó Machado no álbum "Oxalá Père", de 1993), chegou a vez de um projeto totalmente dedicado à sua obra. E essa homenagem não poderia vir de uma artista de quilate maior que Fernanda Cunha (que já havia registrado da lavra do autor a canção "Manhã Mineira", presente no álbum "Olhos de mar", de 2015). Agora, Fernanda ao lado dos músicos Zé Carlos (violão, guitarras e arranjo), Camilla Dias (piano), Helbe Machado (bateria), Berval Moraes (baixo) e Reg Schwager (guitarra) apresenta releituras pessoais e consistentes de uma obra que vem sendo construída de modo bastante pessoal desde a década de 1970. Deste início da carreira do músico paulista a cantora traz "Jogral" (parceria com DjavanJosé Neto) e a canção "Vale o escrito", a primeira parceria de Filó com Aldir Blanc. Da dupla ainda está presente no álbum digital a canção "Carmens e consuelos" (regristrada pelo próprio Filó no álbum "Porto seguro", de 2001). Fernanda Cunha emergi ainda da obra musical do cantor e compositor paulista composições como "Perfume de cebola" (canção em parceria com o saudoso Cacaso), "Boca de leão" e "Rainha da noite" (compostas por Filó e a esposa Judith de Souza) e "Vice versa(uma parceria de Machado com Sérgio Natureza). Da lavra exclusiva do artista, Fernanda registrou "Pro Felipe", canção feita em homenagem ao neto de Filó. Em síntese, além da excelente qualidade musical, o  álbum digital "Fernanda Cunha canta Filó Machado" deixa a quem ouve um gosto de quero mais, aguçando o desejo para que a proposta apresentada inicialmente seja o cerne de um projeto fonográfico também físico para assim atender também aos ouvidos de todos aqueles sedentos por música de qualidade e que resistem às novas tecnologias via streaming.



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