Herdeiro e difusor da cultura popular forjada na família Salustiano fará evento no Teatro de Santa Isabel para lançar o disco Liberdade
Por Emannuel Bento
Com forte tom político e social, Liberdade é o quinto álbum de estúdio do rabequeiro pernambucano.
Preconceito, violência, religiosidade e democracia são as temáticas mais recorrentes de Liberdade, novo disco do pernambucano Maciel Salú. Com forte tom político e social, o quinto álbum de estúdio do rabequeiro será lançado em evento no Teatro de Santa Isabel, no Recife, neste domingo (25), às 19h. No palco do prédio histórico, ele apresentará todas as faixas da obra, além de contar com a participação da carioca Juçara Marçal, vocalista da banda Metá Metá, que canta na faixa Mãe do mar. Os ingressos estão sendo vendidos por R$ 30 e R$ 15 (meia), no site Sympla e na bilheteria do local. O disco estará disponível nas principais plataformas digitais logo após o show de lançamento.
Nas dez músicas autorais do novo trabalho, Maciel Salú aposta em um estilo mais contemporâneo, desenvolvido com auxílio de cordas e pedais de guitarra, inovando o repertório e se aproximando de ouvintes mais distantes da música chamada de regional. Desta vez, a tradicional rabeca transcende o arquétipo da cultura popular como um instrumento de musicalidade universal. Maciel faz tudo isso, claro, sem abandonar as suas raízes, fincadas no cavalo-marinho, nas sambadas de maracatu, na ciranda e no coco.
No âmbito das temáticas, a novidade reflete bastante a visão de mundo do pernambucano. "Minha música fala sobre o cotidiano, o que inclui preconceito, racismo e desigualdade social. Afinal, sabemos como tratam as pessoas de origem humilde neste país. Eu mesmo já passei por situações desagradáveis", diz o cantor, que é filho do Mestre Salustiano, neto de João Salustiano e faz da carreira artística uma missão para propagar o legado cultural da família.
O título do álbum, Liberdade, também expressa bastante as intenções de Maciel Salú com o trabalho. Para ele, falta liberdade no mundo atual. “Antes, brincávamos nas ruas, conversávamos nas calçadas até tarde. Hoje, as pessoas vivem isoladas dentro de casa, as crianças brincam com aparelhos tecnológicos”, analisa. Ele ressalta a questão da segurança pública como outro fator responsável pelo cerceamento da autonomia dos indivíduos. “Essa situação que o Rio de Janeiro está vivendo [o estado está sob intervenção federal], que o Brasil em está passando. O cidadão sofre muito na rua às noites, principalmente as mulheres, que são agredidas e estupradas”. A faixa homônima é um contundente discurso sobre respeito, justiça e igualdade. “Sem democracia, não podemos construir o caminho da verdade para todos serem felizes”, diz um dos trechos da composição.
Outra canção crítica é Maracatu sem lei, em que Maciel revisita o episódio das proibições da realização das sambadas de maracatu, na Zona da Mata, até o dia amanhecer, em 2014. “É música é sobre a nossa luta contra uma lei sobre grandes eventos, que comparavam o maracatu com shows de grande porte. Mestres estavam sendo encurralados, não tinham liberdade para manter a cultura viva. Tivemos que buscar o Ministério Público para reverter a situação”. Salú endossa o discurso sobre resistência comum a artistas da cultura popular: “Temos que olhar justamente para os que estão sendo prejudicados com essa intolerância, como o maracatu rural e os terreiros de candomblé, diariamente agredidos e violentados”.
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