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quarta-feira, 28 de março de 2018

LEGADO DE DALVA DE OLIVEIRA É CELEBRADO EM CD COM PARTICIPAÇÃO DE VÁRIAS GERAÇÕES DE ARTISTAS

O repertório lançado pela cantora marca até hoje a história da música popular brasileira

Por Ana Clara Brant


O Cruzeiro/Arquivo EM - 31/10/52
Dalva de Oliveira (C), em 1952, quando gravou a marcha Estrela do mar
(foto: O Cruzeiro/Arquivo EM - 31/10/52)


A história dela foi parar em livros, palcos e até em minissérie da Globo. Curiosamente, em 2017, ano de seu centenário de nascimento, aquela que é considerada por muitos a maior cantora do Brasil foi pouco lembrada. “Dalva de Oliveira é uma das artistas mais completas que este país já viu, uma intérprete fabulosa. Infelizmente, não tivemos muitos eventos para celebrá-la”, lamenta o produtor musical e jornalista Thiago Marques Luiz. Partiu dele e do pesquisador e crítico Ricardo Cravo Albin uma das raras homenagens à “Estrela Dalva”.
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De julho a agosto do ano passado, 32 artistas de várias gerações e estilos se reuniram no espetáculo Dalva de Oliveira – 100 anos. Foram duas noites: em São Paulo, no Teatro J. Safra, e no Rio de Janeiro, no Imperator. Angela Maria, Claudette Soares, Alaíde Costa e Leny Andrade – cantoras que conviveram com Dalva – subiram ao palco, além de representantes da nova cena da MPB: Filipe Catto, Julia Vargas, Ayrton Montarroyos, Xênia França, Assussena e Raquel Virgínia – as duas últimas integrantes da banda As Bahias e a Cozinha Mineira.

“A ideia era justamente fazer o encontro de gerações, reunindo diversos estilos e influências. Essa mistura é muito bacana. Particularmente, tenho muito orgulho de levar para o palco Dóris Monteiro, Alaíde Costa, Luciene Franco, que foi nora da Dalva, Claudette Soares, Célia, Eliana Pittman e Maria Alcina, grandes cantoras que estão na ativa. Ao mesmo tempo, mostramos a turma que está acontecendo: Ayrton Montarroyros, que ficou conhecido no The voice, Marina de La Riva e Filipe Catto. Música não tem idade”, ressalta Thiago Luiz. O jornalista é especialista em comemorar o centenário de nomes emblemáticos de nossa música. Já ganharam tributos Cartola, Carmen Miranda, Herivelto Martins (ex-marido de Dalva de Oliveira), Adoniran Barbosa e Luiz Gonzaga. “Todos esses eventos reuniram os mais variados tipos de artistas. No segundo semestre, vamos celebrar os 100 anos do sambista Geraldo Pereira”, avisa, referindo-se ao mineiro de Juiz de Fora, autor do clássico Acertei no milhar.



Maio
As duas apresentações em homenagem a Dalva, mãe do saudoso cantor Pery Ribeiro, resultaram no CD duplo gravado ao vivo lançado pela Biscoito Fino. “A festa não acabou. Vamos fazer um show de lançamento em maio, no Rio, e mais para a frente em São Paulo. Esse trabalho mostra toda a força da Dalva, pois traz o repertório imortalizado por ela – Segredo, Calúnia, Bandeira branca, Zum zum e Ave Maria no morro. Além isso, tem o lado B, as canções não tão conhecidas”, revela.

Uma das faixas do CD é Mentira de amor, a última gravação da cantora Célia, que morreu em setembro do ano passado. O álbum, aliás, foi dedicado a ela. “O mais bacana é que praticamente todas essas composições foram feitas para a Dalva e lançadas por ela. Dalva de Oliveira se tornou um mito porque era cantora única, com uma potência vocal de impressionar. Ela nunca se repetia. Teve várias seguidoras, como a própria Angela Maria”, diz o pesquisador. Nascida em Rio Claro (SP), a cantora morreu em 1972, aos 55 anos, de câncer.

Thiago Marques Luiz, de 38 anos, conta que a curiosidade a respeito da música brasileira o acompanha desde a infância. “Guardava o dinheiro que meus pais davam para o lanche e comprava LPs dos cantores. Formei-me em jornalismo e acabei trabalhando com produção musical. Há uns 10 anos faço projetos celebrando os grandes nomes da MPB. No que depender mim, essas figuras, fundamentais para a nossa história e a nossa cultura, serão sempre lembradas”, conclui.


Casa de Dalva

Neste domingo, os mineiros Thelmo Lins e Wagner Cosse vão homenagear Dalva de Oliveira. Às 18h, a dupla apresenta o show Casa de Dalva no Teatro Santo Agostinho. O repertório reúne os clássicos Máscara negra, Errei, sim e Bandeira branca, entre outros. Thelmo e Wagner estarão acompanhados por Rogério Delayon (cordas e arranjos) e Tatá Sympa (teclado e acordeom). O teatro fica na Rua Aimorés, 2.679, Bairro Santo Agostinho. Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada). Informações: (31) 3209-4858. Entradas antecipadas custam R$ 17 e podem ser adquiridas no site www.sympla.com.br/tw.


DALVA DE OLIVEIRA: 100 ANOS
Vários artistas
32 faixas
Biscoito Fino
Preço sugerido: R$ 50

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