Bob Nelson foi, sem sombra de dúvidas, uma das figuras mais emblemáticas da música popular brasileira. Ator e cantor, o artista caracterizava-se por um repertório country e uma vestimenta que fazia jus ao repertório. Para quem não sabe, Bob Nelson foi o grande ídolo de toda uma geração de quando inciou a sua carreira (inclusive do nosso Rei Roberto Carlos). Batizado como Nelson Roberto Perez, Bob iniciou a carreira artística cantando na Rádio Educadora de Campinas (SP), chegando a acompanhar Carmen Miranda em 1939, quando ela por lá se apresentou. Ainda no interior paulista inicia a carreira imitando o americano Gene Autry, fazendo sucesso imediato com a versão para "Ó Suzana" feita por ele. Por conta desta versão começou a ganhar diversos prêmios e a vencer concursos de calouros, até chegar na Rádio Tupi de São Paulo. Um fato curioso neste período é o cheque recebido de Assis Chateaubriand, dono da Rádio Tupi, para comprar um traje completo de vaqueiro e se apresentar ao comandante, chefe das tropas americanas no Atlântico Sul naqueles anos de guerra, o General Douglas Mac Arthur. Ao sair do interior para a capital paulista, Nelson Roberto troca o nome Nelson Perez por Bob Nelson, uma jogada de sorte, uma vez que, na onda da guerra, e do esforço oficial pró-americanos, acaba conquistando significativos espaços. Vendo que oportunidades melhores poderiam estar na então Capital Federal parte em direção ao Rio de Janeiro para tentar a sorte grande como artista. Era no Rio que estavam as grande oportunidades artísticas da época e com este desejo de ser artista, para outro lugar o pretenso ator e cantor não poderia seguir. Sem poder viver exclusivamente de sua arte, Bob que paralelamente ao sonho de ser cantor havia se diplomado pela Escola de Comércio de Campinas, ao chegar na cidade maravilhosa vai ser representante das extintas indústrias de Meias Ethel. Ao mesmo tempo que iniciava a sua carreira artística como cantor nos cassinos cariocas, cantava também em rádios, bailes e orquestras. No entanto, a "sorte grande" que tanto almejava não havia marcado encontro com ele na década de 1930.
No entanto a década de 1940 chegaria acompanhada por sua consagração artística. Em 1943 ganhou um prêmio na Rádio Cultura de São Paulo por sua interpretação de "Oh, Susana". Daí em diante as portas se abrem para o "Vaqueiro Alegre" (nome pelo qual ficou conhecido) e tem a oportunidade de gravar os filmes "Segura esta mulher" e "Este mundo é um pandeiro". Levado pelo ator Ziembinsky, apresenta-se no Cassino Atlântico, cantando também no Cassino da Urca, Cassino Icaraí e no Clube Quitandinha. Pelas mãos de Haroldo Barbosa é indicado neste período para ser contratado pela Rádio Nacional, onde fez grande sucesso permanecendo por 29 anos. Em 1944, gravou seu primeiro disco pela RCA Victor, onde interpretou a canção "Oh! Suzana" e a valsa "Vaqueiro alegre", de Kanter, em versão de Bob Nelson e Vitor Simon. No ano seguinte grava o foxtrote "Okey Jones" e a marcha "Minha linda Salomé", de Denis Brean e Vitor Simon. Em 1946, gravou outro grande sucesso de sua carreira, a marcha "O boi Barnabé", sua e de Vitor Simon. Ainda na década de 1940, mais precisamente em 1949, fez temporada na Rádio Jornal do Comércio no Recife, acompanhado do Conjunto Regional da mesma rádio do qual faziam parte Sivuca, Jackson do Pandeiro e Luperce Miranda. Sem dúvida alguma, assim como Pedro Raimundo e Luiz Gonzaga, Bob Nelson destacou-se por suas vestimentas e pela inovação naquilo que produziam, pois foi o primeiro artista a fazer a fusão entre o caipira brasileiro e o country americano. Em 1996, teve lançado pelo selo Revivendo o CD "Vaqueiro alegre", coletânea de seus sucessos. É válido um registro curioso a respeito do início de sua carreira: na época em que tentava a sorte grane chegou a atuar ao lado do então desconhecido sanfoneiro Luiz Gonzaga, que também viria a se consagrar como um dos mais representativos artistas nacionais anos depois.
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