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domingo, 17 de dezembro de 2017

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

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Falar da história da música popular brasileira e não trazer ao conhecimento a importância de alguns grupos vocais existente ao longo dela é cometer uma grande heresia. A importância de alguns grupos para a música popular é tão relevante quanto a existência de alguns cantores apesar desse tipo de formação ser um pouco incomum. A quantidade de grupos é ínfima se comparado a outros tipos de formação, mas não posso deixar de destacar nomes como os Anjos de Inferno, Os Cantores de Ébano, Boca Livre, Os almôndegas e tantos outros que escreveram passagens significativas dentro da história de nossa MPB. Hoje, retomo essa abordagem, procurando trazer um expressivo grupo existente na primeira metade do século XX cujo nome, hoje, poucos jovens conhecem. Trata-se do grupo Quatro Ases e Um Curinga, um um conjunto vocal e instrumental brasileiro, formado no Rio de Janeiro, que ao lado dos Anjos do Inferno, foram o conjunto de maior sucesso na dita "era de ouro" do rádio brasileiro, principalmente nos anos 1940. Uma curiosidade acerca desse grupo vocal foi a passagem do saudoso cantor Miltinho, que após passar também pelo Anjos de Inferno teve uma breve passagem pelo Quatro Ases e Um Coringa antes de dar início a carreira solo. Grupo oriundo do Nordeste, sendo todos os seus integrantes de Fortaleza, o Quatro Ases e Um Coringa tinha como primeiros integrantes Evenor Pontes de Medeiros (violonista e compositor); José Pontes de Medeiros (violonista e cantor); Permínio Pontes de Medeiros (gaitista e cantor); André Batista Vieira (o Curinga, pandeirista, cantor e compositor) e Esdras Falcão Guimarães; o grupo passou ao longo de sua existência por algumas reformulações como já dito anteriormente.

Surgido em 1939, a partir da ideia dos irmãos Pontes de Medeiros de formar um quarteto vocal e instrumental juntamente com o amigo André Vieira, os jovens estudantes nordestinos que residiam na então Capital Federal, o Rio de Janeiro, resolveram voltar à sua terra de origem para dar início a carreira artística (não sem antes formarem-se nas respectivas graduações as quais foram estudar). Ao retornar à cidade de Fortaleza, apresentaram-se no Ceará Rádio Clube com o nome de Bando Cearense. Foi então que se juntou a eles o violonista Pijuca. Por sugestão de Demócrito Rocha, eles adotaram o nome de Quatro Ases e Um Melé (nome que viria a ser modificado por sugestão de César Ladeira, então diretor da Rádio Mayrink Veiga, que, satisfeito com a performance do quinteto, contratou-o para o horário nobre da rádio). Ladeira, sugeriu como novo nome Quatro Ases e Um Curinga, uma vez que melé era um termo desconhecido no Rio de Janeiro. Após esta passagem pela Mayrink Veiga, em 1941, o grupo foi contratado por Teófilo Duarte para a Rádio Tupi. No mesmo ano, realizaram, na Odeon, sua primeira gravação em disco, acompanhando Dircinha Batista e, em novembro, gravaram o primeiro disco, também pela Odeon, com a marcha "Os dois errados" (Álvaro Nunes, Estanislau Silva e Nelson Trigueiro) e o samba "Dora, meu amor" (Curinga e Constantino Silva). Vale o registro de que o grupo marcou a história da Música Popular Brasileira em 1946, ao lançar o Baião (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga), gênero musical nordestino então desconhecido no resto do país, que se tornou uma coqueluche nacional e incentivou o interesse do público pela música nordestina, até então pouco divulgada. Em cerca de vinte anos de carreira, o grupo gravou  cerca de 100 discos em 78 rpm, lançados por gravadoras como Odeon, RCA Victor, Marajoara, Todamérica, Mocambo entre outras.

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