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domingo, 19 de novembro de 2017

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

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Vamos nós firmes e fortes em busca de preservar viva a memória musical do nosso país a partir de mais um nome que em dado momento de nossa história cultural deu a sua parcela de contribuição de maneira bastante significativa. Hoje, dentre tantos nomes que se encaixam nesse perfil, escolhi rememorar o nome de Alzirinha Camargo, cantora que apesar de ter tido uma carreira relativamente não muito curta, fez poucos registros fonográficos ao longo das décadas de 1930 e 1960 (período em que se manteve em atividade). Paulista do bairro do Brás, começou a cantar amadoristicamente, apresentando-se na Rádio Record, de São Paulo, tendo depois assinado contrato com a Rádio Cruzeiro do Sul e trabalhado na Rádio Difusora. Ainda no início de sua carreira teve a oportunidade de atuar no filme "Coisas nossas", considerado o primeiro musical brasileiro, filmado no começo dos anos de 1930 por Wallace Downey. Inspirado em produções de Hollywood, o filme apresenta aspectos do Brasil dos anos 20 e início dos anos 30. Bem sucedido, este primeiro  filme sonoro brasileiro tem como enredo dois amigos, que após uma discussão, decidem fazer juntos uma serenata para uma namorada em comum, mas acabam trocando tapas durante os preparativos, depois de um trapacear o outro. No elenco, além de Alzirinha, expressivos nomes musicais da época, tais quais Alvarenga, Francisco Alves entre outros. Ao lado desses grandes nomes teve a primeira oportunidade de difundir o seu nome de um modo mais abrangente  através da película. No entanto o seu primeiro registro fonográfico só viria a acontecer anos depois, quando resolveu ir tentar a sorte e fixar moradia no Rio de Janeiro. Foi na então capital federal que em 1935 a convite de tia Chiquinha tudo começou de fato. 

Já no Rio de Janeiro foi contratada pela Rádio Tupi, onde começou a ficar conhecida por seu estilo, semelhante ao de Carmen Miranda. Em 1936, gravou o primeiro disco pela Victor, com a marchinha "Cinquenta por cento", de Lamartine Babo, e o samba "Você vai se arrepender", de Kid Pepe, Germano Augusto e Alberto Fadel. Nesta época surgem dois convites: um do empresário Alberto Quatrini Bianchi, dono de uma cadeia de cassinos espalhados por todo o país, para apresentar-se em seus estabelecimentos; e outro para participar do filme de Ademar Gonzaga, "Alô, alô, Carnaval", ao lado de Carmen Miranda, Aurora Miranda, Heloísa Helena, Dircinha Batista, Luís Barbosa e outros. Há rumores que nesta época a cantora se desentendeu com Carmen Miranda (situação esta que prolongou-se por toda o resto da carreira de Carmen, que infelizmente faleceu precocemente em 1955). Reza a lenda que o mal entendido entre as duas ocorreu devido a canção "Querido Adão" (de autoria de Benedito Lacerda e Osvaldo Santiago). Próxima ao músico Benedito Lacerda chegou a fazer turnês internacionais juntos e gravou pela Odeon duas músicas feitas para ela por Benedito Lacerda: a marcha "Buenos Aires amigo" e o samba "Ritmo do coração" (parceria com Herivelto Martins). Em 1940 viajou para os EUA a convite do maestro Ciro Rimac, com contrato assinado por 6 meses, mas acabou permanecendo nos Estados Unidos até 1949. Dentre outras atividades profissionais, em 1953 foi contratada pela Rádio Nacional, trabalhou também em televisão entre vários registros fonográficos como "O Culpado Foi Você" (Carvalhinho / Osvaldinho), "Miserê" (Salomão José / Pimentel), "Papai E Mamãe" (Herivelto Martins / Benedito Lacerda), "Pau Que Nasce Torto" (José Maria de Abreu / Carlos Rêgo Barros de Souza), entre outras gravações.

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