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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

GRAMOPHONE DO HORTÊNCIO

Por Luciano Hortêncio*


"Sambatucada do carnaval de 1942, gravado em 8 de outubro de 41 e lançado ainda em novembro, matriz 6801. No acompanhamento, o regional de Benedito Lacerda, com sua flauta inconfundível." (Samuel Machado Filho)




Canção: Casa De Ferreiro

Composição: José de Almeida

Intérprete - Dircinha Baptista

Ano - 1941

78RPM - Odeon 12.067-A



* Luciano Hortêncio é titular de um canal homônimo ao seu nome no Youtube onde estão mais de 10.000 pessoas inscritas. O mesmo é alimentado constantemente por vídeos musicais de excelente qualidade sem fins lucrativos).

10 ANOS SEM CÉSAR FARIA

Resultado de imagem para cesar fariaUm dos principais violonistas do país. Foi funcionário público da Justiça Federal. Atuou como músico por cerca de 70 anos. Pai do sambista Paulinho da Viola e avô da cantora Eliane Faria. Segundo seu filho Paulinho da Viola, "Ele era um dos últimos remanescentes da arte do violão de acompanhamento".

Iniciou a carreira artística artística na década de 1930, atuando em conjuntos regionais. No começo da década de 1960, fundou com Jacob do bandolim o conjunto Época de Ouro, um dos mais importantes grupos de choro do país e que foi de fundamental

importância no movimento de resistência do choro na década de 1960, época em que a bossa nova imperava nos meios de comunicação. Se exibiu com o conjunto com freqüência para personalidades estrangeiras, nos célebres saraus promovidos por Jacob do Bandolim na casa deste em Jacarepaguá. Em 1961, participou da gravação do LP "Chorinhos e chorões" lançado por Jacob do Bandolim na RCA Victor, e que contou com a participação dos músicos que viriam a formar o conjunto Época de Ouro. Desse LP fizeram parte, entre outros, os choros "Assanhado", de Jacob do Bandolim, "É do que há", de Luis Americano, e "Proezas de Sólon", de Pixinguinha e Benedito Lacerda. Em 1961, gravou o primeiro LP com o conjunto Época de Ouro: "Primas e bordões", também pela RCA Victor, LP no qual foram interpretadas músicas como "Teu beijo", de Mário Alvares, "Falta-me você", de Jacob do Bandolim, "Araponga", de Luis Gonzaga, "Minha gente", de Pixinguinha, e "Meu chorinho", de Jonas Silva, entre outras. Em 1968, como integrante do grupo Época de Ouro participou, com Elizeth Cardoso e Zimbo Trio, de um show memorável no Teatro João Caetano, promovido pelo Museu da Imagem e do Som, gravado ao vivo e lançado em dois LPs pelo próprio MIS, produzidos por Ricardo Cravo Albin, então diretor da instituição e idealizador do show. Depois da morte de Jacob do Bandolim, em 1969, o grupo se desfez por alguns anos, voltando a atuar em 1973 sob seu comando contando com Damásio no lugar de Carlinhos e Deo Rian substituindo Jacob. Ao todo gravou mais de quinze discos com o conjunto Época de Ouro. Em 1973, participou com o conjunto època de Ouro do show "Sarau", a convite de Paulinho da Viola, evento realizado no Teatro da Lagoa e dirigido por Sérgio Cabral, marcando a redescoberta do choro na década de 1970. Em 1974, como integrante do Epoca de Ourom participou do antológico LP "Conjunto Época de Ouro", no qual foram registrados clássicos do choro, como "Noites Cariocas", de Jacob do Bandolim, e "Choro negro", de Paulinho da Viola. Em 1976, participou do LP "Memórias chorando" lançado por Paulinho da Viola. Em 1979, participou do LP "Waldir Azevedo ao vivo" gravado ao vivo e pela Continental numa homenagem aos 30 anos de Waldir Azevedo na gravadora Continental. Em 1994, viajou com grupo Època de Ouro por todo o Brasil com o projeto "Brasil Musical", ao lado do pianista Arthur Moreira Lima, e em seguida foi a Frankfurt, na Alemanha, para uma série de apresentações, também com o Época de Ouro. Atuou durante décadas com o filho Paulinho da Viola tocando em disco e shows do sambista. Faleceu de ataque cardiáco em sua casa em Copacabana.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

VÔTE... ESCUTA SÓ: UM PASSEIO INCONOGRÁFICO PELO QUEBÉC



É a maior província do país, com 7,6 milhões de habitantes, a segunda populosa província canadense. A maior é Montreal e a capital é a Cidade de Quebec, segunda maior cidade da província.
Quebec possui vastos recursos naturais, sendo o maior produtor de energia elétrica do Canadá. A província produz cerca de 26% dos produtos industriais e agropecuários do Canadá. Os principais produtos são alimentos, madeira e derivados, aviões, químicos e roupas.
A língua mais falada em Quebec é o francês. Cerca de 80% da população do Quebec praticam o idioma como primeira língua. Já o inglês é usado por cerca de 8% da população, em grande parte na cidade de Montreal. 
Cerca de 90% da população da província é composta por brancos, imigrantes e descendentes de franceses, ingleses, irlandeses, escoceses, judeus, alemães e italianos. Há ainda uma forte presença de asiáticos e afro-descendentes.

A cidade localiza-se na Ilha de Montreal, no Rio São Lourenço, incorporando um total de 74 ilhas menores localizadas perto da Ilha de Montreal. Localiza-se a 75 km a leste da província canadense de Ontário, a 150 km a leste da capital do país, Ottawa e a aproximadamente 250 km a sudoeste da capital da província, a cidade de Quebec. As coordenadas geográficas de Montreal são 45°28′Norte e 73°45′Oeste; a altitude média da cidade é de de 57 m, sendo de 23 m nas margens do São Lourenço, e de 233 m no ponto mais alto do Monte Royal.
A Ilha de Montreal possui 50 km de comprimento por 16 km de largura, na sua máxima extensão, e uma área de 482,84 km². Por estar numa posição diagonal, os habitantes da cidade possuem um jeito atípico de descrever direções na cidade: o norte da cidade corresponde na verdade à direção nordeste na bússola magnética; o sul da cidade, ao sudoeste magnético, o leste da cidade, ao sudeste magnético, e o oeste da cidade, ao noroeste magnético.





Montreal é o centro de uma região metropolitana que se estende por um raio de aproximadamente 40 km da cidade. A metrópole de Montreal é a segunda mais populosa do Canadá, e a décima mais populosa da América do Norte.

A Metrópole Comunitária de Montreal (Communauté Métropolitaine de Montréal) é o órgão público encarregado do planejamento, coordenação e financiamento de desenvolvimento econômico, transporte público, coleta de resíduos, etc, nesta região metropolitana, que compreende 3 839 km² e possui 3 431 551 habitantes. O presidente da Metrópole Comunitária de Montreal é o prefeito da cidade de Montreal.



O clima de Montreal varia bastante, devido à localização da cidade numa área onde grandes frentes de ar, uma vindo do pólo norte, e outra, dos Estados Unidos, costumam encontrar-se. A instabilidade do tempo é considerada pelos habitantes de Montreal como parte do caráter da cidade.
A precipitação é abundante na região. Aproximadamente 2,4 metros de neve caem anualmente na cidade, e a chuva é abundante ao longo do ano, principalmente no verão, a estação mais úmida da cidade. A remoção de neve das principais ruas e vias expressas da cidade custa a Montreal mais de 50 milhões de dólares canadenses por ano.
O clima de Montreal é temperado, com quatro estações bem definidas e variadas. No inverno, a temperatura média da cidade é de -10,4 °C (não incluindo o fator do vento), com mínimas entre -40 °C a -10 °C e máximas entre 0 °C e 25 °C. No verão, a média é de 21 °C, com máximas entre 23 °C a 35 °C.
A cidade de Montreal, como em outras grandes cidades canadenses, é uma cidade multicultural, ou seja, possui uma grande variedade de etnias e culturas diferentes. Juntamente com os descendentes de franceses e ingleses, coexistem comunidades irlandesas, italianas, judaicas, gregas, árabes, hispânicas, haitianas e portuguesas.

Um pequeno resumo de imagens.


Jardim Botânico de Montreal



HELOISA HELENA, 100 ANOS

Resultado de imagem para cantora heloisa helenaFilha de alto funcionário da Prefeitura do então Distrito Federal, estudou no Colégio Bennet, no bairro do Flamengo. Desde criança gostou de cantar e aprendeu a tocar violão. Foi casada com com o teatrólogo Paulo Magalhães.

Começou a carreira cantando amadoristicamente na Rádio Roquete Pinto onde foi ouvida por César Ladeira e por ele levada para a Mayrink Veiga, na qual efetivamente começou a carreira artística cantando músicas em inglês, idioma que dominava com facilidade. Conheceu nos anos trinta importantes artistas da música popular como Noel Rosa. Em 1936, atuou no histórico filme musical brasileiro "Alô, alô, carnaval!" do qual participaram também, entre outros, Carmen Miranda, Aurora Miranda, Dircinha Batista, Bando da Lua, Os Quatro Diabos, Almirante e Mário Reis. Desse filme, faz parte sua música "Tempo bom", parceria com João de Barro e interpretada pelo grupo Os Bêbados. 

Estreou em discos em 1937, gravando pela Victor, com acompanhamento do grupo Diabos do Céu dirigido por Pixinguinha, o "Samba da vida", de Valfrido Silva e o samba-fox "Numa roda de samba", de sua autoria. Essas músicas foram interpretadas por ela no mesmo ano no filme "Samba da vida" da Cinédia dirigido por Jaime Costa.

Em 1940, gravou na Odeon as marchas "Sarong", de Osvaldo Santiago e Jorge Murad e "Marinheiro", de Alvarenga e Ranchinho com acompanhamento da Orquestra Odeon. Foi a primeira cantora a interpretar a música "Carinhoso", de Pixinguinha e Braguinha, a qual foi por ela cantada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Cantou nos Cassino Copacabana, da Urca, e no Cassino Atlântico. Ainda no começo da década de 1940, foi para os Estados Unidos em um intercâmbio cultural da Embaixada norte-americana no Brasil. Ficou vários anos na cidade de New Orleans, o que acabou por interferir em sua carreira discográfica.

Retornou ao Brasil em 1951 à convite do produtor Chianca de Garcia, por quem foi levada para a TV Tupi, recém inaugurada. Em 1955, participou do filme "Chico Viola não morreu" uma biografia romanceada do cantor Francisco Alves dirigida pelo argentino Roman Viñoly Barreto. Fez sucesso no teatro atuando em peças como "Rosa Tatuada", "Um Bonde Chamado Desejo" e outras. Atuou também como apresentadora de programas de televisão entrevistando diversas personalidades inclusive presidentes da República.

Seguiu depois para o Recife onde trabalhou por algum tempo. Retornou ao Rio de Janeiro na década de 1960 indo trabalhar na TV Globo, emissora na qual atuou em inúmeras novelas como "Verão Vermelho", "Assim na Terra como no Céu", "Selva de Pedra" , "Eu prometo" e várias outras. Foi também diretora de programas. 

No cinema, atuou ainda nos filmes "Mãos Sangrentas", "Leonora dos Sete Mares", "O Homem do Sputinik" e "Independência ou Morte", no qual interpretou Carlota Joaquina. Recebeu diversos prêmios por seus trabalhos no cinema, no teatro e na televisão. Em 1998, prestou depoimento ao Museu da Televisão Brasileira.


Fonte: Dicionário da MPB

terça-feira, 28 de novembro de 2017

LENDO A CANÇÃO

Por Leonardo Davino*


Oito temas

Márcia Nascimento não é uma estreante. Longe disso, data de 1984 o lançamento do LP Avião de combate da banda Sempre livre – formada só por mulheres, com Márcia Gonçalves na guitarra, violão e vocal. Podemos dizer sem erro que Márcia NG adotou os versos de liberdade e desenvolveu desde então uma carreira empenhada no estudo das cordas vocais e do seu violão. Participou de importantes trabalhos, seja como produtora, arranjadora e há anos investiga e desenvolve pesquisas sobre música barroca. Agora Márcia Nascimento lança seu primeiro trabalho solo e autoral, oferecendo ao público o mel do melhor. Independente, Oito temas (2014) inscreve a violonista no esperado lugar de artista que percorreu longo caminho de maturação estética e pessoal. Na linhagem de Rosinha de Valença, de Lucinha Turnbull.
A beleza dos temas tocados por Márcia encontra-se no lugar da tensão entre afeto e tradução musical desse afeto. Explico-me: as oitos faixas do disco são temas dedicados à personagens da vida da artista: “Uma canção é um encontro, uma amizade”, diz. Portanto, de “Um tema para Lucina” até “Um tema para o Sergio”, Márcia dedilha os caminhos do conhecer diante do outro, de alguém a quem se deve devolver amor em forma de música. Os temas são emblemas dos modos de usar o sobrenome – Nascimento, Gonçalves, NG –, sugerindo as experimentações de si, marca determinante para uma artista não adaptada ao fácil. Fazer o fácil é difícil. Transformando-se em outras no embate com seus temas, Márcia mantém seu eixo cancional, musical.
O repertório marcado pelo afeto presentifica uma intimidade singular: “Há momentos nos quais essa presença torna-se imprescindível. Por vezes é presença que se perde no tempo e que se acende rápido, nas primeiras notas ou versos que dela se escute”, afirma Márcia. Essa suspeita facilidade só se sustenta porque há por trás de cada tema um trabalho rigoroso de transcriação dos sentimentos. A delicadeza ouvida é resultado de labuta, de rigor. Ou seja, mais que sons, Oito temas acende sentidos. Sem voz, as notas do violão encenam um teatro da intimidade. Eis o erotismo e a linguagem adensada que a estética barroca oferece à obra de Márcia Nascimento: dualismo entre a experiência do mundo, exercido no trato artístico, e a lírica amorosa das relações íntimas. É desse modo que Oito temas surge como o lugar de tensão: ouçam-se os torneios de “Um tema para Lucina”, por exemplo, quando o violão de Márcia dialoga com o violão de Lucina, violon-vocalizando um agradecimento à mestre e estendendo o acolhimento de inventora-aprendiz também a Luhli – ambas musas de uma geração que fez da vida arte, gesto artístico.
Frente ao falatório contemporâneo, o silêncio, o recolhimento, a concisão, a ironia. Melodias fraturadas – “Um tema para Juliana” – e delicadas linearidades – “Um tema em be” – justapõem-se em mashups distendendo o prazer de tocar. Oito temas é esse responder às demandas da existência polifônica. Fazer música é ouvir música, ensina a instrumentista. A leveza é alcançada na transpiração, no trabalho cotidiano com o parceiro violão. O ouvinte percebe-se enredado entre luzes brandas e paisagens tão melancólicas quanto amorosas. Lembro de Angela Melim e seus versos: “A solidão é um navio. / Só o que me move é a pá da solidão / o leme”. Risco enfrentado por Márcia Nascimento.
Por que temer o feminino? Parece ser essa a questão-chave que Márcia vem ensaiando responder desde sempre, desde o Sempre. Do desejo contraventor de empoderamento em território tradicionalmente masculino ao caminho à margem do mercado, a artista se afirma no toque entre minuetos, sarabandas, prelúdios. Sob seu som revelam-se belezas, calor, presença. Ao final da escuta de Oito temas fica a certeza de que, venha de onde vier, a inspiração sempre encontrará Márcia Nascimento trabalhando em seu exercício de liberdade.





* Pesquisador de canção, ensaísta, especialista e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e doutor em Literatura Comparada, Leonardo também é autor do livro "Canção: a musa híbrida de Caetano Veloso" e está presente nos livros "Caetano e a filosofia", assim como também na coletânea "Muitos: outras leituras de Caetano Veloso". Além desses atributos é titular dos blogs "Lendo a canção", "Mirar e Ver", "365 Canções".

NAÇÃO ZUMBI APRESENTA RADIOLA DE CLÁSSICOS - RADIOLA N\Z VOL.1 / REFAZENDA




A essa altura, Gilberto Gil já é quase candidato a Orixá, e o clássico Refavela vem sendo celebrado Brasil afora por alguns de seus filhos musicais e de sangue. Somando nesse zeitgeist, a Nação Zumbi retoma a conexão com o mestre, iniciada nos tempos de Chico Science. 

Refazenda é primeiro single do novo álbum, Radiola NZ, composto totalmente por versões pessoais de músicas importantes na história da banda e que será lançado pelo selo Babel Sunset, no dia 8 de dezembro. 

Num encontro frutífero com o maestro Letieres Leite e seus comparsas da Orquestra Rumpilezz, cuja relação com a obra de Gil é profunda, a Nação encontra um elemento de sua alquimia musical que andava mais discreto em anos recentes. Tropical e colorido, pop sem deixar de ser roots.

Palmas pra eles: refazer Refazenda não é pra qualquer um.

Rodrigo Brandão
Novembro de 2017 

Jorge dü Peixe: voz
Dengue: baixo
Lúcio Maia: guitarra
Pupillo: bateria e tambor
Toca Ogan: percussão
Gustavo da Lua: tambor
Tom Rocha: tambor e percussão
Lettieres Leite: arranjo de metais
André Becker: flauta, flautim e sax alto
Leo Rocha: sax, tenor e flauta
Vinicius Freitas: sax barítono
João Teoria: trompete II e flugel
Rudney Machado: trompete I e flugel
Gilmar Chaves: trombone baixo

“Refazenda” foi produzida pela Nação Zumbi.
Gravada no Totem Estúdio, em Fortaleza-CE, por Yuri Kalil.
Metais gravados por Tadeu Mascarenhas no estúdio Casa das Máquinas, em Salvador-BA.
Mixada e masterizada por Daniel Carvalho.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

PAUTA MUSICAL: A BOSSA DE FÁTIMA CASTELO BRANCO

Por Laura Macedo








“Bossas de Verão” é um dos trabalhos lançaos pela cantora, compositora piauiense e minha amiga Fátima Castelo Branco, gravado no Rio de Janeiro, tendo como arranjador e diretor musical o carioca Jorjão Carvalho – músico experiente que já acompanhou Elizeth Cardoso, Nana Caymmi e grandes nomes da MPB. “Não seria fácil nomear quem já acompanhei ao logo de tantos anos”, disse o músico em conversa comigo.



Palavras de Fátima Castelo Branco no encarte do CD Bossas de Verão.


Todas as faixas do CD Bossas de Verão são de autoria de Fátima Castelo Branco. Confiram algumas.


Samba de outono


Uma mulher (Crê)


Manuela cajuína




Pout-Pourri de samba” # participação especial da cantora Dandinha (foto acima).



À época, o lançamento do CD Bossas de Verão foi em grande estilo com um mega show, no Bossa Nova Bar, produzido com esmero pelo multifacetado Moisés Chaves (foto abaixo).




Antes do show principal tivemos a apresentação da cantora Rosinha Amorim e do violonista Geraldo Brito, encantando a todos.


Foi uma noite memorável.




Passado cinco anos do lançamento do CD Bossas de Verão fica patente que este trabalho de Fátima Castelo Branco caiu no gosto refinado dos que curtem a boa música brasileira.

Que venham outras “Bossas” contemplando todas as estações do ano...

PERDEMOS NESTE ÚLTIMO FINAL DE SEMANA O CANTOR, COMPOSITOR E CORDELISTA CHICO SALLES

Ligado ao forró e à literatura de cordel, o músico paraibano era também escritor



Morreu neste sábado, 25, aos 66 anos, de insuficiência respiratória, no Rio de Janeiro, o cantor e compositor paraibano Chico Salles Araújo. O velório do músico está sendo realizado no Cemitério do Catumbi. Artista ligado ao forró e à literatura de cordel, Chico Salles nasceu em Sousa, em 1951, na Paraíba, e instalou-se no Rio em 1970, formando-se em engenharia. Na cidade ele ficou amigo de vários sambistas e se tornou parceiro de Noca da Portela e Mussum, então integrante do grupo Originais do Samba.

Ele estreou como cantor em 1997 com o álbum Confissões. Cinco anos depois lançou outro disco, Nordestino Carioca. Entre seus mais recentes trabalhos, Salles fez uma releitura da obra do sambista Sergio Sampaio (Sergio Samba Sampaio), que contou com a participação de Zeca Balero e Zeca Pagodinho. Ele também publicou mais de 30 obras poéticas e livros infantojuvenis, entre eles A Jararaca e o Jegue. Salles deixa mulher, três filhos e netos.


Fonte:
O Estado de S. Paulo

MINHAS DUAS ESTRELAS (PERY RIBEIRO E ANA DUARTE)*




43 - Raul Sampaio, parceiro de vida

Lurdes era obstinada em refazer o Trio de Ouro. Sabia que era o fermento da vida de Herivelto e insistiu muito com ele para acertar com Raul Sampaio a volta do Trio e para, juntos, procurar nova cantora. Ao aceitar, muito honrado, o convite de meu pai, Raul também foi morar na casa dele na Urca. Eu atravessava um momento de total in-quietação interior, no auge da adolescência, e passei a estar muito tempo com Raul. Ele foi um grande amigo e até contribuiu em minha formação de vida. Com sua personalidade tranquila, de bem com a vida, representou um oásis em minha juventude turbulenta. Nossos longos papos, os conselhos carinhosos, a respeitosa visão da vida foram fundamentais para a minha formação. Raul me ensinou o gosto pela leitura, pela poesia. Recomendou-me muitos livros para ler, principalmente os de autores espíritas, como Alan Kardec. E até o confuso Pietro Ubaldi, do qual li A grande síntese. Em minha simplicidade juvenil, devolvi a Raul dizendo: “Desse aqui não entendi nada”. Foi também por intermédio de Raul que conheci um livro que me marcou muito, Eu e outras poesias, a única obra de Augusto dos Anjos. Quando o procurei para contar que escreveria sobre meu pai, disse que suas impressões eram muito importantes para mim, porque ele havia sido o grande parceiro de vida de Herivelto e trabalharam juntos por quarenta anos. Com o habitual bom senso, Raul expressou sua preocupação sobre como eu abordaria a figura dele: “Pery, é necessário muito cuidado para falar de seu pai. Ele era uma personalidade controvertida, com facetas muito feias amplamente divulgadas. Mas não podemos esquecer que também tinha o seu lado bonito, nem sempre tão conhecido”. Numa primeira impressão, lembra Raul, Herivelto era tido como antipático, mas se a pessoa vencesse isso, aprendia a gostar dele e descobria o brilhantismo de sua conversa, o seu humor picante e inteligente. Ao mesmo tempo que era uma pessoa egocêntrica, também sabia ser generoso com os amigos. Muito polêmico, comprava brigas para valer. Era fiel aos amigos e lutava por eles. Raul ressaltou outros aspectos controvertidos de meu pai. Sempre autoritário e pre-potente, era muito mais simpático com os humildes do que com as pessoas de posses. Por isso, era amado pelas pessoas mais simples, como os integrantes de sua escola de samba ou os frequentadores do centro espírita. Muito metódico em sua vida financeira, Raul considerava Herivelto um gastador e vivia aconselhando-o a comprar alguns imóveis, a fazer um patrimônio. Meu pai respondia: “Pra quê, Raul? Pra deixar pra filho? Isso é bobagem!”. Conta Raul que, em seu tempo na Urca, meu pai sempre dormiu até mais tarde, e como Lurdes queria companhia para ir à praia, ele sempre a acompanhava. Iam para as pedras de manhã cedo, em frente da casa, e ficavam tomando sol e desfrutando da água, até que meu pai fosse se juntar a eles. Nessas manhãs, o papo rolava e, com a in-timidade que passou a existir, muitas confidências eram feitas. Num desses dias, conversavam sobre meu pai, sobre o peso da separação dele e de Dalva, e Lurdes desabafou: “Sabe, Raul, deixa eu explicar uma coisa: eu não amo o Herivelto como o grande amor da minha vida. Eu gosto dele. Sei que deixou sua mulher por mim . Considero-o um homem muito inteligente, um sujeito trabalhador. Enfim, um bom chefe de família, numa situação financeira que sei que vai melhorar, à medida que passar a grande crise de sua vida… Tudo isso contribui para que eu fique com ele. Mas garanto que ele não é o meu grande amor”. Ao escutar isso de Raul, senti que se encaixava no que sempre observei. E respondia a certas perguntas que fazia a mim mesmo e que não haviam ainda sido esclarecidas. Para Raul, mesmo não tendo uma relação tão apaixonada com meu pai, ela era muito dedicada a ele e empenhada em fazer o casamento funcionar. Herivelto era muito atencioso com Lurdes, comenta Raul, mas sem beijinho, sem chamego. Tinha orgulho e vaidade em mostrá-la, mas não existia ternura nele. Aliás, somente com os netos ele viu Herivelto ser carinhoso. Sentia que meu pai era muito dependente de Lurdes. Quando viajavam a trabalho, não sossegava enquanto não ligasse para ela. Por fim, Raul me deu sua opinião sobre a vida amorosa de meu pai: “Herivelto amou desesperadamente a Lurdes. A Dalva era apenas a mulher do Trio, que era a vida dele. Penso que, primeiro, ele casou com a Dalva-cantora, depois com a Dalva-mulher. Nesse esquema, ele juntou tudo. O Trio estourou, o dinheiro dos dois ficava na sua mão, ele controlava tudo. Com a Lurdes foi diferente, nela ele viu apenas a mulher”. Raul Sampaio foi mais um companheiro fiel do meu pai do que um parceiro de música, apesar de terem feito algumas jun-tos. Mas não foi com Herivelto que ele se mostrou o compositor sensível e fértil que é. Teve canções gravadas por artistas como Orlando Silva, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, Maria Bethânia e um conterrâneo de Cachoeiro do Itapemirim, Roberto Carlos, que consagrou sua canção “Meu pequeno Cachoeiro”. Com meu pai, ele atravessou quatro décadas de trabalho com o Trio de Ouro, passando por três cantoras: Noemi Cavalcanti, Lourdinha Bittencourt e, nos últimos anos, Shirley Don. Aliás, Shirley me contou uma historinha com meu pai. Disse que era motivo de muito orgulho para ela trabalhar ao lado de Herivelto, partilhando de tantas homenagens emocionantes que ele recebeu nos últimos tempos, e comentou sobre sua famosa disciplina no trabalho. Ele era muito respeitoso e delicado com ela. Porém, passado um ano da morte da esposa, quando começou a se re-cobrar, mudou de postura. Começou a se in-sinuar, a convidá-la para jantar. Shirley, não querendo magoá-lo nem estragar o trabalho deles, foi disfarçando e fazendo que não entendia. Não adiantou, ele foi mais fundo e se declarou a ela. Disse que queria refazer sua vida e a pediu em casamento. Muito surpresa e sem graça, ela foi honesta com meu pai, dizendo que tinha admiração por ele, mas sentia um carinho quase que de filha. Herivelto não se deu por vencido e ainda tentou argumentar que poderia lhe oferecer uma boa situação de vida. Diante disso, Shirley teve de ser mais enfática e dizer que real-mente não havia a menor chance, pois era muito mais jovem que ele — tinha uns 38 anos e meu pai 80 — e sonhava ainda com um casamento por amor e não por conveniência. Essa paixão de meu pai por Shirley rendeu situações engraçadas. Um dia, fui vê-los participar de um concurso de música sacra numa igreja do centro do Rio. Ele era convidado especial para cantar “Ave Maria no morro” e insistiu para que ela fosse sua acompanhante nessa homenagem . Como Shirley já havia me contado sobre a paquera de meu pai, sentiu-se à vontade para me pedir ajuda: “Pery, vê se fica perto e não me deixa sozinha com seu pai. Ele está terrível hoje, não me dá folga!”. Respondi que me poupasse, eu não queria me meter nos assuntos dele. Além do mais, tinha de cuidar do meu filho Bernardo, que estava comigo e, como toda criança, não conseguia ficar parado. Mesmo assim, a toda hora Shirley estava perto de mim . De re-pente, ela me chamou para fora da igreja e, rindo muito, me contou: “Pery, ficou pior ainda a situação. Agora, seu pai, me vendo com você o tempo todo, ficou nervoso e cismou que prefiro você a ele. Está morrendo de ciúme! ”. Meu pai não era brincadeira em assunto de mulher…



* A presente obra é disponibilizada por nossa equipe, com o objetivo de oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura. É expressamente proibida e totalmente repudiável a venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente conteúdo.

MARY GONÇALVES, 90 ANOS

Iniciou a carreira artística como atriz de cinema. No início da década de 1950 foi contratada pela Rádio Nacional. Estreou em disco em 1951 pela gravadora Sinter interpretando os sambas-canção "Penso em você" e "Só eu sei", ambos de Paulo Soledade e Fernando Lobo com acompanhamento de Lírio Panicali e seu conjunto de boite. Em seguida, gravou o bolero "Aquele beijo", de Claribalte Passos e Lírio Panicali e o samba-canção "Chega mais", de Pernambuco e Marino Pinto, com acompanhamento da orquestra de Lírio Panicali. Ainda nesse ano, gravou o samba "São Paulo", de Antônio Maria e Paulo Soledade e a marcha "Carnaval na Bienal", de Heitor dos Prazeres. Nessa época, passou a atuar como contratada na Rádio Nacional.

Em 1952, foi eleita a Rainha do Rádio com um votação de 744.826 votos. Nesse ano, gravou pela Sinter o LP "Convite ao romance" no qual incluiu três composições de Johnny Alf, "Estamos sós", "O que é amar" e "Escuta". Lançou também, em disco de 78 rotações os sambas-canção "Rotina", de Billy Blanco e "Vem depressa", de Klécius Caldas e Armando Cavalcânti. No ano seguinte, gravou com Lírio Panicali e sua orquestra o baião "Coreana", de Humberto Teixeira e Felícia de Godoy e o bolero "Aperta-me em teus braços", de José Maria de Abreu e Jair Amorim. Ainda nesse ano, gravou o samba-canção "Podem falar", de Jonny Alf.

Em 1954, gravou seu último disco na Sinter com o samba-canção "Dentro da noite", de Oscar Bellani e Luiz de França e o beguine "Não vá agora", de Billy Blanco. No mesmo ano, foi contratada pela Odeon e gravou o bolero "Obsessão", de José Maria de Abreu e Jair Amorim e o samba-canção "Diga", de Júlio Nagib. Gravou no ano seguinte o samba-canção "Nem eu", de Dorival Caymmi e o baião "Meu sonho", e Luiz Bonfá.

Gravou o samba "Deixa disso", e Newton Ramalho e Nanci Wanderley e o samba-canção "Patati-patatá", de Hianto de Almeida e Francisco Anísio em 1956. Segundo o jornalista e pesquisador Sylvio Túlio Cardoso, ela "Gravou excelentes discos para a Sinter em 1951, mas os mesmos não tiveram boa repercussão devido a péssima qualidade técnica que o produto daquela gravadora ostentava na ocasião." Ainda na década de 1950, abandonou a carreira artística e foi viver na Colômbia.

domingo, 26 de novembro de 2017

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

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Dentro do samba contemporâneo Jessé Gomes da Silva Filho talvez seja o nome mais expressivo de sua geração (pelo menos em termos de popularidade). Cantor e compositor, Zeca nasceu em Irajá onde desde pequeno passou a frequentar rodas de samba influenciado por sua família. Sua incursão pelo universo do samba se deu nas mas distintas freguesias cariocas, mas antes de dedicar-se totalmente à carreira artística chegou a ter diversas funções. Já foi feirante, office-boy e anotador de jogo de bicho, mas nenhuma dessas atividades o afastaram de suas duas grandes paixões: a música e a cerveja. O pontapé inicial em sua carreira artística pode-se dizer que se deu a partir de rodas de samba existentes nos bairros de Irajá e Del Castilho, subúrbio do Rio de Janeiro. Adolescente, começou a participar das rodas de samba e partido-alto do subúrbio, sendo integrante do bloco carnavalesco Bohemio de Irajá, e  foi nesse período que ganhou o apelido de "Pagodnho", por frequentar os pagodes na casa de Tia Doca, em Madureira. Além disso, era assíduo frequentador das rodas de samba do Bloco Cacique de Ramos, onde começou a ser admirado pelos seus versos e por sua capacidade de improvisar. Por essa época, conheceu Arlindo Cruz, futuro parceiro em grandes sucessos. Dessas incursões pelo samba suburbano carioca seu nome e voz, aos poucos, foi ganhando a devida e merecida projeção principalmente após ter o irrestrito apoio à carreira artística de Beth Carvalho. Beth, que conheceu Zeca em uma dessas rodas de sambas no Cacique de Ramos em 1981, convidou-o para participar de seu disco "Suor no rosto", de 1983, no qual cantaram em dueto "Camarão que dorme a onda leva", de autora do próprio Zeca, Arlindo Cruz e Beto Sem Braço.

Apesar de ter dado o primeiro passo no contexto fonográfico, ainda faltava algum tempo para o seu primeiro registro fonográfico. Antes de lançar o seu primeiro disco solo chegou a participar em 1985, pela RGE da coletânea "Raça brasileira", juntamente com Jovelina Pérola Negra, Mauro Diniz, Pedrinho da Flor e Elaine Machado. Este disco foi um sucesso de vendas e execução nas rádios e ajudou a propagar o nome de Zeca e colaborou para a mesma gravadora apostar as fichas no nome de Zeca. O primeiro disco solo, "Zeca Pagodinho", de 1986, vendeu 800 mil cópias, e veio acompanhado por vários sucessos como "SPC" (parceria com Arlindo Cruz), "Brincadeira tem hora" (c/ Beto Sem Braço) e "Judia de mim", em parceria com Wilson Moreira. Por muitos admiradores do samba, este primeiro LP de Pagodinho é considerado uma obra-prima do partido-alto, mas sua maior consagração ainda estaria por vir. Compositor já bastante conceituado no meio samba, tendo músicas de sua autoria gravadas por alguns dos nomes mais representativos do gênero, Zeca ao longo dos anos de 1980 anda chegou a lançar os LPs "Jeito moleque", do disco "Bate outra vez", em homenagem a Cartola, no qual interpretou "Minha"; lançou o disco "Boêmio feliz" e, em 1990, lança o LP "Mania de gente". Foi uma década em que apesar do estrondoso sucesso do seu primeiro LP a carreira de Jessé ainda estaria por ganhar uma projeção e aceitação popular ainda maior nas décadas seguintes como hoje é possível observar e atestar dentre tantos projetos e sucessos acumulados ao longo das décadas de 1990, 2000 e 2010 a exemplo dos projetos lançados pela MTV Brasil (tradicional reduto do pop-rock). Na MTV, Zeca foi o primeiro artista de samba a gravar um especial de TV, CD e DVD na emissora. E tem mais: O Acústico MTV, gravado no Rio, foi um de seus discos mais vendidos, rendendo inclusive uma segunda edição em 2006 (a primeira da história da MTV Brasil).

CURIOSIDADES DA MPB

A primeira apresentação de Silvio Caldas foi aos cinco anos. Aos seis, começou a cantar na "Casa dos Bigodinhos", um clube que sediava saraus na época. Aos nove anos começou a trabalhar como aprendiz de mecânico e tornou-se conhecedor da profissão.

sábado, 25 de novembro de 2017

PETISCOS DA MUSICARIA

Por Joaquim Macedo Junior


MULHERES CANTORAS E COMPOSITORAS DE PERNAMBUCO – DALVA TORRES


Dalva Torres


Pernambucana de Moreno, na Região Metropolitana do Recife, Dalva Torres é cantora, compositora e arranjadora.

Formada em Direito, pela Universidade Católica de Pernambuco, iniciou seus estudos de música, aprendendo a tocar piano com os pais, aos quatro anos.

Estudou harmonia jazzística, com o maestro Nenéu Liberalquino. Tem na bagagem também curso de harmonia avançada e arranjo musical com o professor Thales Silveira, pelo método da escora de Berklee.

Como intérprete, participou de vários festivais de música, obtendo sempre as primeiras colocações.

Com a Orquestra de Cordas Dedilhadas, participou da comemoração do 6º Centenário de Aldemar Paiva, participou de vários shows realizados nas cidades da região do Minho, Portugal, em 1990.

Em 1994, apresentou-se em 11 cidade de Portugal, pelo projeto “Cumplicidades”.

Foi premiada no “Recifrevo” com o caboclinho ”Senhora das Águas”, em parceria com João Araújo.

“O Amor e a Rosa”, de Antônio Maria


Profunda Admiradora de Antônio Maria, dedicou-se a realizar alguns trabalhos sobre a obra do grande artista pernambucano.

Em 1989, participou de um trabalho fonográfico sobre Antônio Maria, ao lado de Nora Ney, Luiz Bandeira e Claudionor Germano.

Com Renato Phaelante, Vanda Phaelante e Henrique Annes, gravou para TV Universitária, de Pernambuco, um documentário sobre Maria.

Em 2007, gravou CD somente com as composições de Antonio Maria. É fundadora do bloco lírico “Um Bloco em Poesia”, no qual foi diretora musical, arranjadora e regente da orquestra e coral da agremiação.


“Manhã de Carnaval”, Antônio Maria e Luiz Bonfá
Ainda no ano Passado, agosto de 2016, a cantora revisita repertório do recifense Antônio Maria, no qual Xico de Assis faz participação especial.

O poeta traduziu como poucos o amor e suas dores. Poeta de coração partido e dos sentimentos exacerbados, ganhou esta homenagem de Dalva Ferreira Torres, como já foi dito, grande admiradora de sua obra, no show “Ao Amor, Onde o Amor é Demais”, no Teatro Arraial Ariano Suassuna.

Na apresentação, que teve direção geral de Gonzaga Leal, Dalva fez um apanhado do legado de Maria, dando relevo tanto às músicas do cancioneiro, quanto ás joias pouco conhecidas do repertório.

Antônio Maria praticamente se autobiografava, tratava a noite com uma intimidade que só os amantes se permitem, noite essa que ele proclamava ser tão grande que nela caberíamos todos nós, sobretudo, aqueles que faziam da solidão um nobre companheira.

Sim, caberiam todas as canções que ele espalhou ao sete ventos por meio das vozes memoráveis de Aracy de Almeida, Elizeth Cardozo e Nora Ney. E agora Dalva Torres. Este Espetáculo é uma louvação/tributo a um Brasileiro profissão Esperança, a Um menino Grande que enganosamente escreveu que ninguém o amava, que ninguém o queria. Antônio Maria amava a noite e ela, com largueza, correspondeu a esse amor.

Mas Dalva teve outros parceiros e trabalhos como o que que fez com Jards Macalé, em preciosas interpretações de Ismael Silva, no disco “Peçam Bis”.



“Antonico”, de Ismael Silva, com Jards Macalé e Dalva Torres




O engraçado nisto tudo é que eu, bem pertinho dela, só consegui reconhecer essa grande cantora e intérprete quando Dalva Torres estava para defender música de meu irmão, compositor e violonista, Zeca Macêdo e o grande poeta amigo Eduardo Diógenes, a canção “De um Adeus”, em festival.

Finalista no “3º MusiSesc-TV Tribuna”, em 1997, com a música “De um Adeus”, não pode concorrer por problemas técnicos na hora da apresentação.

Finalista no “3º MusiSesc-TV Tribuna”, em 1997, com a música “De um Adeus”, não pode concorrer por problemas técnicos na hora da apresentação. Na fita demo, na voz de Dalva Torres, a música ficou assim: De um adeus

Sem mais, semana que vem tem mais.

EQUILÍBRIO E ENERGIA REGEM A MÚSICA DO HOMEM DE LABORATÓRIO

Após regressar de uma trip lunar,  Mortimer imerge nas peculiaridades sonoras do Brasil

Por Bruno Negromonte



As ligações químicas entre dois átomos se estabelecem quando a força de união entre eles é suficiente para dar origem a um agregado estável (ao menos é o que diz alguns teóricos a respeito de tema). Pelo que parece, a música também faz-se capaz de criar um contexto semelhante. Nela, o "agregado estável" transfigura-se em distintos contextos. Uma parceria (mesmo que bissexta), a química presente na junção de diferentes sonoridades, ou até mesmo na constituição e confecção de instrumentos musicais. Um dos exemplos mais conhecidos da relação entre a qualidade do som e a química são os famosos violinos Stradivarius. O seu som inimitável parece estar ligado ao tratamento químico da madeira e sobretudo às características do verniz utilizado no acabamento. Tudo isso aparentemente explica que a química é capaz associar-se a música para nos trazer verdadeiras situações onde prevalecem  agradáveis sensações de sinestesias. Talvez, por todo o seu embasamento acadêmico, Duzão se dê conta desta intrínseca relação existente e use do seu know-how para poder, equilibradamente, dar vazão a sua arte. Entremeado neste contexto o multifacetado Duzão Mortimer firma-se com relevante destaque no cenário artístico mineiro. Após o lançamento do seu primeiro álbum solo em 2014 agora o cantor, compositor, acadêmico e instrumentista volta ao mercado fonográfico com "Homem de laboratório", projeto que destaca-se por algumas características que vem pontuando a sua  trajetória discográfica desde o lançamento do primeiro álbum ao qual participou e que no próximo ano completa três décadas.




Duzão Mortimer deu início a sua vida artística na década de 1980 de modo paralelo a sua carreira acadêmica em Minas Gerais. Bacharel e licenciado em Química desde 1980, o professor Eduardo Fleury Mortimer possui mais de setenta artigos publicados e ultrapassa a marca dos 140 trabalhos em eventos das mais diversas áreas de conhecimento. Envolto a vida acadêmica, fez da América do Norte e do Continente Europeu a oportunidade que faltava para também agregar elementos das respectivas culturas à sua sonoridade. Como dito, Duzão foi capaz de apreender um ritmo próprio em sua carreira, criando um modo particular de conduzi-la. Talvez por isso a sua discografia seja composta por apenas quatro títulos em quase três décadas de carreira: um LP lançado em 1988, um CD em 1997 com O Grande Ah!, grupo que contava com a presença do professor universitário e músico Marcos Pimenta (figura recorrente na carreira de Mortimer), seu primeiro disco solo lançado em meados de 2014 intitulado "Trip Lunar" e agora este, "Homem de laboratório". O disco tem início reiterando a questão ambiental a partir de "Buraco de ozônio", faixa que reforça a necessidade da conscientização humana. Para dar ênfase a proposta do disco, o compositor traz na canção elementos que embasam o porquê podemos ser considerados pejorativamente "homens de laboratório". "Luzes da cidade" retrata, em forma de canção, a máxima de que  “À noite todos os gatos são pardos”. O amor e seus nuances chegam em "Céu de vagabundo"... Diferente da clássica "Adeus América", Duzão em "Buda de neve" despede-se da América não para voltar ao Brasil, mas para ir ao encontro da cultura oriental. A poesia mineira faz presente a partir do poema "O novo homem", de autoria de Drummond e musicado por MortimerAlém das faixas "Buda de neve", "Fórmulas mágicas" e "Pânico" (todas instrumentais), o disco ainda apresenta o samba "Uma nódoa, um nada um não", o rock "Papéis", o forró "Vidas secas" e o reggae "Nada de narda" celebrando os gêneros musicais reafirmando a ideia inicial desta matéria: as ligações, as conjunções (neste caso, a sonora).

Gravado no Estúdio Mortimer (localizado na capital mineira) entre março de 2016 e maio de 2017, "Homem de laborarório" foi produzido por Duzão sob co-produção do seu filho Lucas Mortimer Vinícius Mendes. Na base da tecitura sonora do projeto além de Duzão Mortimer (violão, guitarra e voz), nomes como Vinícius Mendes (teclado, flauta, sax tenor, alto e soprano), Gabriel Bruce (bateria), Willian Rosa (baixo), Ivan Mortimer (guitarra e voz). O disco ainda conta com os convidados Rafael PimentaPC GuimarãesBruno Oliveira e Igor Neves em "Uma nódoa, um nada, um não", João Machala e William Alves (sopros em "Síndrome da China", "Luzes da Cidade" e "Nada de Narda"), Isaque Macedo, Wagner SouzaMarx MarreiroBill Lucas, Marcílio Rosa  e as vozes de Juliana Perdigão (em "O Novo Homem"), Leopoldina (em "Buraco de Ozônio", "Céu de Vagabundo" e "Síndrome da China") e Marcos Pimenta (em "Nada de Narda" e "Uma nódoa, um nada, um não").

Longe de ser conceitual, "Homem de laboratório" busca apresentar características que regem a sonoridade do cantor, instrumentista e intérprete. Mesmo sendo um projeto híbrido, o disco não permite-se ao desencontro, pois a fusão de elementos rítmicos trazem ao resultado final uma coerência aparentemente inimaginável. Aliás, a sonoridade dos projetos apresentados por Mortimer é algo de merecido destaque uma vez que passa longe de todo e qualquer estigma existente, marca esta que segue o passo do álbum anterior. Outra destacável característica é a ênfase à sua verve autoral, ora solo ou a partir de distintas parcerias, Duzão despretensiosamente foge do lugar-comum. Se a química é a ciência que estuda a constituição da matéria pouco importa... para este homem de laboratório a música faz-se mais relevante, pois através de uma combinação harmoniosa e expressiva de sons mostra-se capaz de nos conduzir de um modo que fugimos das regras convencionais. Sem contar que na arte (assim como na natureza) nada se perde e tudo se transforma como preconizou Lavoisier. Música é isto: é biológico, quântico, composição, substância... e só alguém com profundo conhecimento a respeito, um homem verdadeiramente de laboratório, é capaz de enxergar plenamente.  


Maiores Informações:
Site oficial -
 http://duzaomortimer.com.br
Amazon - https://www.amazon.com/Trip-Lunar-Duzão-Mortimer/dp/B00IZNQVDE