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domingo, 8 de outubro de 2017

CLIMA DE RODA DE SAMBA E HOMENAGEM A ÍDOLOS MARCAM SEGUNDO DISCO DO GRUPO PERNAMBUCANO POUCA CHINFRA

Os 12 anos de estrada da banda foram coroados com o álbum O tempo das coisas, já disponível em plataformas de streaming



Por Fellipe Torres


Sambistas lançam o disco no centenário do samba. Foto: Helder Tavares/divulgação 


Dois conselhos são recorrentes entre gurus do desenvolvimento pessoal para aqueles interessados em alcançar a maestria em alguma atividade: encontre algo de que goste muito de fazer e pratique o equivalente a 10 mil horas. Conscientes disso ou não, os sambistas do grupo pernambucano Pouca Chinfra parecem estar no caminho certo para alcançar tal feito. Reunidos a partir de rodas informais de estudo de música em bares do Recife, eles já contabilizam 12 anos de estrada, agora coroados com o segundo disco de estúdio da banda, O tempo das coisas (Independente), disponível a partir de desta segunda-feira (7) nas plataformas de streaming.

O título escolhido, aliás, tem a ver com o momento da carreira: o novo trabalho surge sete anos após o primeiro CD, Pouca Chinfra, e foi preparado em fogo baixo, sem pressa alguma. “Foi um álbum maturado. A vontade maior era a de crescer musicalmente. A gente sente isso no próprio registro. O processo de gravação foi lento porque cada um queria dar o máximo de si, a gente queria que o trabalho tivesse cara nova”, pontua o vocalista José Demóstenes.

Para ele, a natureza do mercado fonográfico impõe certa pressão pela qualidade do segundo disco de qualquer banda. “O segundo é o mais difícil, porque no primeiro você não é conhecido. Depois, precisa se superar. O trabalho precisa ter energia, essa maturação de rever tudo, rever e rever mais uma vez”.

Em O tempo das coisas, o clima de roda de samba está presentes nas dez faixas, sendo oito delas autorais e duas homenagens a ídolos. Preceito, do carioca Alfredo Del Penho, e Brigaram pra valer, de Geraldo Pereira e João Batista, gravada em 1949 por Roberto Paiva. Há, ainda, um terceiro tributo, menos óbvio: o disco sai no centenário do samba, celebrado no aniversário de 100 anos de Pelo telefone (Donga). “É um reconhecimento do samba como baluarte da música brasileira, como um símbolo de brasilidade”.

Além de José Demóstenes, o grupo é composto por André Félix (pandeiro e voz), Ernesto Jr. (voz), Filipe Novais (surdo), Lucas Temporal (voz), com o apoio dos músicos Daniel Coimbra (cavaquinho), Lucas Araújo (bateria), Ginga (violão 7 cordas), Neris (trombone), Adílson Bandeira (clarineta e sax tenor) e Renato Nogueira (percussão). Sobre o tamanho avantajado da banda, Demóstenes brinca: “Grupo de samba é que nem pelada. Você chama quatro para fazer barrinha e, quando vai ver, tem 15 querendo jogar”, diverte-se.

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