Luis morava na casa 142 da rua Francisco Parreão. Todos os meninos tinham muita vergonha de dizer que moravam na rua Francisco Parreão. Talvez por que não soubessem, e ninguém sabia, quem tinha sido aquele tal de Parreão: um jurista, um médico, um professor, ou apenas um amigo do Vereador que lhe concedera a nominação? Ou porque era uma rua pequena, não mais que 800 metros, em que as casas, apenas de um lado, passavam dia e noite contemplando a grande plantação de cajueiros que preenchia o lado oposto, em toda sua extensão? Por ali passavam poucos carros e, por isso, a rua transformava-se num campinho de futebol, todas as tardes. Muito tempo depois ela passou a se chamar Tianguá. Luis já não morava mais lá. Mudara-se para outro bairro, vendia seguros e não mais jogava bola nem roubava cajus numa rua descalça chamada Francisco Parreão, que os meninos tinham vergonha de dizer que lá moravam.
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