MADRUGADA, 3 HORAS
São 3 horas. Da manhã. E nada do sono chegar. Estará ele vindo de trem, dos antigos, maria-fumaça à frente, a puxar-lhe vagarosamente? Ou, pior ainda, estará vindo no lombo de um burro velho e preguiçoso? Suas contas estão em dia, seu coração passou recentemente por consulta e o doutor garantiu-lhe uma saúde boa. Também não fuma, bebe apenas socialmente e não faz maiores extravagâncias. Até dorme cedo, quando o sono lhe dedica amizade. Do ponto de vista amoroso sua situação também era 12 por 8. Sei apenas que são 3 horas. Da manhã. E o sono não chegou. Àquela altura melhor que não chegasse mais, pois dali a pouco haveria de levantar e começar um novo dia, igual aos últimos, parecido com os futuros, com todas as horas acordadas, todos os minutos despertos, todos os segundos alegres e saltitantes. Como agora. Embora o relógio marcasse 3 horas. Da manhã.
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