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domingo, 23 de julho de 2017

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

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Nascida no Brasil mas com nome americano, Elsie Houston era uma dos sete filhos do cirurgião-dentista americano James Frank Houston, que migrou para o Brasil em 1891, e de brasileira Arinda de Malta Galdo. Soprano de formação clássica, Elsie demonstrou o seu talento artístico muito precocemente, quando ainda criança começou a ter as suas primeiras aulas de canto. Teve a sorte de ainda na adolescência conhecer relevantes nomes da música clássica nacional como é o caso do ícone Heitor Villa-Lobos, Heckel Tavares e Camargo Guarnieri. Na década de 1920 conheceu Luciano Gallet, compositor, professor, pianista, maestro e folclorista. Dessa parceria surgiu o interesse pelas canções folclóricas harmonizadas, de quem gravou diversas composições. Em 1923 foi enviada pela família para estudar na Alemanha, se tornando pupila da legendária cantora lírica Lilli Lehmann, com quem aprendeu sólida técnica vocal. Para quem não conhece a cantora lírica alemã, Lehmann estreou como o Primeiro Menino na ópera A Flauta Mágica de Mozart, no Deutsches Landestheater em Praga em 1865; seu repertório incluiu por volta de 170 papéis em 117 óperas e o seu grande sucesso foi com sua primeira Isolda, em Londres em 1884 regida por Hans Richter. Ao retornar para o Brasil gravou de Luciano Gallet as composições "Ai, que coração", "A perdiz piou no campo" e "Fotorototó" (todas no ano de 1924). Em 1925 além de gravar  do mesmo compositor "Bambalelê", "Traieiras" e "Arrazoar" esteve estudando com Ninon Vallin em Buenos Aires na Argentina. Em 1927 conheceu Mário de Andrade, aumentando seu interesse pelo folclore brasileiro, tendo na mesma ocasião recolhido temas do folclore nordestino para interpretar. 

Nessa época, devido a aproximação com o Heitor Villa-Lobos, participou do primeiro concerto de compositor  na Maison Gaveaux, em Paris, juntamente com Tomás Terán, Artur Rubinstein e Alina Van Barentzen. Na mesma ocasião recomeçou na capital francesa os estudos com Ninon Vallin. Suas pesquisas acerca das músicas folclóricas aprofunda-se ainda na capital francesa ao conhecer a compositora Marguerite Béclard d'Harcourt, pioneira na área da pesquisa em etnomusicologia, especialista na coleção de músicas folclóricas sul-americanas, que a encorajou a se dedicar à pesquisa da música folclórica brasileira. Essa aproximação com a compositora francesa a encorajou a no ano seguinte realizar seu primeiro concerto de músicas folclóricas brasileiras. Em seguida chegou a publicar ois livros sobre Música Popular Brasileira ainda em Paris. Ao retornar ao Brasil em 1930 grava o samba "Macumbagelê" de J. da Paulicéia e Lilico Leal, o batuque "Cadê minha pomba rola", a canção "Puxa o melão, sabiá!" e os cocos "Coco dendê trapiá", "Eh! Jurupanã", "Aribu" e "Ai sabiá da mata", todas de motivo popular com arranjos de sua própria autoria. Aprofundando-se cada vez mais no música folclórica brasileira lançou em Paris o o livro "Chants populaires du Brésil", escreveu o ensaio "La musique, la danse et les cérémonies populaires du Brésil", gravou uma série de canções folclóricas brasileiras na França, acompanhada por Carlitos e Sua Orquestra Brasileira, chegando a ser considerada informalmente "A Embaixadora da Música Brasileira". Paralela a essa dedicação ao folclore nacional, Elsie chegou a gravar canções como o samba "Capote do Mangô é teu", a marcha "Vejo a Lua no céu" entre outras. Em 1937 fixou-se em Nova York, onde viveu o resto da vida, tendo se apresentado no rádio e realizado diversos concertos nos Estados Unidos, tendo cantado para cerca de 20 mil pessoas no Watergate National Park de Washington em 1941. Morreu de forma obscura, suicidando-se com uma overdose de tranquilizantes em 1943, após sérios problemas financeiros e pessoais. 

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