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domingo, 9 de julho de 2017

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

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Volto hoje a mexer novamente no baú afetivo da música popular a brasileira mais uma vez. Nesta oportunidade trago Zilda de Carvalho Espíndola, que ficou nacionalmente conhecida como Araci Cortes. Envolta a música desde o nascimento (Zilda era filha do chorão Carlos Espíndola), a pretensa artista por sorte ou ironia do destino morava no bairro do Catumbi, no Rio de Janeiro, onde foi vizinha de Pixinguinha até os 12 anos de idade. Aos dezessete deixou a família para trabalhar como cantora em um circo e nessas apresentações foi descoberta pelo letristateatrólogopoetapintorcaricaturista e escultor brasileiro Luís Peixoto quando cantava e dançava maxixes no Democrata Circo. Apesar destas primeiras apresentações, a artista só consideraria a sua estreia de modo profissional quando, no Teatro Recreio, em dezembro de 1921, estreou na revista "Nós pelas costas", de J. Praxedes, com composições de Pedro Sá Pereira. Para quem não lembra de Peixoto, ele foi parceiro de grandes personalidades da música brasileira como Custódio MesquitaChiquinha GonzagaAri BarrosoJosé Maria de Abreu, bem como teve suas letras cantadas por Carmen MirandaElizeth CardosoMaria Bethânia e Gal Costa. É de sua autoria canções como o samba-canção "Maria", parceria com Ary Barroso, gravado inicialmente por Leonel Faria e regravado entre outros por Silvio Caldas, Severino Araújo, Trio Irakitan, Wilson Simonal, Lúcio Alves e Maria Bethânia; o samba-canção "Na batucada da vida", que se tornou um clássico, regravado entre outros por Dircinha Batista, Elis regina, Tom Jobim e Joyce entre outras. No entanto o seu nome artístico só viria a ser dado tempos depois pelo crítico teatral Mário Magalhães, quando passou a atuar teatro de revista em inícios dos anos 20.

Seu primeiro registro fonográfico ocorreu em 1925, quando seu nome já encontrava-se consagrado por atuações como na revista "Que pedaço de Sena Pinto", com música de Paulino Sacramento, onde se destacou com o samba "Ai, madama". Antes da chegada de Carmen Miranda, Araci foi sem dúvida alguma uma das mais populares cantoras do país. Não é exagero afirmar que ela foi a primeira grande cantora popular brasileira, pois foi praticamente a única a ter sucesso na década de 20, quando, até então, os grandes nomes eram de vozes masculinas. Um dos grandes sucessos de sua carreira aconteceu ao ao lançar na revista "Microlândia" o samba "Jura", de Sinhô, gravado simultaneamente por Araci e pelo estreante Mário Reis em fins de 1928. Sua gravação do samba-canção "Ai, ioiô" (no disco com o título de iaià) de Henrique Vogeler, Marques Porto e Luís Peixoto, realizada em 1928, e por ela lançado na revista "Miss Brasil", tornou-se uma das mais famosas da discografia da música popular brasileira. Vale o registro de que foi Araci a responsável por lançar Ary Barroso como compositor quando na revista "Laranja da China", no Teatro Recreio, interpretou o samba "Vamos deixar de intimidade". Logo em seguida gravou o samba "Este mulato vai ser meu", com o subtítulo "Na grota funda" (para quem acha o subtítulo familiar, esta canção anos depois seria rebatizada com o nome de "No rancho fundo", famosa canção de autoria de Ary Barroso e Lamartine Babo que anos depois ganharia diversas interpretações, dentre as quais a da dupla Chitãozinho e Xororó). Outra canção lançada por Araci Cortes que tempos depois ganharia outro título foi "No morro" (Ari Barroso e Luís Iglésias). Esta mesma canção, oito anos mais tarde seria reescrita e se tornaria o sucesso "Boneca de piche", nas vozes de Carmen Miranda e Almirante. É válido registrar um fato curioso acerca da carreira de Araci: Em 1939 lançou o samba-exaltação "Aquarela do Brasil", uma das músicas mais conhecidas da história da música popular brasileira não apenas aqui em nosso país como também no Exterior.

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