Por Joaquim Macedo Junior
MOACIR SANTOS II – NOSSO GENIAL MAESTRO
Busto do compositor Moacir Santos, inaugurado em março de 2011, erguido em praça à margem do Rio Pajeú, em Flores, sertão de Pernambuco. A obra apresenta falta de manutenção, e vem se deteriorando.
Nascido em 26 de julho de 1926, em Flores, cidade lindeira ao rio Pajeú, em Pernambuco, Moacir José dos Santos ficou órfão de mãe, Julita, aos 3 anos. Morreu em 2006, aos 80 anos, na Califórnia.
Perder a mãe, ainda tão cedo, só agravou a sobrevivência dos quatro irmãos – três meninas e um menino. O pai de Moacir, José, abandonou o seio familiar para aderir a uma Força Volante que empreendia caçada ostensiva a Lampião.
Entregues à própria sorte, os irmãos foram adotados por famílias de Flores. A guarda de Moacir ficou sob a responsabilidade de sua madrinha Corina. Depois, foi tutelado pelas famílias Lúcio, aos cuidados da filha Ana, moça solteira que o colocou na escola e permitiu sua proximidade com a banda musical da cidade.
Autodidata, nos intervalos dos ensaios, Moacir aprendeu a tocar vários dos instrumentos usados pelos músicos. Aos 10 anos já lidava com trompa, saxofone, percussão, clarineta, violão, banjo e bandolim.
Aos 14 anos, sentindo-se uma espécie de escravo da família Lúcio, embora Ana Lúcio tenha lhe assegurado boa formação, Moacir já gozando de prestígio local em apresentações musicais como “Neguinho de Flores”, tomou a decisão de fugir de casa e peregrinar pelo sertão nordestino, em mais de uma dezena de cidades.
Coisa nº 5 – (Nanã), Moacir Santos e Mario Telles, canta Céu, 2007
Depois de um roteiro de incertezas e privações – ele chegou a passar fome e dormir na rua – resolveu ir para o Rio de Janeiro, no início de 1948, com a mulher Cleonice. Ali cessaram suas piores privações.
Este artigo conta com a imprescindível boa parte dos dados da biografia “Moacir Santos, ou os caminhos de um músico brasileiro” (editora Folha Seca), da flautista e pesquisadora Andrea Ernest Dias.
O trabalho em que apoio esta coluna persegue a trajetória internacional de Moacir, mas também retrocede às suas décadas de formação, entre os anos 1930 e 1940. Mostra uma história de altivez e superação que beira o inverossímil, tamanhas as agruras enfrentadas pelo adolescente Moacir, dos 14 aos 18 anos.
Seu depoimento ao Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro, em 1992, ajudou bastante a refazer sua caminhada.
Sou Eu (Luanne), de Moacir Santos/Nei Lopes, canta Moacir Santos.
No trombone Frank Rosolino
Moacir consagrou-se como um dos maiores compositores e arranjadores populares da música instrumental mundial. Seus quatro álbuns americanos – três pela Blue Note (The Maestro, de 1972; Saudade, de 1974 e Carnival of Spirits, de 1976) e um pela Discovery Records (Opus 3, nº 1, de 1979), não deixam dúvidas do do legado grandiloquente deixado pelo maestro nascido em berço humilde em pequena cidade do interior de Pernambuco.
Semana que vem mais coisas para nós…
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