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segunda-feira, 26 de junho de 2017

PAUTA MUSICAL: A FANTÁSTICA HISTÓRIA DOS ÍNDIOS TABAJARAS

Por Laura Macedo



Para quem não conhece a fantástica história dos Índios Tabajaras ela poderá, à primeira vista, parecer inverídica. Principalmente considerando-se de onde vieram -, são índios brasileiros autênticos, da raça tupi-tabajara, nascidos na remota e agreste serra de Ibiapaba, dentro do então isolado município cearense de Tianguá, na divisa com o Piauí -, e tendo alcançando, no chamado mundo civilizado, o que alcançaram.


Na língua tupi, receberam os nomes de Muçaperê e Erundi, que significam O Terceiro e O Quarto, pois estavam nessa ordem de nascimento dos filhos do cacique Ubajara, ou Senhor das Águas, ao todo trinta e quatro irmãos.

Em 1933, a família migrou a pé rumo ao Rio de Janeiro. A caminhada durou cerca de três anos nos quais a dupla entrou em contato com cantadores e violeiros das regiões pelas quais passaram.

Chegando ao Rio de Janeiro, por interferência do tenente Hildebrando Moreira Lima, registram-se com novos nomes, Antenor e Natalício. Em torno de 1945, fizeram uma primeira apresentação na Rádio Cruzeiro do Sul do Rio de Janeiro utilizando o nome de Índios Tabajaras.

Em 1953, gravaram pela Continental um disco com o baião "Tambor índio" e o galope "Acara Cary", ambas de Muçaperê. Em 1954, gravaram, também pela Continental, a polca "Pássaro Campana", motivo popular com arranjo de Muçaperê e a toada chilena "Fiesta Linda", de Luiz Bahamondes. Gravaram ainda no mesmo ano, os boleros "Maran Criun" e "Nueva Ilusion" ambos de Muçaperê. Por essa época, excursionaram pela Argentina, Venezuela e México, realizando estudos de música. Em seguida rumaram para os Estados Unidos onde ficaram se apresentando durante três anos.

Em suas apresentações varia o repertório do clássico ao popular. Para o clássico, apresentavam-se de smoking e interpretavam músicas eruditas, principalmente de Villa-Lobos, Tchaikovsky, Sibelius, Tárrega, Chopin ou então de Natalício, que compusera uma série para violão. Para o repertório popular apresentavam sambas e motivos folclóricos.

Em 1960, retornaram ao Brasil e suspenderam as atividades artísticas por três anos. Após esse tempo retornaram para os Estados Unidos. Em seguida, apresentaram-se no Japão, Europa, China e outros países asiáticos. Em 1968, retornaram ao Brasil e gravaram um disco cantando músicas havaianas.

Instalaram-se então nos Estados Unidos. No início dos anos 1970, gravaram um LP com músicas japonesas com destaque para "Sakura-Sakura". O maior sucesso da dupla foi "Maria Helena", fox que vendeu mais de 1 milhão de cópias. (Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, na internet).

"Maria Helena": Composição de Lorenzo Barcelata e versão de Haroldo Barbosa.

  


Essa música transpira o cheiro da minha infância... Minha mãe também gostava de ouvi-la no rádio...

MARIA HELENA

Maria Helena, és tu a minha inspiração
Maria Helena, vem ouvir meu coração
Na minha melodia, eu ouço tua voz
A mesma lua cheia há de brilhar por nós

Maria Helena, lembra do tempo que passou
Maria Helena, o meu amor não se acabou
Das flores que eu guardei uma secou
Maria Helena, és a verbena que murchou

Maria Helena, és tu a minha inspiração...


Da dupla apenas Natalício Moreira Lima – o genial Nato Lima (foto ao lado) – está vivo e reside em Nova Iorque, mas vem muito ao Brasil.

Li no site “Uma capital entre o Rio e Manaus” que ele está atualmente no Brasil, mas precisamente na cidade do Rio de Janeiro, onde almoçaria dia 1º de abril de 2009 , no Largo do Machado com Pablo Lima de quem é tio-avó.

“Falar de Nato Lima e dos Índios Tabajaras é sempre gratificante para mim: primeiro pelo contato direto que tenho com informações sobre eles, vindas de meu avô, Assis Lima, que possivelmente integrou a primeira formação do que viria a ser posteriormente a dupla "Os Índios Tabajaras", formada por dois de seus irmãos, Nato Lima e Tenor Lima. Depois surgem as imagens que crio em meus devaneios, ao imaginar toda uma série de situações pelos quais eles passaram, desde a infância no interior do Ceará, ao estrelato nas principais capitais das cidades do mundo. Os relatos que ouço desde criança formam um inventário de situações por mim recebidas que vivem a me emocionar e cada vez mais admirar as belas apresentações musicais que o duo de violões criou".



Vejam esse pequeno Documentário sobre os Índios Tabajaras.



Confiram suas performances executando algumas músicas, entre elas a belíssima "Valsa em Dó Sustenido Menor "- Opus 64, nº2 de Chopin.




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A história dos Índios Tabajaras como falei no início parece inverídica, mas é a vida real e fantástica de dois índios, de uma aldeia esquecida numa serra brasileira, que um dia iniciaram sua jornada, rumo ao sucesso, nacional e internacional, viajando a pé.


É FANTÁSTICA OU NÃO É, ESSA HISTÓRIA?

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