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domingo, 7 de maio de 2017

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

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Como muitos que acompanham a coluna já devem saber, aqui é um espaço onde eu não apenas trago curiosidades acerca de grandes nomes da música popular brasileira (além de suas respectivas biografias), assim como também procuro fazer deste ínfimo espaço uma trincheira em defesa da memória da música popular brasileira e todos aqueles nomes que outrora colaboraram de algum modo para a história da música popular brasileira atual como é o caso da artista de hoje: Maria Pepa Delgado.Filha de Ana Alves e do espanhol Lourenço Delgado. Em 1902 veio com o pai para o Rio de Janeiro e, aos 15 anos de idade, se torna-se atriz e cantora. Na primeira e segunda décadas do século XX atuou em várias revistas encenadas no Teatro São José, no Rio. É também neste período que grava para a Casa Edison a cançoneta "O abacate" e o maxixe "Café ideal", ambos da revista "Cá e lá", com música da maestrina Chiquinha Gonzaga. Em 1912, a Columbia lançou discos seus, nos quais se lia em uma das faces: "Atriz brasileira que tem feito sucesso e arrancado (sic) de nossas plateias as mais ruidosas manifestações (sic)". A sua carreira foi encerrada precocemente, aos 37 anos de idade, no ano de 1924. Uma curiosidade interessante acerca da artista é que foi ela quem solicitou a Fred Figner, proprietário da Casa Edison e diretor-geral da Odeon Brasileira, que doasse um terreno para se construir um espaço para os artistas que naquela época já amargavam o esquecimento do público. Baseado nesta solicitação, Figner doou em em Jacarepaguá um espaço onde tempos depois seria contruído o Retiro dos Artistas, situado na Rua dos Artistas, ainda hoje em funcionamento.

Sua discografia é composta por quase cinquenta gravações que iniciaram-se em 1904 pela Odeon até o ano de 1912 pela Columbia. Seu primeiro registro se se em parceria com Alfredo Silva, na canção "O vagalume". Ainda neste primeiro ano de registros fonográficos gravou as canções "O caso do dia", "Fado português", "O abacate" (canção de autoria do trio Tito Martin, Chiquinha Gonzaga e Gouveia), "Café Ideal", "O eixo da avenida", "Um samba na Penha" (Álvaro Peres / Álvaro Colas / Assis Pacheco), "Democráticos e Fenianos" e "A recomendação" (canção de autoria de Assis Pacheco). Em 1905 registrou "Fruto proibido" (P. Bessa / A. Royal), "O mingau", "Novo mercado", "Maxixe aristocrático" (composta por José Nunes), "O meu retrato", "Laranjas da Sabina", "Avenida Central" entre outras. Com o cantor e violonista Mário Pinheiro fez boa parte de seus registros fonográficos. A dupla foi responsável pela gravação do maxixe "O vatapá" de Paulino Sacramento, da canção "Vem cá mulata" (de autoria de Arquimedes de Oliveira) e "Corta jaca" de Chiquinha Gonzaga.Além destas consta também na discografia de Pepa Delgado e Mário Pinheiro as canções "O vendeiro e a mulata", "Com um grão na asa", "Sapato e calça branca", "O fidalgo e a camponesa", "Seresta", "Mambembe", "Agulhas e alfinetes", "O bife e a banana", "O vatapá"(Do maxixe) (Paulinho Sacramento), "No samba" (José Nunes), "Os primitivos", "Cack walk brasileiro", "Duo dos patos" e "Amor e dança", além de outras tantas que fizeram de Pepa Delgado um dos nomes femininos mais destacáveis do início da indústria fonográfica no Brasil. Por esta e outras razões nomes como o da saudosa atriz e cantora não devem se deixar esquecer. Há outras figuras públicas que em nada contribuíram para a valorização de nossa cultura e identidade que de fato merecem o limbo do esquecimento, não este.

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