Projeto traz publicação com suas pinturas e poemas, além de um álbum de canções
Por Ana Clara Brant
O amor pela arte, pela música e, sobretudo, pela família inspiraram a artista plástica e poeta Ana Camelo, matriarca do clã, a criar um projeto multiartístico. Reunindo um livro com pinturas e poemas de Ana e um disco com seus versos musicados pelo irmão, o violonista Luís Otávio, Acalanto consegue transmitir todo o clima intimista e de aconchego que a idealizadora desejava.
“É uma empreitada bem familiar, independente. Tem todos os meus filhos (Marcelo, Thiago e Leonardo Camelo), meu irmão, minhas noras, minha cunhada. E o resultado ficou bem bacana. Traz uma paz para quem o lê, o vê e o escuta”, ressalta a mãe de Marcelo Camelo, fundador da banda Los Hermanos.
Formada em matemática, Ana sempre gostou de pintar na juventude. Mas só a partir do ano 2000 o hobby virou ofício. Desde então, ela realizou exposições no Museu Nacional de Belas Artes e no Museu de Arte Naïf. Seu trabalho tem sido reconhecido no universo da arte naïf brasileira. “Meus filhos sempre acompanharam essa minha paixão que virou profissão e, de uns tempos para cá, também passei a escrever. Um dia, meu irmão descobriu os meus versos e sugeriu transformá-los em música. O Marcelo entrou também na jogada e o Acalanto nasceu”, conta.
No total são 12 canções que dialogam com as telas e refletem a simplicidade do olhar da artista, além da cidade onde vive, o Rio de Janeiro. “Como minha pintura é muito colorida, com cores quentes, e tem muito a ver com o Brasil, o Luís tentou reunir vários gêneros brasileiros como o baião, o samba, a bossa. Foi difícil selecionar quais poemas seriam musicados, mas acho que temos material até para uma continuação do projeto”, acredita.
As faixas foram gravadas no Rio e em Lisboa, onde mora Marcelo Camelo, produtor de Acalanto. Ana dá uma canja ao lado do irmão na faixa que batiza o projeto. “Sempre tive afinação, mas nunca cantei em disco. Como eles praticamente me impuseram (risos), eu topei. No fim deu tudo certo”, diverte-se.
Luís Otávio toca violão e canta em toda as faixas. Há participações de outros músicos. A nora Mallu Magalhães, mulher de Marcelo Camelo, canta em Atraente e Thaís Howart, esposa de Luís, em Lamento. Hugo Fernandes toca violoncelo em Depois do beijo, Um lugar e Lamento. O lançamento será na terça-feira, no Rio. “A ideia é continuar com esse projeto, que é um registro do meu universo criativo e artístico. Vamos seguir pintando, escrevendo, tocando e cantando”, conclui Ana.
Voo sobre o Atlântico
Duas coincidências unem Acalanto e o novo trabalho do músico mineiro Momo. Além de ter sido gravado em terras lusitanas – onde mora há quase dois anos –, Voá também foi produzido por Marcelo Camelo. “Esse disco é fruto de nossa amizade”, destaca Momo, acrescentando que projeto foi pensado por ele e por Marcelo após alguns meses de muita conversa e experimentações.
Marcelo não é o único integrante da família Camelo no álbum. O irmão, Thiago, é parceiro de Momo em cinco faixas. “No início de 2014, voltei para o Rio cheio de melodias novas, me lembrei do Thiago e mandei uma melodia pra ele, cantarolada no celular. Ele me respondeu com uma obra-prima de letra, a canção Esse mar”, recorda.
O repertório foi composto entre o Rio e Lisboa e resultou em mais de 20 músicas, depois reduzidas para 10. “Voá é o disco mais solar da minha carreira e traz ritmos e levadas que não haviam sido experimentados nos trabalhos anteriores. É um disco que quer chegar a um público maior”, acredita.
Quinto álbum do cantor e compositor, Voá foi lançado em formato físico pela Universal apenas em Portugal, mas está disponível nas principais plataformas digitais: Spotify, Apple Music/iTunes e Deezer. Momo explica que a palavra Voá está na letra de Pássaro azul. Quando interpreta a música, muda a sílaba tônica para dar um outro sentido. “Acho muito bonita a escrita com o acento no a. Voá representa essa minha vinda para cá, esse voo. Essa travessia atlântica”, ressalta.
Nascido em Belo Horizonte, ele morou só até os 4 anos na cidade, mas a música mineira é uma de suas influências. “Não sei precisar de que forma, mas o Clube da Esquina é uma das minhas referências musicais, assim como Lô, Milton e Beto Guedes. Esses caras compuseram verdadeiras pérolas e fizeram discos geniais”, opina. Momo já fez uma pequena turnê por Portugal e agora pretende tocar no Brasil no segundo semestre. “BH vai rolar com certeza”, avisa.
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