A figura que trago hoje para a nossa coluna é um artista multifacetado e que passou pelas mais adversas situações antes de firmar-se no como artista. Primogênito de quatro filhos, Seu Jorge teve uma infância dura no bairro Gogó da Ema, em Belford Roxo. Desde muito cedo começou a batalhar para conseguir o seu próprio "faz-me rir", e seu primeiro emprego foi em uma borracharia. Em seguida trabalhou também como contínuo, marceneiro e descascador de batatas no bar de uma tia, no centro da cidade, local onde acontecia um pagode com vários sambistas de primeira, como Zeca Pagodinho. Vale o registro também de que o cantor chegou a servir ao Exército no Depósito Central de Armamento - DCArmt, no Rio de Janeiro e no 2º Batalhão de Infantaria Motorizado Escola (Regimento AVAÍ) fez curso de corneteiro militar. Mas a bem da verdade, todas estas variadas profissões só serviam para ofuscar o seu verdadeiro desejo de se tornar músico, pois seu desejo de ser músico já o rondava desde a adolescência quando frequentava as rodas de samba, bailes funks e bailes charmes da periferia. Quando tudo parecia encaminhar-se de modo positivo, um infortúnio atravessa o caminho do pretenso artista com a morte de seu irmão Vitório em uma chacina, fato que acabou levando a família à desestruturação, e Seu Jorge acabou virando sem-teto por cerca de três anos. Nesse período há um fato interessante, contado em um programa de tv pelo também cantor e compositor Xande de Pilares, que na ocasião contou a história de um rapaz que frequentava o bar no qual cantava e tocava com sua banda da época. "Ele estava sempre na porta da Pizzaria em que eu me apresentava. Em certa ocasião pediu para dar canja, e eu fiquei curioso. Aí ele pegou o violão de um dos músicos e começou a cantar. Roubou a cena de uma tal forma que eu não quis nem voltar”, relembrou. Xande nunca mais viu esse cara até o dia em que assistindo ao Programa do Jô Soares o identifica no meio de um grupo que seria entrevistado. O grupo? Farofa Carioca. O integrante? Seu Jorge.
Morador de rua, Seu Jorge pedia para dar uma canja não objetivando cachê, mas a pizza que no final Xande dividia com ele. Sua condição de morador de rua, como dito, perdurou por cerca de três anos, foi quando o clarinetista Paulo Moura o convidou para fazer um teste para um musical de teatro, onde foi aprovado e acabou participando de mais de 20 espetáculos com o Teatro da Universidade do Rio de Janeiro, como cantor e ator. É bem verdade que neste início de carreira como ator chegou a morar no próprio teatro na Universidade Estadual do Rio de Janeiro até que as coisas se ajustassem de modo positivo. É dessa época a ideia de formar uma banda que traga uma sonoridade hibrida, somando as diversas influências musicais sofridas pelos integrantes do grupo tais quais ritmos como o choro, samba, xote e ritmos estrangeiros como o hip hop e o reggae. O primeiro disco da trupe sai em 1998 sob a égide desta mistura de ritmos negros de várias partes do mundo. Estava dado então o primeiro passo para a tão sonhada estabilidade tanto financeira quanto profissional. Engrenada a partir do Farofa Carioca, sua carreira solo começa também a ganhar projeção a participar de vários projetos, como um disco de tributo a Tim Maia e a participação em estúdio e na turnê da banda brasileira Planet Hemp. Mas muita coisa ainda estaria para acontecer na carreira do artista carioca a partir da década seguinte...
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