Após uma década de sua apresentação ao lado do pai no CD e DVD "Acústico MTV Paulinho da Viola", a cantora de beleza estonteante chega ao mercado fonográfico apresentando um trabalho bastante coeso com o tipo de música que sempre a cercou
Por Bruno Negromonte
Apesar da intimidade de Beatriz Rabello com os palcos, foi só no final de 2016 que a atriz e cantora colocou o seu bloco na rua para deleite dos amantes da boa música. Linda e talentosa, a intérprete lançou-se na música há exatamente uma década quando atuou como backing vocal no CD e DVD "Acústico MTV Paulinho da Viola". Nesse ínterim de uma década, a cantora atuou no teatro em diversos musicais, contexto o qual substanciou a sua musicalidade e a fez abraçar em definitivo a ideia da concepção de "Bloco do amor", projeto fonográfico que conta com um primoroso repertório composto por clássicos da música popular brasileira assim como também por canções inéditas como foi apresentado aqui mesmo no Musicaria Brasil recentemente a partir da matéria "COMANDANDO O BLOCO, BEATRIZ RABELLO DEBUTA EM GRÁCIL PROJETO FONOGRÁFICO". Hoje, Beatriz volta a abrilhantar o nosso espaço com este bate-papo exclusivo onde nos conta algumas peculiaridades, dentre elas como é ser filha de um dos maiores nomes da música popular brasileira e a razão pela qual passou quase uma década para lançar o seu álbum de estreia. Desejo a todos uma excelente leitura!
Você vem de uma família bastante musical. Neta do César Farias, filha do Paulinho da Viola e sobrinha de Raphael Rabello entre outros parentes envoltos com artes. Qual é a lembrança mais remota do seu envolvimento com a música?
Beatriz Rabello - Cézar Faria, com "Z". Minha primeira lembrança: rodas de choro na casa do meu avô.
Nascer em meio a um contexto musical como este é um privilégio para poucos, mas ao mesmo tempo, existe aí uma responsabilidade que vem na mesma proporção. Quando você resolveu também abraçar a arte esse fator pesou ou ainda pesa? Como é ser filha de um dos maiores nomes da música popular brasileira?
BR - Sempre digo que pode ser um bônus ou um ônus. Tem que ter maturidade para lidar com essa dualidade. Tenho muito orgulho de ser filha do meu pai e faço questão de tirar o melhor disso. Quem coloca peso é quem vê de fora e não faz parte desse contexto.
Da sua estreia nos palcos cantando até o lançamento do seu primeiro álbum houve um intervalo de quase uma década. Neste longo intervalo em algum momento pensou em desistir de concluir o álbum? Por qual razão você passou quase uma década para lançar este disco?
BR - Veja bem, eu não levei uma década para concluir o álbum (rsrs!) Eu comecei no teatro musical em 2008, sem nenhuma intenção de gravar disco. Só fui fazer isso quando me deu vontade e achei que tinha algo pra dizer. Comecei a pensar o disco em 2013 e gravei em 2014. Só lancei em 2016 porque disco independente é assim mesmo, a gente vai fazendo as etapas quando pode, e eu ainda tinha compromissos com espetáculos teatrais, tive que conciliar as agendas.
O samba vem renovando-se de modo muito genuíno a partir de duas principais vertentes: talentosos compositores da nova geração e alguns filhos de bambas do gênero que vem dando continuidade a legados de nomes como João Nogueira, Roberto Ribeiro, Martinho da Vila e agora Paulinho da Viola. Em sua opinião qual o panorama que o samba hoje se encontra? (Uma vez que tem um grande passado e pelo visto um promissor futuro).
BR - Vejo o samba se perpetuando de maneira muito digna e próspera, com muita verdade, muita seriedade. É muita ancestralidade envolvida. Vejo meus colegas de profissão defendendo muito honradamente esse legado, tem muita história envolvida, vínculos afetivos, familiares, é uma responsabilidade. E vejo também muita gente talentosa e respeitável que não vem de família de músicos e abraça o samba como sua verdade, tem muita gente incrível fazendo samba, defendendo essa história, respeitando as suas origens e fazendo essa roda girar sem parar. Isso é de uma força e uma riqueza que emociona e me faz acreditar que o samba é eterno.
O disco conta com regravações de clássicos da MPB como "Sonho de um carnaval", "Marcha da quarta-feira de cinzas" e "Enredo do meu samba". Como se deu a escolha dessas canções?
BR - Minha ideia era ter um repertório basicamente de sambas que falassem de amor e de carnaval. São minhas paixões na vida. Sempre quis gravar músicas inéditas, mas não queria deixar de fora alguns clássicos que se relacionavam bem com a temática que eu escolhi. "Sonho de um carnaval" fala da minha paixão pelo carnaval; "Marcha de quarta-feira de cinzas" é uma canção que canto no espetáculo "Sassaricando" e tem tudo a ver com o disco; "Enredo do meu samba" costura lindamente as questões de um desfile de carnaval com as de um relacionamento amoroso. São clássicos que se encaixaram perfeitamente da concepção do disco.
Neste álbum a presença do seu pai faz-se muito evidente. Paulinho assina três composições, além de participar de uma delas cantando e executando o seu inconfundível violão. Qual foi a primeira reação que ele teve quando você deu a notícia que iria gravar o seu álbum de estreia?
BR - Desde o início, eu já havia definido que ele estaria presente de alguma forma. E ele próprio já tinha dito que queria estar no disco. Então escolhi registrar uma música dele que já cantamos juntos muitas vezes em shows dele, que é "Só o tempo". Achei que a participação dele se limitaria a isso, que já era uma grande felicidade para mim. Tenho muito orgulho de ser filha dele e acho que 9 entre 10 cantoras brasileiras adorariam ter a participação dele num disco, faço parte desse grupo. Confesso que acho meio ridículo filhos de artistas que querem cortar seus pais da vida profissional, me soa um tanto infantil. Sou bem resolvida com isso. E é um reconhecimento de valor por parte dele, porque sei que meu pai jamais faria nada comigo se não me achasse preparada para o que faço. Mas durante o processo ele entrou como parceiro numa outra música inédita. E quando já estava tudo gravado ele me apresentou uma música que ele fez especialmente pra mim, pra este disco, que traduz perfeitamente o meu sentimento quando concebi o álbum e acabou dando nome a ele, que é Bloco do Amor.
Por falar em Paulinho da Viola, neste seu trabalho há duas canções pinceladas de um disco dele lançado há 35 anos atrás, que é o "A toda hora rola uma estória". Há alguma predileção por este álbum especificamente?
BR - Não, coincidência mesmo. A escolha do repertório foi direcionada pela ideia de falar de carnaval e amor.
Você traz em sua trajetória uma significativa passagem pelo teatro a partir de diversos musicais. Com esse novo projeto vai dar pra conciliar os musicais e os eventos relacionados ao lançamento do disco ou você abdicará dos musicais temporariamente?
BR - Sou apaixonada por fazer musicais, então não pretendo me afastar não! Vou conciliar tudo!
Como está a agenda de shows e divulgação de "Bloco do amor" para este ano?
BR - Próximo show: dia 29 de abril, no Espaço l'Atelier, em São Paulo, às 22h.
Seu pai traz uma carreira pontuada por grandes canções e álbuns antológicos. Outra característica que tem se acentuado nos últimos anos na discografia do Paulinho são os longos intervalos de um disco para o outro. Você já pensa no próximo trabalho ou seguirá esta mesma linha adotada pelo Paulinho nos últimos anos?
BR - Estou chegando agora. Não dá pra comparar Paulinho da Viola a nenhum artista iniciante, ainda que essa artista seja eu, que sou filha dele. Meu pai tem mais de 50 anos de carreira e durante toda a década de 1970 ele gravou um disco por ano, as vezes até mais. Penso que a contribuição dele à cultura já está muito bem fundamentada, ele pode ficar quanto tempo quiser sem gravar. Meu pai não faz discos, faz obras de arte. E obras de arte não são produzidas atendendo a nenhuma expectativa, muito menos as mercadológicas. Ele tem a tranquilidade de quem não se preocupa em acompanhar nenhuma dinâmica de mercado e um profundo respeito pela produção artística, já que não inventa motes nem se preocupa em forçar uma criação só pra andar no ritmo do comércio. Eu estou começando e é natural que a minha ansiedade seja bem maior. Penso num próximo disco sim, mas ainda tenho muita coisa pra fazer pelo Bloco do Amor.
Você vem de uma família bastante musical. Neta do César Farias, filha do Paulinho da Viola e sobrinha de Raphael Rabello entre outros parentes envoltos com artes. Qual é a lembrança mais remota do seu envolvimento com a música?
Beatriz Rabello - Cézar Faria, com "Z". Minha primeira lembrança: rodas de choro na casa do meu avô.
Nascer em meio a um contexto musical como este é um privilégio para poucos, mas ao mesmo tempo, existe aí uma responsabilidade que vem na mesma proporção. Quando você resolveu também abraçar a arte esse fator pesou ou ainda pesa? Como é ser filha de um dos maiores nomes da música popular brasileira?
BR - Sempre digo que pode ser um bônus ou um ônus. Tem que ter maturidade para lidar com essa dualidade. Tenho muito orgulho de ser filha do meu pai e faço questão de tirar o melhor disso. Quem coloca peso é quem vê de fora e não faz parte desse contexto.
Da sua estreia nos palcos cantando até o lançamento do seu primeiro álbum houve um intervalo de quase uma década. Neste longo intervalo em algum momento pensou em desistir de concluir o álbum? Por qual razão você passou quase uma década para lançar este disco?
BR - Veja bem, eu não levei uma década para concluir o álbum (rsrs!) Eu comecei no teatro musical em 2008, sem nenhuma intenção de gravar disco. Só fui fazer isso quando me deu vontade e achei que tinha algo pra dizer. Comecei a pensar o disco em 2013 e gravei em 2014. Só lancei em 2016 porque disco independente é assim mesmo, a gente vai fazendo as etapas quando pode, e eu ainda tinha compromissos com espetáculos teatrais, tive que conciliar as agendas.
O samba vem renovando-se de modo muito genuíno a partir de duas principais vertentes: talentosos compositores da nova geração e alguns filhos de bambas do gênero que vem dando continuidade a legados de nomes como João Nogueira, Roberto Ribeiro, Martinho da Vila e agora Paulinho da Viola. Em sua opinião qual o panorama que o samba hoje se encontra? (Uma vez que tem um grande passado e pelo visto um promissor futuro).
BR - Vejo o samba se perpetuando de maneira muito digna e próspera, com muita verdade, muita seriedade. É muita ancestralidade envolvida. Vejo meus colegas de profissão defendendo muito honradamente esse legado, tem muita história envolvida, vínculos afetivos, familiares, é uma responsabilidade. E vejo também muita gente talentosa e respeitável que não vem de família de músicos e abraça o samba como sua verdade, tem muita gente incrível fazendo samba, defendendo essa história, respeitando as suas origens e fazendo essa roda girar sem parar. Isso é de uma força e uma riqueza que emociona e me faz acreditar que o samba é eterno.
O disco conta com regravações de clássicos da MPB como "Sonho de um carnaval", "Marcha da quarta-feira de cinzas" e "Enredo do meu samba". Como se deu a escolha dessas canções?
BR - Minha ideia era ter um repertório basicamente de sambas que falassem de amor e de carnaval. São minhas paixões na vida. Sempre quis gravar músicas inéditas, mas não queria deixar de fora alguns clássicos que se relacionavam bem com a temática que eu escolhi. "Sonho de um carnaval" fala da minha paixão pelo carnaval; "Marcha de quarta-feira de cinzas" é uma canção que canto no espetáculo "Sassaricando" e tem tudo a ver com o disco; "Enredo do meu samba" costura lindamente as questões de um desfile de carnaval com as de um relacionamento amoroso. São clássicos que se encaixaram perfeitamente da concepção do disco.
Neste álbum a presença do seu pai faz-se muito evidente. Paulinho assina três composições, além de participar de uma delas cantando e executando o seu inconfundível violão. Qual foi a primeira reação que ele teve quando você deu a notícia que iria gravar o seu álbum de estreia?
BR - Desde o início, eu já havia definido que ele estaria presente de alguma forma. E ele próprio já tinha dito que queria estar no disco. Então escolhi registrar uma música dele que já cantamos juntos muitas vezes em shows dele, que é "Só o tempo". Achei que a participação dele se limitaria a isso, que já era uma grande felicidade para mim. Tenho muito orgulho de ser filha dele e acho que 9 entre 10 cantoras brasileiras adorariam ter a participação dele num disco, faço parte desse grupo. Confesso que acho meio ridículo filhos de artistas que querem cortar seus pais da vida profissional, me soa um tanto infantil. Sou bem resolvida com isso. E é um reconhecimento de valor por parte dele, porque sei que meu pai jamais faria nada comigo se não me achasse preparada para o que faço. Mas durante o processo ele entrou como parceiro numa outra música inédita. E quando já estava tudo gravado ele me apresentou uma música que ele fez especialmente pra mim, pra este disco, que traduz perfeitamente o meu sentimento quando concebi o álbum e acabou dando nome a ele, que é Bloco do Amor.
Por falar em Paulinho da Viola, neste seu trabalho há duas canções pinceladas de um disco dele lançado há 35 anos atrás, que é o "A toda hora rola uma estória". Há alguma predileção por este álbum especificamente?
BR - Não, coincidência mesmo. A escolha do repertório foi direcionada pela ideia de falar de carnaval e amor.
Você traz em sua trajetória uma significativa passagem pelo teatro a partir de diversos musicais. Com esse novo projeto vai dar pra conciliar os musicais e os eventos relacionados ao lançamento do disco ou você abdicará dos musicais temporariamente?
BR - Sou apaixonada por fazer musicais, então não pretendo me afastar não! Vou conciliar tudo!
Como está a agenda de shows e divulgação de "Bloco do amor" para este ano?
BR - Próximo show: dia 29 de abril, no Espaço l'Atelier, em São Paulo, às 22h.
Seu pai traz uma carreira pontuada por grandes canções e álbuns antológicos. Outra característica que tem se acentuado nos últimos anos na discografia do Paulinho são os longos intervalos de um disco para o outro. Você já pensa no próximo trabalho ou seguirá esta mesma linha adotada pelo Paulinho nos últimos anos?
BR - Estou chegando agora. Não dá pra comparar Paulinho da Viola a nenhum artista iniciante, ainda que essa artista seja eu, que sou filha dele. Meu pai tem mais de 50 anos de carreira e durante toda a década de 1970 ele gravou um disco por ano, as vezes até mais. Penso que a contribuição dele à cultura já está muito bem fundamentada, ele pode ficar quanto tempo quiser sem gravar. Meu pai não faz discos, faz obras de arte. E obras de arte não são produzidas atendendo a nenhuma expectativa, muito menos as mercadológicas. Ele tem a tranquilidade de quem não se preocupa em acompanhar nenhuma dinâmica de mercado e um profundo respeito pela produção artística, já que não inventa motes nem se preocupa em forçar uma criação só pra andar no ritmo do comércio. Eu estou começando e é natural que a minha ansiedade seja bem maior. Penso num próximo disco sim, mas ainda tenho muita coisa pra fazer pelo Bloco do Amor.
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