Falar de samba no Brasil é perpassar por todas as fases da música popular brasileira e rememorar alguns grandes nomes que contribuíram para escrever a história de uma das músicas mais cultuadas do planeta. A influência do samba dentro da MPB é notória, e para atestar isso desde os anos de 1910 que diversos nomes vem produzindo canções que entraram para o rol dos clássicos do nosso cancioneiro. Dentro do samba contemporâneo nenhum grupo existente se equipara ao Fundo de Quintal, que teve origem a partir de sambistas da escola Imperatriz Leopoldinense na segunda metade da década de 1970 dentro do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, em Ramos, subúrbio da região da Leopoldina, na cidade do Rio de Janeiro. A primeira formação do conjunto de samba teve Almir Guineto, Bira Presidente, Jorge Aragão, Neoci (filho do célebre compositor João da Baiana), Sereno, Sombrinha e Ubirany. Dá para se perceber que se tratava de um time de peso que apresentava-se na quadra de futebol onde se realizavam além dos ensaios do bloco, um dos maiores movimentos de samba que se tem notícia nos anos de 1970: os pagodes de Fundo de Quintal. Essas reuniões, sem dúvida alguma, nos anos posteriores, muito contribuiu positivamente para escrever a história do samba contemporâneo. A princípio, as reuniões aconteciam sempre às quartas-feiras para que fazer aquilo que eles mais gostavam: samba de qualidade. Essas reuniões começou a atrair a atenção de gente importante do mundo do samba porque além de tocar músicas de renomados sambistas, lá eles também apresentavam composições próprias. Essas canções vinham muitas vezes acompanhadas por de instrumentos até então incomuns nas rodas de samba e eram executadas, muitas vezes, em um ritmo diferente. Um exemplo da excentricidade do grupo era o tantã criado por Sereno, o repique-de-mão criado por Ubirany e o banjo com braço de cavaquinho criado por Almir Guineto. Esta inovação sonora, credita ao Fundo de Quintal a criação de um estilo influenciador a muitos grupos que surgiram posteriormente como é possível observar no cenário musical brasileiro contemporâneo.
Ainda na década de 1970, devido à ascensão e originalidade do grupo, Beth Carvalho convidou-os para participar do disco "Pé no Chão", o décimo primeiro disco da carreira da sambista (terceiro pela RCA Vitor). No álbum, além de executarem alguns instrumentos, um dos integrantes foi responsável por um dos maiores sucessos da artista carioca até os dias de hoje, quase quatro décadas depois. É neste álbum, entre canções da lavra de Beto sem Braço, Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, Monarco e Paulo Portela, Wilson Moreira e Nei Lopes, Cartola, Nelson Sargento, Candeia e Martinho da Vila; que se destaca a canção "Vou Festejar", que tem dentre os seus autores Jorge Aragão. É neste trabalho também que o grupo se aproxima do produtor Rildo Hora, que mais tarde viria a produzir vários trabalhos do grupo. Apesar do relativo sucesso no universo do samba, o grupo não tinha até então nenhum registro fonográfico, fato que só veio a acontecer em 1980 quando a gravadora RGE lançou o primeiro disco do grupo que trazia por título "Samba é No Fundo do Quintal", trabalho que foi muito bem aceito pela crítica musical da época. Neste primeiro álbum há canções como "Sou Flamengo, Cacique e Mangueira", "Bar da esquina", "Marido da madame", "Prazer da Serrinha", e canções de relativo sucesso à época como "Você Quer Voltar", "Zé da Ralé" e "Gamação Danada".
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