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domingo, 19 de março de 2017

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB



Recentemente trouxe para esta coluna o nome de Abigail Maia abordando um pouco do início de sua biografia, trazendo ao conhecimento dos amigos leitores as dificuldades que a fizeram decidir pela carreira artística, sua passagem por terras portuguesas, além do seu casamento com o maestro Luís Moreira, responsável, de certo modo, por sua inserção na música, quando ainda morava em Portugal. Após seu retorno ao Brasil entra para a companhia de José Loureiro, da qual seu marido era maestro e pouco tempo depois, na cidade de Santos, conhece o humorista João Foca, com quem resolve formar um trio: ela cantava, Luís Moreira tocava piano e João Foca fazia conferências divertidas. Com esta formação percorre São Paulo e depois todo o interior do estado. Nesta época, a imprensa paulista passou a cognominá-la a Rainha da Canção Brasileira. De volta ao Rio de Janeiro em 1915, apresentaram-se durante um mês no Cinema Pathé, na Avenida Rio Branco. No entanto, a fatalidade mais uma vez cruza o caminho de Abigail, levando consigo João Foca. Em sua carreira como atriz atuou, além das companhias já citadas na abordagem anterior, na Companhia de Cristiano de Souza, no Trianon; no Teatro Recreio, onde fez "Bocaccio" e outras operetas; foi contratada por nomes como Pascoal Segreto para atuar  no Teatro São Pedro, chegando a atuar ao lado de Vicente Celestino, com música de Chiquinha Gonzaga. Após o falecimento do segundo marido, em 1921 casa-se com Oduvaldo Viana e junto com ele organiza a própria companhia e tem a oportunidade de excursionar por Buenos Aires e Montevidéu com boa acolhida do público. Abigail ainda atuou como radioatriz no radioteatro da Rádio Nacional atestando a sua versalidade artística.


Sua escassa discografia é composta por apenas dez canções gravadas entre os anos as décadas de 1910 e 1930. O seu primeiro registro é datado de 1913, onde fez a gravação de uma adaptação da canção "Rolinha" feita por Luis Moreira com Olimpio Duarte. Ainda em 1913 fez mais um registros: "Mulata pernóstica" (outra adaptação de Luis Moreira), sendo que neste mesmo ano sai pela Phoenix 160 o seu primeiro 78RPM  com gravações suas de ambos os lados (na verdade trata-se da junção dos dois registros anteriores). Depois, só viria a gravar novamente em 1916, quando registrou as canções "Chico, Mané, Nicolau", "Súplica", "O cambuco e o balaio" e "Faceira" e novamente procurou dar um intervalo na carreira para dedicar-se a outras atividades para além do canto. Esse intervalo estendeu-se até o ano de 1929, quando no mês dezembro chegou às melhores casas do ramo o 78RPM Odeon 10.510 com as faixas "Sarará" (Eduardo Souto) e "Meu príncipe encantado" (de autoria de Armando Ângelo e Guilherme de Almeida).  Seus últimos registros fonográficos foram lançados em fevereiro 1931: foram as canções  "Sorriso de Mulher" (Marcelo Tupinambá e Oduvaldo Viana Filho) e "Flor De Maracujá" (Amadeu Amaral e Marcelo Tupinambá). É por essas e outras que reafirmo a importância da memória de nossa cultura, coisa tão em desuso em nosso país. Precisamos nos conscientizar que preservar a história de nossa cultura é sem sombra de dúvida preservar também a nossa identidade. É por artistas como Abigail Maia e tantos outros que busco manter viva essa chama da lembrança aqui em nosso espaço apesar de ter plena consciência de que estou indo de encontro a toda a lógica existente  e confesso que baseada em não sei o quê. Lutemos por nossa cultura sempre.

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