URSO
A presença do Urso no Carnaval pernambucano é herança européia. A longa convivência com o animal, desde tempos primitivos, promove sua incorporação às tradições culturais desses povos. Ao extrapolar o universo utilitário (como alimento, uso da pele, etc.), o Urso ganha imensa representatividade no imaginário popular. Inúmeros registros na literatura, nas canções, na mitologia, nas representações teatrais e até nos rituais religiosos o traduzem.
No Brasil, a ocorrência do Urso tem início no século XIX com os imigrantes italianos. Entre eles, a comunidade cigana ligada à arte circense que, entre outros espetáculos, apresenta ursos “amestrados”. Esse número populariza a imagem do urso e o insere definitivamente na cultura nordestina.
Inicialmente, a brincadeira caracterizava-se apenas pela presença de um homem fantasiado de urso, pelo Italiano ou Domador e pelo Caçador, acompanhados de alguns músicos. Até hoje, quando se pensa em La Ursa, denominação popular da brincadeira, é comum imaginar crianças a brincar nas ruas durante o carnaval, batendo latas, puxando alguém fantasiado de Urso e gritando “A La Ursa quer dinheiro, quem não dá é pirangueiro”.
Os Ursos que participam do Concurso de Agremiações Carnavalescas apresentam diversos outros elementos como porta-cartaz (uma espécie de estandarte); tema; faixa ou abre-alas (com o nome do Urso, ano de desfile e tema); alas e cordões; e uma orquestra.
As músicas são cantadas por um coral, normalmente em ritmo de marchinhas, xotes, baiões, polcas e xaxados, com letras que podem falar da própria brincadeira, do tema que o Urso traz para a avenida, ou ainda canções de duplo sentido associando o Urso à figura de um amante. Os principais instrumentos da orquestra são: sanfona, triângulo, pandeiro, reco-reco, violão, tarol e surdo, podendo incluir cavaquinho, banjo e ganzá.
A história e a função de cada personagem (ou figura) muitas vezes mudam de grupo para grupo. O Urso dança preso ao Caçador por uma corda ou corrente e, em alguns momentos do desfile, foge e simula ataques ao público. O Caçador traz uma espingarda e exibe o Urso capturado. O Italiano representa um “gringo”, com uma maleta de dinheiro, como vendedor do Urso ou tentando comprá-lo.
URSO BRANCO DO ZÉ
De acordo com Dona Maria de Lourdes, fundadora e presidente, “o Urso Branco do Zé é de entidade”. Surgiu no Centro Espírita Mãe Oxum, por solicitação de um mestre (Seu José), que pediu aos participantes que fizessem um Urso de Carnaval. O Centro funcionava no bairro de Quitandinha (Jaboatão dos Guararapes) e com o Urso, mudou-se para Peixinhos (Olinda). Atualmente tem sua sede no bairro do Ibura, no Recife.
Além de Dona Maria, fundaram o Urso, em 09 de fevereiro de 1992, Roberto da Silva, Maria José Barbosa, Amaro de Lira, Luiz de Lira, Luzia de Lira e Severino Francisco.
As cores da agremiação são o amarelo e o azul, em referência aos orixás Oxum e Iemanjá. O Urso Branco do Zé diferencia-se dos outros grupos pelo uso de fantasias luxuosas, criadas pelo estilista Cazuza. “Minha gente, o Urso não vai ficar só naquilo ali, ‘roupa estampadinha’… Acabou aquilo, criatura!… então a gente ficou assim estilizado.” (Dona Maria)
Endereço: Rua Guaraniaçu, nº 54, UR-2, Ibura, Recife PE
Contato: (81) 98517.7216
URSO CANGAÇÁ DE ÁGUA FRIA
O Urso Cangaçá foi fundado em 03 de janeiro de 1983 por Johnson Arcanjo, João Eugênio e Zuleide Alves, no bairro de Água Fria. O nome Cangaçá vem de cangaço e significa troço velho, pois inicialmente, o Urso brincava com roupas velhas, ao som de batidas de latas, percorrendo a comunidade.
Em 1996, Cristina Andrade, atual presidente do Urso Cangaçá, resolveu assumi-lo, revigorando um “brinquedo” que estava prestes a acabar. A partir de então, com a ajuda da comunidade, de artistas e amigos, conseguiu que o urso fosse vice-campeão por vários anos e depois campeão.
O Urso Cangaçá, além dos elementos tradicionais, apresenta em seu conjunto a inovação, a força e a beleza de seus desfilantes, incluindo crianças, adultos e idosos. O Cangaçá está presente na programação oficial do Carnaval do Recife e é convidado também para se apresentar em outros momentos festivos da cidade.
Endereço: Rua São Sebastião, nº 392, Água Fria, Recife.
Contato: (81) 98596.5153
URSO ZÉ DA PINGA
O Urso Zé da Pinga foi fundado em 02 de agosto de 1985, no bairro do Pina, por participantes do Centro Ilê Axé Oxóssi Gongobira, ligado à religião Jurema Sagrada. De acordo com Edileuza Lira da Silva, atual presidente, a ideia “partiu de uma brincadeira no nosso Centro. Mestre José da Pinga, nossa entidade, é muito brincalhão e disse que quando era matéria grossa gostava muito de mulher e adorava ser o ‘urso’…”. Depois desse fato, resolveram consultá-lo sobre a organização de um Urso de Carnaval, e recebida sua autorização, fundaram o Zé da Pinga.
Inicialmente “brincava” apenas na comunidade e em bairros próximos, sendo convidado posteriormente, em 1992, para participar do Concurso de Agremiações Carnavalescas, no centro do Recife, onde já conquistou vários títulos.
A diretoria do Urso promove oficinas de confecção de instrumentos, costura e bordados, nas quais são produzidas as fantasias. A cada ano, o Urso leva um tema novo para o desfile e uma marcha inédita, de acordo com a história. Representando o Mestre José, um rapaz desfila vestido com suas cores, preto e vermelho.
Endereço: Rua Boaventura Rodrigues, nº 596, Pina, Recife.
Contato: (81) 98427.2359
URSO TEXACO
O Urso Texaco foi fundado no bairro de Campo Grande no dia 08 de janeiro de 1958. Num período próximo ao carnaval, um grupo de amigos que estava reunido num bar, teve a ideia de fundar uma agremiação. Após decidirem pela criação de um Urso, surgiu a polêmica para a escolha do nome da brincadeira. De acordo com registros deixados por Albérico Simões, um dos seus fundadores, como o bar onde se reuniam ficava em frente a um posto de gasolina Texaco, um dos amigos sugeriu colocar esse nome no Urso, sendo aprovado pelos demais.
Após o falecimento de Seu Albérico, houve uma reunião para fundar oficialmente o Urso Texaco, que passou a ser registrado como Troça Carnavalesca Mista Urso Texaco, a partir de 20 de dezembro de 1999. Atualmente seu presidente é Degenildo Trajano da Silva.
Endereço: Rua Cabralia, n° 28, Campina do Barreto, Recife.
Contato: (81) 99211.6255 / 98623.0096 / 99656.3251
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