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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

SÉRGIO NATUREZA, 70 ANOS

Resultado de imagem para Sérgio naturezaNascido no bairro da Tijuca passou a infância no Engenho Novo e a adolescência em Vila Isabel. O prédio em que morava foi construído no local da antiga casa de Noel Rosa. O interesse pela poesia veio com a herança paterna. O pai escrevia poemas e assinava Sérgio Roberto, chegando a lê-los em uma emissora de rádio em Curitiba, onde fazia eventuais locuções no período em que a família residiu na cidade. Os pais sempre o incentivaram às artes. Estudou piano clássico quando menino e chegou a apresentar-se em algumas audições. Na faculdade, acompanhou atento os movimentos e os festivais. No final dos anos 60 foi para a Europa, em razão de várias circunstâncias, como a perda da mãe, o descontentamento com a faculdade, a prisão de amigos nos quartéis da ditadura e no DOPS. Em Paris, conheceu Torquato Neto, tornando-se seu amigo. Em Londres, encontrou Gilberto Gil, Caetano Veloso e outros artistas exilados, estando com eles no "Festival da Ilha de Wight", versão européia do "Festival de Woodstock" (USA), no qual assistiram performances do lendário guitarrista Jimi Hendrix e outros ícones do cenário pop da época. Voltando ao Brasil, reencontrou Torquato Neto e Gilberto Gil, mostrando-lhes alguns textos, os primeiros que lhe pareciam com um "sotaque" de letra de música. Ante a insistência de Torquato Neto, arriscou mostrar algumas letras para Paulinho da Viola, de quem logo se tornou parceiro. Em 1978, assinando Sergio Varela, publicou poemas na coletânea "Ebulição da Escrivatura", pela Editora Civilização Brasileira. Livro do qual também participaram os poetas Ele Semog, Salgado Maranhão, Tetê Catalão e Antônio Carlos Miguel (assinando Antônio Caos), entre outros. Além de dar título ao livro, fez a produção e a direção do show de lançamento no Teatro Tereza Raquel, no Rio de Janeiro. No ano de 1992, publicou poemas na "Antologia da Nova Poesia Brasileira" organizada por Olga Savary para a Editora Hipocampo/Rio Arte. Em 1994, ganhou prêmio na categoria "Poesia" com a trilogia "Caricas I, II e III" no "Concurso Stanislaw", da Rio Arte. Em 1997, lançou seu primeiro livro de poesias, "O Surfista no Dilúvio", pela Editora Sette Letras, livro no qual condensou mais de 20 anos de trabalho poético, figurando comentários de Paulo César Pinheiro, Hermínio Bello de Carvalho, José Carlos Capinam, Chico Caruso e Paulinho da Viola.



Desenvolveu também trabalhos de produtor de shows e discos, roteirista, diretor de shows musicais, redator, assessor de imprensa e jornalista free-lancer, com artigos publicados no "Jornal do Brasil", "Gazeta Mercantil", "Folha da Praia" e nas revistas "Ele e Ela", "Música do Planeta Terra", "GAM - Galeria de Arte Moderna" e "Música Brasileira". No ano 2000, o escritor Rodrigo Moreira lançou pela editora Muiraquitã, a biografia do cantor e compositor Sérgio Sampaio, com prefácio de sua autoria. O livro faz várias referências a Sergio Natureza, amigo e parceiro do biografado e com quem conviveu durante muito tempo. No ano de 2002 produziu um programa semanal "Por todos os cantos" na Rádio Viva Favela, ligada ao Movimento Viva Rio. Entre os anos de 2000 e 2004 trabalhou como diretor artístico do projeto "Novo Canto". O projeto percorreu o circuito do Sesc e outros teatros divulgando artistas novos, apadrinhados por nomes consagrados da MPB. Entre 2004 e 2014 trabalhou como Diretor de Programação da Rádio Nacional AM, do Rio de Janeiro. Em 2008 fez a direção geral do projeto musical "Interseções - Sons no limiar entre o clássico & o popular", apresentado na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, no qual se apresentaram diversos artistas: Marcos Sacramento, Luis Flávio Alcofra, Ná Ozzetti, Dante Ozzetti, Ivan Villela, Mônica Salmaso, André Mehmari, José Miguel Wisnik, Arthur Nestrovski, Jussara Silveira e o pianista italiano Stefano Bollani. Em 2009 relançou dois livros de poesias pela Editora Booklink: "O Surfista no Dilúvio" e "Minimal Necessário". Fez a produção do show "Bollani Carioca", do pianista e compositor italiano Stefano Bollani, no Teatro Sesc Ginástico, no Rio de Janeiro. Em 2010 fez a curadoria do projeto "Ecos da Cidade", na Sala Funarte Sidney Miller, no Rio de Janeiro. No ano de 2014 foi um dos autores do livro "1973 - O Ano Que Reinventou a MPB" (Sonora Editora), organizado pelo Célio Albuquerque, com a participação de vários colaboradores, entre os quais Maurício Gouvêa, Rildo Hora, Antônio Carlos Miguel, Luís Pimentel, Juca Filho, Beto Feitosa, Luiz Fernando Vianna, Marcelo Fróes, Regina Zappa, Roberto Muggiati, Sílvio Essinger e Vagner Fernandes.



Em 1976, começou a parceria com Paulinho da Viola. O próprio Paulinho gravou "Vela no breu" em seu disco "Memórias: cantando", no qual Sergio Natureza participou do coro em duas faixas. A música tornou-se título do show de Paulinho da Viola no Teatro Casa Grande, dirigido por Fernando Faro. No ano seguinte, João Bosco o apresentou a Tunai, com quem compôs centenas de músicas, entre elas "As aparências enganam", um dos maiores sucessos da dupla e "Agora tá", ambas interpretadas por Elis Regina nos LPs "Elis, essa mulher", de 1979 e "Saudades do Brasil", de 1980, respectivamente, tornando-se cartão de visita e chave que abriu as portas do meio musical para os então jovens compositores. Anos depois, Ney Matogrosso regravou "As aparências enganam" e montou show homônimo com o grupo Aquarela Carioca percorrendo, com sucesso, vários teatros por todo o Brasil. A canção voltou a ser regravada em 1998 por Bete Calligaris, em seu CD "Estrada", lançada pelo selo Geléia Geral, de Gilberto Gil. Em 1978, Fafá de Belém gravou no LP "Banho de cheiro" a música "Se eu disser" (c/ Tunai). No ano seguinte, Cátia de França interpretou "Ensacado", parceria de ambos (texto publicado anteriomente na coletânea 'Ebulição da Escrivatura'), no LP "20 palavras ao redor do sol". Neste mesmo ano, Lourenço Baeta gravou pela Continental Discos um LP, no qual constaram três parcerias da dupla (Lourenço e Sergio): "Entre aspas", "Luz e sombra" e "Vapor da traição". Em 1982, participou do "Festival MPB Shell", da Rede Globo, obtendo o 3º lugar com a música "Doce mistério" (c/ Tunai), defendida por Jane Duboc. Neste mesmo ano, Sérgio Sampaio gravou "Cabra cega", parceria de ambos, no LP "Sinceramente" e Tunai "Olhos do coração", mais tarde regravada por Sérgio Mendes, em versão intitulada "Nightlife" e por Willie Colón, na versão "Ellos".


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No ano seguinte, Simone lançou o LP "Delírios e delícias" no qual constaram de sua autoria "Depois das dez" e "Só de amor", ambas em parceria com Tunai. Em 1984, Gal Costa gravou "Olhos do coração" e "Eternamente" (c/ Tunai e Liliane), esta última foi tema de novela da Rede Globo e de um dos programas "Caso Especial" da mesma emissora, sendo ainda tema de encerramento da peça "De braços abertos", com Irene Ravache e Juca de Oliveira. Neste mesmo ano, Tunai interpretou a composição "Frisson" em seu LP "Em cartaz". A música esteve, por muito tempo, na liderança das paradas de sucessos. Ainda em 1984, teve uma composição sua "Linda star" (em parceria com Luiza Maria) incluída na trilha do filme "Fulaninha", de David Neves, estrelado por Mariana de Moraes. Em 1993, Amélia Rabello interpretou "Chama do samba", parceria com Cristóvão Bastos, no disco "Saravá Brasil", lançado no Japão pela gravadora Tartaruga/Omagatoki. Neste mesmo ano Ivor Lancelotti classificou a composição "Toda palavra", parceria de ambos, em terceiro lugar no "XI FAMPOP", festival da cidade de Avaré, em São Paulo. A composição ganhou ainda o prêmio de "Melhor Letra", sendo incluída no disco homônimo do evento. No ano seguinte "Mil corações" (c/ Fernando Gama), interpretada por Regina Vergaças, foi classificada em quinto lugar no "XII FAMPOP", também incluída no CD do festival. No ano de 1995, Mônica Salmaso e Renato Braz interpretaram "Luzes da mesma luz", parceria com Eduardo Gudin incluída no CD do parceiro. No ano de 1996 Rosa Passos gravou "Gesto", parceria de ambos no CD "Pano pra manga", pela gravadora Velas. Em 1997, no disco "Bebadosamba", Paulinho da Viola acompanhado do grupo Época de Ouro, gravou "Mar grande", parceria de ambos. Ainda neste ano, o grupo Rappa interpretou "Óia o rapa" (c/ Lenine). No ano posterior, Ivete Sangalo e grupo Ketama (Espanha) regravaram "Frisson" em português e espanhol, no CD "Eu e você", da Banda Eva. A música foi incluída na trilha da novela "Suave Veneno", da Rede Globo. Neste mesmo ano de 1998, produziu para a MZA/PolyGram o CD "Balaio do Sampaio", em homenagem à obra do compositor e parceiro Sérgio Sampaio. O disco reuniu João Nogueira, João Bosco, Elba Ramalho, Zizi Possi, Chico César, Zeca Baleiro, Erasmo Carlos, Jards Macalé, Luiz Melodia, Renato Piau, Eduardo Dusek, Lenine e o próprio Sérgio Sampaio em gravação acrescida de instrumentos e remasterizada de seu maior sucesso, "Eu quero é botar o meu bloco na rua". O lançamento do CD aconteceu no Teatro Rival no Rio de Janeiro em show com direção, roteiro e produção de Sergio Natureza.



Ainda em 1998, Fafá de Belém regravou em duas versões, português e espanhol, a música "Eternamente", incluída na trilha da novela "Torre de Babel" da Rede Globo. Neste mesmo ano, Marcos Assumpção gravou um CD com produção de Sergio Natureza, disco no qual interpretou "Cabra cega" (c/ Sérgio Sampaio) e "Sem teto" (c/ Sérgio Castro). No ano de 1999, Lenine gravou "Na pressão", parceria com Lenine e Bráulio Tavares, que deu nome ao disco e ao show homônimo com lançamento no Canecão, viajando em seguida por todo o Brasil e Europa. Neste mesmo ano, Marcos Sacramento lançou o CD "Caracane", título retirado da música homônima de Paulo Baiano e Sergio Natureza, figurando também neste disco as músicas "Caricas II" e "Caricas III", ambas parcerias de Sergio Natureza com Antonio Saraiva. No ano 2000, Rosa Passos gravou no disco "Morada do samba" duas parcerias de ambos: "Nada igual" e "Marco", esta última anteriormente interpretada por Rosa Maria. Neste mesmo ano, a cantora Bete Calligaris gravou "Maná" (c/ Lenine), "Rascante" (c/ Sérgio Castro) e "As aparências enganam" (c/ Tunai). Ainda no ano 2000, no CD "O grande encontro 3", Elba Ramalho regravou "Frisson" e Lenine e Elba interpretaram "Lá e cá" (c/ Lenine). Fagner regravou "Sem teto" (c/ Sérgio Castro), Míriam Maria gravou "Caribantu" (c/ Lenine) e os grupos Roupa Nova e BBC regravaram "Frisson". Em 2001, Simone Guimarães interpretou "Virada pra lua", parceria de ambos no CD de mesmo nome e Guinga, no CD "Cine Baronesa", gravou "Nem mais um pio", parceria de ambos. Também em 2001, no disco em comemoração aos 50 anos de Eduardo Gudin, foi incluída "Luzes da mesma luz", parceria de ambos na voz de Fátima Guedes. No CD "Brasileira", Katia Rocha incluiu de sua autoria "Porfia" (c/ Lenine), "Um breve adeus" (c/ Leandro Braga) e "Tez" (c/ Simone Guimarães), esta última, interpretada por Katia Rocha e Simone Guimarães. O parceiro Yorio da Costa, lançou na Alemanha o CD "Somos", faixa-título de autoria de ambos. Em 2002, pela gravadora BMG, Lenine lançou o CD "Falange canibal", disco no qual interpretou "Encantamento" (Lenine e Sergio Natureza), faixa que contou com a participação de Roberto Frejat. Ainda neste disco, Lenine regravou "Caribantu" tendo como convidado nesta música a Velha-Guarda da Mangueira. Ainda neste ano foi lançado o livro " Velhas histórias, memórias futuras" (Editora Uerj) de Eduardo Granja Coutinho, no qual o autor faz referências ao poeta. No ano de 2003, Fagner e Zeca Baleiro interpretaram "Azulejos", parceria de Fagner, Zeca Baleiro e Sergio Natureza, no disco "Raimundo Fagner & Zeca Baleiro", lançado pela gravadora Indie Records. Neste mesmo ano fez a direção artística dos projetos "Prêt-à-Porter", que apresentou novos valores da MPB no Teatro Café Pequeno e "Projeto Novo Canto", que lançou novos nomes da MPB no Teatro do Sesc de Copacabana. Ainda em 2004 fez a direção artística do show de lançamento do Selo Sesc-Rio no Canecão. O espetáculo reuniu diversos participantes que passaram pelo projeto "Novo Canto" e convidados especiais, entre eles, Vander Lee, Luana Cozetti, André Gabeh, Carlos Malta, Paulo Moura, Ney Matogrosso e Pedro Luís e A Parede. No ano de 2005 lançou o CD "Um pouco de mim - Sergio Natureza e amigos", pelo Selo SescRio.Som, no qual fez a locução da letra "As aparências enganam", tendo como pano de fundo o piano de Keco Brandão e ainda a voz de Elis Regina em vinheta da música, parceria com Tunai.



No disco vários convidados interpretaram sua obra, parte já gravada e outras inéditas, as quais, com as respectivas participações: "Roda morta" (c/ Sérgio Sampaio) com Zeca Baleiro; "Pelos vinte" (c/ Paulinho da Viola) com Marcos Sacramento; "Frisson" (c/ Tunai) com Luanda Cozetti; "Nadando no seco" (c/ Tunai) com Gladston Galliza; "Pra sempre" (c/ Tunai) com Leny Andrade; "Vela no breu" (c/ Paulinho da Viola) com Luiz Melodia; "À margem" (c/ Paulo Baiano) com Lenine; "Brancas e pretas" (c/ Paulinho da Viola) com Amélia e Raphael Rabello; "Maná" (c/ Lenine) com Edinho Queiroz; "Bela" (c/ Marcos Leite) com Ju Cassou, Bete Calligaris e Elisa Queirós; "Bastante" (c/ Zé Luiz Mazziotti) com Admar Branco; "Interiores" (c/ Cristóvão Bastos) com Ná Ozzetti; "Sutilezas" (c/ Rosa Passos) com Guima Moreno; "Nem mais um pio" (c/ Guinga) com Monica Salmaso, além de "Eternamente" (c/ Tunai e Liliane) na interpretação de Tânia Bicalho. O disco ainda foi acompanhado pelo livreto "Minimal necessário", com poemas inéditos ilustrados por Chico Caruso, tendo lançamento no Arte-Sesc Flamengo com a presença de vários participantes do disco e parceiros. Fez diversos espetáculos e lançamentos do disco no Rio de Janeiro e ainda em outras capitais como São Paulo e Natal. Neste mesmo ano, no disco póstumo "Cruel", de Sérgio Sampaio, foi incluída uma nova versão da música "Roda morta", desta vez interpretada pelo parceiro Sérgio Sampaio. Ainda em 2005, Renato Piau, no disco "Guitarra Brasileira 2", incluiu a composição "Férias", parceria de ambos. Em Disco-livro do poeta Celso Borges foi incluída o fado "Devoluto", interpretada pelo parceiro Kleber Albuquerque. No ano de 2008 produziu o CD "Mãos brasileiras", de Tânia Bicalho, disco no qual foram incluídas "Eternamente" (c/ Tunai e Liliane), "Roda morta" (c/ Sérgio Sampaio) e "Perguntas no ar", em parceria com Tânia Bicalho. Em 2010 sua composição "Mar à vista", em parceria com Reizilan e Márcio Mello, foi interpretada por Rose Maia no CD "Desde criança sou Mangueira", de Reizilan. Neste mesmo ano o parceiro Ernesto Pires incluiu "Na bateia", parceria de ambos no CD "Mestiço" e Délia Ficher incluiu "Aluvião" (c/ Délia Ficher) no CD "Presente". Dentre suas mais de 250 músicas gravadas estão "Vela no breu", regravada por vários artistas como Marcos Sacramento, Jards Macalé e Clara Sandroni. Entre seus vários intérpretes constam Nana Caymmi, Zizi Possi, Emílio Santiago, Ivan Lins, Leila Pinheiro, Selma Reis, MPB-4, Tim Maia e Simone Guimarães. Entre seus parceiros estão Luiz Melodia, Marcos Lima, Elton Medeiros e Sérgio Sampaio, sendo o único parceiro a ser gravado por ele, nas músicas "O teto da minha casa" e "Velho bode", esta última mais tarde regravada por Eduardo Dusek no CD "Balaio do Sampaio".


Fonte: Dicionário da MPB

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