Pianista, arranjador e compositor, Nelson Ayres teve contato com a música desde pequeno. A mãe era pianista e, logo aos cinco anos de idade, ele ganhou seu primeiro instrumento. Apesar da influência materna, o fascínio por Luiz Gonzaga não lhe deixou dúvidas. Queria um acordeon. Sete anos depois, entrou no conservatório e finalmente decidiu seguir os passos da mãe.
Trocou o acordeon pelo piano, mas não restringiu seus estudos à música erudita. Começou as aulas com Paul Ursbach em 1959 e se enveredou pelos caminhos do jazz brasileiro e da Bossa Nova. A decisão valeu a pena. Anos depois gravaria com músicos como Dizzy Gillespie e Benny Carter. No Brasil, tocou com Chico Buarque, Milton Nascimento, César Camargo Mariano, Dori e Nana Caymmi.
Formou a São Paulo Dixieland Band em 1962, com a qual gravou seu primeiro álbum. Os trabalhos na banda duraram até 1968, quando já tocava havia um ano com Os Três Morais.
Foi nessa época que Nelson Ayres começou a diversificar seu trabalho. Largou a faculdade de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas e entrou de cabeça no mundo da música. Recebeu prêmios pelos arranjos de jingles e trilhas sonoras de propagandas e foi diretor musical da peça “Chiclete com Banana”, de Augusto Boal.
Apostou na aventura de estudar na afamada Berklee School of Music, em Boston (EUA), e se tornou, junto com Victor Assis Brasil, o primeiro brasileiro a entrar na instituição. Fez um pouco de tudo para bancar o curso.
Começou acompanhando strip-teases em clubes do porto da cidade e tocou em diversos conjuntos de jazz e rock. Ainda em solo americano – a estadia durou dois anos e meio –, acompanhou Astrud Gilberto e participou das apresentações da banda de Airto Moreira. Gravou com The Platters, Ron Carter e Flora Purim. Outros convites vieram, inclusive para integrar a banda de Buddy Rich, mas a saudade do arroz com feijão o trouxe de volta ao Brasil.
Ao chegar em casa, organizou seminários de estudo para músicos profissionais, um encontro semanal para troca de informações sobre teoria musical e técnicas de orquestração e interpretação. Em um desses eventos, surgiu a proposta de criar uma orquestra que funcionasse como um laboratório para músicos.
As reuniões aconteciam na casa nortuna Opus 2000, na capital paulista, e deram origem à Banda de Nelson Ayres. A idéia pegou e os vinte músicos que participavam do projeto empolgaram o público por oito anos. A formação era bem interessante, com destaque para os metais: cinco saxofones, quatro trompetes e quatro trombones. Em 1979, o arranjador lançou seu primeiro álbum solo, ano em que também organizou o I Festival de Jazz de São Paulo.
Nelson Ayres voltou aos palcos internacionais com a Banda Pau Brasil, cujo nome foi inspirado no “Manifesto Antropófago”, de Oswald de Andrade. Enquanto os conjuntos instrumentais do país bebiam na fonte do jazz, a Banda Pau Brasil mergulhava na música brasileira. Antes de deixar o grupo, Ayres gravou três discos e participou de diversas turnês pela Europa e Japão.
Em 1985, a convite de César Camargo Mariano, participou do projeto Prisma. Com dois tecladistas à frente de uma grande parafernália eletrônica, essa foi uma das primeiras iniciativas com o gênero eletrônico no Brasil. Sete anos depois, o pianista assumiu a regência e a direção artística da Orquestra Jazz Sinfônica, função que ocupou por nove anos.
Fonte: http://www.ejazz.com.br/
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