Mais uma vez destaco o nome deste ícone da composição brasileira: Braguinha. Como já foi dito, o compositor teve destaque não apenas na música popular brasileira, mas também no cinema como diretor e autor de diversas trilhas sonoras. Com Alberto Ribeiro, escreveu argumentos e composições para trilha sonora de filmes como “Alô, Alô, Brasil” e “Estudantes” (cuja personagem principal foi interpretada por Carmem Miranda) e tantos outros como destaquei recentemente. Sem sombra de dúvidas, um dos seus maiores (se não o maior) sucesso foi "Carinhoso", samba-choro feito em parceria com Pixinguinha e que acabou por se tornar uma das composições mais gravadas da música popular brasileira com registro de nomes de peso do nosso cancioneiro a exemplo de Dalva de Oliveira, Isaura Garcia, Ângela Maria, Gilberto Alves, Elis Regina, Djavan e outros. No entanto, uma das mais belas versões trata-se da lançada por seu primeiro intérprete, Orlando Silva, em 1937 (No selo original do disco de Orlando Silva é identificado como samba). Para começar, originalmente "Carinhoso" surgiu como uma música instrumental: uma 'polca lenta' duas décadas antes de ganhar a belíssima letra escrita por Braguinha. Pixinguinha, então com 20 anos, a compôs em 1917. Eram comum naquele tempo, as músicas ter três partes e a polca apresentava apenas duas. Então, o tema foi deixado 'na gaveta' e só foi retomado mais de uma década depois, quando ganhou registro em disco pela Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, no lado B de um 78 rotações. Em 1929 fez-se nova versão orquestral com a Orquestra Victor Brasileira. Em 1935, o bandolinista Luperce Miranda também a gravou. Nestas duas ocasiões, saiu como "Carinhos".
Por conta de um espetáculo que a cantora Heloisa Helena iria participar, foi pedido a João de Barro, o Braguinha, que compusesse uma letra para a melodia, isso em 1936. Ele a fez de imediato e de tão bela que era a letra acabou chamando a atenção do público. Porém, o cantor Orlando Silva não gostou do texto e pediu a Pedro Caetano uma alternativa. Conta-se que Aracy Cortes também criou a sua. A RCA Victor ia gravar “Carinhoso”. Todavia, o diretor do selo decidiu pela letra de Braguinha e a ofereceu a Carlos Galhardo e Chico Alves, que não se entusiasmaram. Sobrou então para Orlando Silva, ainda em ascensão, cumprir a tarefa, que tinha como outro lado a valsa "Rosa", também de Pixinguinha em 1917, letrada por Otávio Souza. E foi um sucesso como se pode atestar com o passar dos anos. Outra canção de destaque do seu repertório é a marcha "Touradas em Madrid", canção com a qual Braguinha venceu um concurso carnavalesco em 1938. A música foi desclassificada, pois alegaram que seu ritmo pertencia a um ritmo estrangeiro. Anos mais tarde, em 1950, a canção foi cantada por cerca de 200 mil pessoas durante a partida contra a Espanha na Copa do Mundo de Futebol no Maracanã. Outro destaque da lavra do compositor carioca foi a resposta ao fox norte-americano surgido no Brasil,"Yes! We Have no Bananas" (Frank Silver e Irving Cohn). Em 1938, Braguinha compôs com Alberto Ribeiro a marcha "Yes, nós temos bananas", de grande êxito naquele Carnaval, na gravação de Almirante. O engraçado é o modo de compor deste artista que se destacou por belíssimas canções. Mesmo sem conhecimentos teóricos sobre música, desenvolveu um método bastante pessoal para compor suas canções: o assovio. Um método bastante diferente, mas que acabou tornando-o um dos mais destacados compositores do Brasil.
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