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domingo, 1 de janeiro de 2017

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

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Para dar por encerrada (pelo menos até agora) a abordagem acerca do nomes deste grande e saudoso nome de nossa música, não poderia de trazer para a coluna a sua mais notória parceria. Como dito, Guilherme teve uma enorme dificuldade para ter uma canção de sua autoria gravada. As adversidades foram tamanhas que o próprio acabou desistindo da carreira de autor e já se via conformado em seguir a sua função nas casas Edison. No entanto a sua sorte virou e o Augusto Calheiros acabou gravando um 78 RPM duas canções de sua autoria. Isso acabou o credenciando para estar ao lado de outros autores, o que por conseguinte, acabou levando-o a formar parcerias com nomes como Pedro Caetano, Valdemar Gomes, Renato Gaetani e Leduvi de Pina. Essas parcerias oportunizaram chegar aos ouvidos de outros tantos intérpretes, o  que acabou gerando para o autor a possibilidade de ter canções de sua lavra registrada por nomes como Trio Irakitan e o próprio Pedro Caetano. Neste período em que a sua carreira como compositor começa a deslanchar, Guilherme conhece aquele que viria a se tornar o seu parceiro mais importante em toda a sua carreira: Nelson Cavaquinho. Morando em Ramos, Guilherme ía para o trabalho de trem, e bem próximo à estação tinha um botequim chamado São Jorge. Um dia ao sair da estação Guilherme viu um aglomerado de gente lá no botequim, curioso, foi olhar e ao chegar por lá deparou-se com Nelson dando o show dele com o violão. Já nesse primeiro contato surgiu em Guilherme o desejo de compor alguma coisa com Nelson para tentar chegar ao topo do sucesso (uma vez que Nelson já possuía sucesso como autor de canções como, por exemplo, "Degraus da Vida".


De tanto acompanhar as suas apresentações ao final da tarde ao sair da estação, Guilherme aproximou-se de Nelson e acabou fazendo amizade com ele. Nesta aproximação perguntou à Nelson se ele poderia ouvir uma canção que havia começado a compor, um samba intitulado de "Garça". Ao tocar para Nelson, estava sendo firmada a primeira parceria deles, pois ele gostou e fez a segunda parte. Dado este pontapé inicial, foram feitas outras músicas em parceria. Sempre Guilherme fazendo a primeira parte e Nelson a segunda. A parceria estava dando tão certo que Nelson propôs uma exclusividade nas parcerias. Nenhum dos dois poderiam compor com mais ninguém. Os primeiros encontros para além do botequim São Jorge aconteceram no Cabaré dos Bandidos, um bar na rua Pedro I, perto da Praça Tiradentes, embaixo do Teatro Recreio. Quase sempre duro, quem pagava a cerveja do Nelson era Guilherme e regado pela breja a inspiração vinha mais fácil. Na mesa daquele bar surgiram inúmeras canções (muitas delas esquecidas ao longo dos anos). Dessa parceria nasceram canções como "Traço de união", "Depois da Vida", "A flor e o espinho", "A tua traição", "Consciência", "Justiça divina", "Erva daninha", "Folhas secas", "Minha honestidade vale ouro", "Pranto de poeta", "Tenha paciência", "Quando eu me chamar saudade"e mais dezenas e dezenas de canções em parceria que acabaram os colocando no rol dos grandes compositores de nossa música. Antes de terminar, vale o registro de uma situação inusitada. Quanto ao "contrato de exclusividade" estabelecido pela dupla, eles chegaram até levar até um tabelião para poder registrá-la em cartório, mas é claro que não houve êxito. Devido a este contexto Guilherme perdeu a oportunidade de compor, por exemplo, com Cartola, de quem se tornou muito amigo por intermédio do Nelson.

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