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domingo, 13 de novembro de 2016

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

Por Bruno Negromonte



Dando uma pausa na abordagem dos grandes nomes de nossa música, hoje quero falar um pouquinho sobre o álbum “Atrás do porto tem uma cidade”, lançado originalmente por Rita Lee e sua banda de apoio tutti-frutti em 1974. Composto por dez faixas, o disco é o primeiro disco verdadeiramente solo de Rita Lee e vale o registro que também foi a primeira parceria da roqueira paulista com esta banda de apoio que a acompanharia ainda por mais quatro álbuns ("Fruto Proibido" (1975), "Entradas e Bandeiras" (1976), "Refestança" (1977) e "Babilônia" (1978)). “Atrás do porto tem uma cidade” foi lançado no ano seguinte à saída de Rita dos Mutantes, grupo que vinha projetando o seu nome em todo país desde a década anterior, por isso o álbum é considerado o primeiro projeto fonográfico da cantora verdadeiramente solo (pois os lançamentos anteriores "Rilta Lee - Build Up" lançado em 1970, e "Hoje é o primeiro dia do resto de sua vida" , de 1972, aquela que viria a se tornar a Rainha do rock nacional ainda estava vinculada ao grupo que a projetou). Quanto ao disco vale o registro de que a sua a ficha técnica do disco foi toda escrita à mão por Rita, em forma de diário. Entre um crédito e outro, há mensagens como o agradecimento aos "baurets" (apelidos dados aos entorpecentes consumidos pela cantora, dentre os quais os cigarros de maconha), recados pessoais e verdadeiras crônicas do momento pelo qual passava. Em relação as faixas presentes, há boatos de que algumas letras teriam sido censuradas, mas nada que posteriormente tenha sido comprovado. Com sete faixas compostas exclusivamente por Rita Lee, o disco traz canções que mais tarde ganharia o gosto popular e entraria para o rol de músicas prediletas do público da roqueira como é o caso das faixas "Ando jururu" e "Mamãe natureza", que viriam ganhar também registro ao vivo quatro décadas depois, no álbum "Rita Lee  MTV Ao Vivo", álbum gravado no Hotel Unique em São Paulo, nos dias 26 e 27 de Agosto de 2004 e lançado em CD e DVD. Esse projeto foi baseado nos concertos da turnê de Balacobaco que Rita vinha fazendo na época. 

Voltando ao “Atrás do porto tem uma cidade”, há comentários nos bastidores da MPB que na mesma época da gravação do disco, Rita começou a perceber que os interesses do presidente da Philips, André Midani, ía muito além do campo profissional (fato que não a impediu de corresponder e assim dar início a um affair que, segundo as más línguas, Rita levou adiante um pouco por querer se vingar de Arnaldo (que não gostava de André), um pouco por querer ver seu disco bem trabalhado. Vale o registro que na época em que gravou o álbum “Atrás do porto tem uma cidade”, Lee chegou a iniciar as gravações de um segundo disco que seria a primeira produção assinada por Liminha, não foi lançado por causa da rescisão de contrato com a gravadora. Um disco que permanece sem um lançamento oficial por conta de entraves burocráticos como o que ocorreu nos anos de 1990 com o produtor musical Marcelo Fróes, que ao tentar lançá-lo em CD esbarrou em problemas com um dos músicos do Tutti Frutti, que registrou o nome da banda e exigiu receber royalties. Sim! Quase passava desapercebida a apresentação dos músicos que fizeram parte deste disco sob direção artística de Marco Mazolla: Lúcia Turnbull (voz, guitarra, violão de 12 cordas e palmas), Luis Cláudio (jazz guitar), Mamão (bateria), Juarez (saxofone tenor), Paulinho (bateria), Luis Sérgio Carlini (guitarra, guitarra havaiana) e Lee Marcucci (baixo).

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