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domingo, 16 de outubro de 2016

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB


Se existe um artista que foi perseguido com afinco pelo Regime Militar instaurado no Brasil a partir dos anos de 1960, este foi Taiguara. Os grandes canais de comunicação geralmente ressaltam a perseguição sofrida por nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Geraldo Vandré, esquecendo de dizer que Taiguara teve ao longo dos anos de chumbo um total de 68 canções vetadas durante a ditadura. A história de Taiguara Chalar da Silva, ou simplesmente Taiguara, começou fora do Brasil, quando seu pai, Ubirajara Correa da Silva, músico profissional, ao mudar-se para Montevidéu para fugir das dificuldades financeiras vividas no Brasil, conhece a cantora Olga Chalar, com quem vem a se casar pouco tempo depois e juntos tem dois filhos: Araguari Chalar da Silva e Taiguara Chalar da Silva. Cerca de quatro anos após o nascimento de Taiguara seus pais resolvem voltar mudarem-se para o Brasil e escolhem a então capital federal para começarem a vida no Brasil. Já no Brasil, seus primeiros ídolos foram aqueles que ocupavam as paradas de sucesso dos anos de 1950, nomes como Maysa, Doris Monteiro, Tito Madi, Luís Vieira (inclusive deste último chegou a gravar Prelúdio no 2 (conhecida também por "Paz do meu amor"); e neste profícuo campo cultural, Taiguara deitou e rolou, desenvolvendo o seu talento a partir do incentivo do pai ao longo de toda a infância e adolescência. Dono de um talento nato e com uma propensão natural para a música, Taiguara ainda tentou fugir do seu destino musical ao entrar para o Instituto Mackenzie, uma das mais respeitáveis escolas superiores de São Paulo, para estudar Direito. Tudo em vão. Sua relação com a música era algo que ele não podia protelar como o mesmo pode perceber anos depois.

Pouco tempo depois, ao perceber que a música era algo inevitável em sua trajetória, Taiguara rendeu-se ao caminho artístico e deu início a carreira em um dos pontos de encontro dos artistas na década de 1960 (situado pertinho do Mackenzie). Era o João Sebastião Bar, espaço frequentado por nomes como Vinícius de Moraes (quando tinha por volta dos 13 anos no Rio de Janeiro), Airto Moreira, Claudete Soares, Geraldo Vandré, Chico Buarque entre outros nomes. Lá no Sebastião Bar, permaneceu por cerca de um ano, e foi quando de fato tomou gosto pela música e, tendo como "padrinhos" Chico e Claudete, resolveu seguir carreira artística. Ainda na primeira metade da década de 1960 tem a oportunidade de participar do seu primeiro espetáculo voltado para um grande público. Realizado em 16 de novembro de 1964, Mens Sana In Corpore Samba trazia em seu elenco nomes como Toquinho, Solano Ribeiro, Chico Buarque, Silvia Telles, Oscar Castro Neves e Roberto Menescal. Nada mal para quem estava começando uma promissora carreira. A partir daí não era mais possível represar o talento existente no jovem Taiguara e não houve como escapar da carreira artística. Seu primeiro LP foi gravado nesta época e traz uma curiosidade acerca de sua gravação. Segundo, o músico Ubirajara Correa da Silva, pai de Taiguara, foi na gravação de "Taiguara!" que, pela primeira vez, uma gravadora colocou num estúdio uma orquestra inteira, com mais de 60 músicos. A respeito deste fato, Taiguara chegou a comentar em entrevista ao Luís Carlos Sá: Eu queria me provar que era um grande artista. Então gravei um disco com trinta figuras, mil cordas, trompas soando”. No entanto, mesmo com esta super produção o disco não chegou a acontecer.

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