A única coisa que rivalizava com a alegria e irreverência dos bordéis no Recife era o Teatro Marrocos, na Praça da República. Os homens abarrotavam a bilheteria. Os adolescentes esperavam ansiosos para completar os dezoito anos, necessários para entrar naquela casa de espetáculos, onde vedetes com biquínis e generosos decotes, dançavam e mostravam seus dotes físicos, era o já famoso Teatro de Rebolado. Imaginem, aquelas dançarinas, hoje, seriam consideradas ingênuas freirinhas, diante de qualquer jovem de “boa família” tomando banho nas águas mornas da Praia da Boa Viagem. Piadas picantes, “stripteese”, muito mal exibiam os seios, nada comparado ao que se vê nas novelas Globais das sete horas da noite. Músicas de duplo sentido, hoje parecem brincadeiras de criança diante das que ouvimos nas rádios locais, nos dias de hoje.
O Teatro de Rebolado é reconhecido como uma manifestação artística e cultural legítima, o seu fundador Barreto Junior, artista de teatro e cinema no início do século passado, pioneiro do teatro itinerante e das chanchadas das quais era considerado o Rei. Barreto Junior, de saudosa memória, dá nome a um dos teatros do Recife, localizado na Praia do Pina.
No local onde funcionou o Teatro Marrocos entre 1958 e 1970, pois, antes já existia na Avenida Dantas Barreto, foi erguida uma agência da Caixa Econômica denominada de Agência Teatro Marrocos para que fique na lembrança dos Recifenses as alegres e divertidas noites ali passadas. As homenagens feitas ao Marrocos e ao seu fundador são justíssimas, haja vista que fizeram parte da história do Recife e de seus habitantes. Alguns dias atrás, na Câmara Municipal do Recife, concederam o título de cidadania aos representantes da Banda Calypso, a troco de que, até agora me pergunto.
O Teatro Marrocos, era o primo pobre dos teatros da capital, construção de madeira, com aproximadamente quatrocentos lugares, por ironia ficava ao lado do majestoso Santa Isabel, cujos frequentadores, quando acompanhados de suas respectivas famílias, torciam o pescoço para os cartazes do Teatro de Revistas. No dia seguinte, estes mesmos senhores, compravam bilhetes na primeira fila, ou a do gargarejo, como ficou conhecida.
Ao estudante que ali deixavam toda a sua mesada, só restava sonhar com as belas pernas das vedetes e seus rebolados. No meu caso, com os trocados restantes, pegava o ônibus elétrico na Avenida Conde da Boa Vista com destino Torre – Madalena, feliz da vida, cantarolando… Chiquita bacana lá da Martinica se veste com uma casca de banana nanica.
Chiquita Bacana – Canta Emilinha Borba
Composição – Braguinha e Alberto Ribeiro
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