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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

REPPOLHO, 60 ANOS

Grande percussionista, o músico completa este ano seis décadas de vida



Multi-instrumentista (percussionista), compositor, produtor, pesquisador, arranjador e cantor. O pseudônimo "Reppolho", lhe foi dado, ainda na infância, por seu Everaldo, amigo de seu pai, pela simples razão de ser um garotinho bem gordinho, redondinho, mais parecido com um repolhinho. Nasceu no bairro de Água Fria, comunidade de grande concentração de terreiros de Xangô (candomblé pernambucano de ascendência comum, jeje-nagô, aos da Bahia e do Rio de Janeiro), terreiro no qual a mãe, Maria Isabel dos Santos - descendente de escravo e filha-de-santo, frequentava. Aos dez anos, em 1966, tinha a mania de batucar nos pratos usando colheres e garfos, tentando descobrir ou tocar algum ritmo. Poucos anos depois já fazia seus próprios brinquedos musicais, instrumentos construídos com latas de manteiga, borracha de câmara de ar de pneus velhos do caminhão que o pai trabalhava, usados como pele para os tambores. Esses instrumentos - rudimentares - eram usados nas Troças (espécie de bloco de sujos recifense) que organizava e desfilava pela rua onde morava com os pais, irmãos e a avó materna. Estudou o primário no Colégio Externato Misto Santo Antônio e depois o ginásio no Colégio Técnico Professor Agamenon Magalhães, onde se formou em Artes Gráficas, na função de Tipógrafo. Em 2011 lançou, pela GJS Editora, o "Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão" no Centro Cultural Justiça Federal, no Rio de Janeiro. O livro contou com prefácio de Ricardo Cravo Albin, do qual destacamos o seguinte trecho: "Este Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão é uma realização importante de pesquisa e representa uma singular tentativa de agregar, convergir, somar-se a poucos outros trabalhos congêneres, como o catálogo da exposição de 1997 de São Paulo, Brasil, Sons e Instrumentos, com curadoria de Alberto T. Ikeda, ou como os instrumentos afro-brasileiros cuidadosamente alinhados nos livros de Iracy Carisse, cuja trajetória acompanho de perto há décadas. O que mais me estimula a lhes recomendar este trabalho é precisamente por causa do seu autor, o percussionista Reppolho. E por quê? Por todas as razões, insufladas pela paixão e tenacidade dele. Repolho é, dentre os músicos brasileiros, um dos maiores representantes na percussão, possivelmente o item mais rico de nossa MPB, miscigênica e orgiasticamente temperada com vigor pelo ritmo. Mas o que cabe considerar aqui - e o faço em reverência e respeito ao Reppolho - é justamente o fato de ele ter adentrado na pesquisa em busca de informações, com o propósito de aprofundar na curiosidade, e de sistematizar as definições acadêmicas". O livro contou com apresentação de Jorge Mautner e primeira orelha de Moraes Moreira, da qual destacamos o trecho: "Lembro-me bem de tê-lo visto logo que desembarcou de Pernambuco. Na sua cabeça todos os sons, todos os sonhos. Não demorou muito e já exibia uma embrionária figura performática que foi se revelando, se desenvolvendo com o tempo. Trazia a carga emocional de quem viveu nos terreiros, abalava as catedrais, juntando em seu baticum tradição e modernidade. Com outros nomes fortaleceu as bases da escola de Percussão Brasil, que o mundo tanto admira". Da segunda orelha, de Fred Góes, destacamos o seguinte trecho: "Na língua portuguesa falada no Brasil, usamos popularmente a expressão 'dar um toque', sempre que recebemos uma dica, um conselho, uma informação de caráter positivo. É exatamente isso o que Reppolho faz neste incrível 'Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão'. O trabalho é resultado de pesquisa cuidadosa com paixão profunda por seu ofício. Artista de repercussão internacional, Reppolho, há anos, coleciona, estuda tanto os ritmos quanto os instrumentos percussivos. Desde menino viu e aprendeu a se comunicar com as divindades por meio dos toques, das batidas, nos terreiros, nas festas populares de sua Recife natal". O livro também contou com estudo biográfico e artístico do autor pelo pesquisador Euclides Amaral, além de depoimentos sobre a carreira do músico feitos por Alceu Valença, Moraes Moreira, Paulo Moura, Pepeu Gomes e Raphael Rabelo. No ano de 2013 fez o lançamento da segunda edição do "Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão" na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Em 2015 participou do "Projeto Roda de Conversa Percussiva", na cidade de Aracaju (SE). Convidado pelo percussionista Pedro Mendonça e Antonio Passos fez o lançamento da segunda edição do "Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão", no Museu da Gente Sergipana



Fonte: Dicionário da MPB

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